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    Watchmen 1x05: A vida, as mentiras e os reflexos de Looking Glass

    Respostas concretas em um olhar introspectivo no episódio que ultrapassa a metade da temporada.

    Atenção! Contém SPOILERS do episódio 5 da 1ª temporada de Watchmen, “Little Fear of Lightning”

    Aquele em que Looking Glass de repente se torna o seu personagem favorito.

    Oficialmente ultrapassando 50% da temporada, que conta com nove episódios, a quinta hora de Watchmen traz para a superfície pela primeira vez uma conexão direta com os eventos de 1985 retratados na HQ de Dave Gibbons e Alan Moore. Estamos no estado de Nova York, mais precisamente em Nova Jersey, na noite do ataque supostamente alienígena, arquitetado por Ozymandias (Jeremy Irons) para impedir o fim da humanidade através das guerras e crises geopolíticas. Mas acompanhamos aqui um jovem garoto tímido, retraído e Testemunha de Jeová chamado Wade Tillman, que vê sua vida mudar para sempre após ser um dos poucos sobreviventes da traumática noite.

    Como seguir em frente com sua vida adulta depois de presenciar um atentado extraterrestre em uma das cidades mais importantes do globo? O que acontece quando, depois de três décadas com a sua vida inteira moldada a partir do desenrolar de uma única noite, você descobre que tudo não passou de uma grande farsa?

    HBO/Divulgação

    Esta é a pergunta que faz o impactante episódio escrito por Damon LindelofCarly Wray (Mad Men, The Leftovers, Westworld), completamente voltado para a história de Wade (Tim Blake Nelson) e para os reflexos (literais ou não) daquela noite em sua vida. Naquela noite, a sala dos espelhos foi o que salvou sua vida, e é exatamente por isso que, anos mais tarde, ele se transforma em Looking Glass — sua máscara é composta pelo mesmo material que o salvou na adolescência.

    Acima de tudo isso, o mais revelador sobre a identidade e a psicologia de Wade é como ele está sempre se escondendo — dentro da casa dos espelhos, por trás de uma máscara que não deixa parte alguma de seu rosto à mostra, atrás de um vidro espelhado enquanto analisa as supostas verdades e mentiras contadas por participantes de grupos de teste. É de longe o mais profundo episódio de Watchmen até aqui, sendo um que faz o caminho inverso daquele que episódios anteriores (mais precisamente o episódio 3, “She Was Killed by Space Junk”) tomaram. Ao invés de utilizar o todo — seja este todo a investigação da morte de Judd (Don Johnson), o mistério da Sétima Kavalaria ou qual mistério Will está escondendo — para chegar a algo mais pontual para o personagem, parte da origem de Wade para só então concluir o que está em curso.

    HBO/Divulgação

    É neste sentido que a plena convicção de Wade em sua capacidade de enxergar a verdade, mas invariada cegueira em só enxergar a verdade quando lhe convém o leva à sede da Sétima Kavalaria, à descoberta que não apenas Judd mas também o Senador Joe Keene (James Wolk) é parte da organização de ultradireita, e à revelação sobre o ataque alienígena não passar de uma criação de Adrian Veidt. É através desta mesma jornada pessoal de Wade que enxergamos o seu lado quando ele entrega Angela (Regina King) para Laurie Blake (Jean Smart), e que compreendemos irremediavelmente que por trás de toda a sua suposta bravura existe um trauma, e toda uma rede de mentiras que foi a responsável quase singular por tudo o que ele entendia (ou ainda entende) como verdade.

    Enquanto um produto que tanto define quanto é definido pelo meio e pela realidade em que está inserida, Watchmen é provavelmente a mensagem mais confusa que a televisão, como uma forma de arte, poderia transmitir em meio à onda de conservadorismo que toma conta do mundo atual. Suas multitudes estão inseridas não na forma como ela leva o espectador a questionar o significado da existência, mas o significado daquilo que molda a percepção de uma existência. Fatos históricos, verdades, mentiras, enlaces familiares e todos os demais à volta (sejam estes seres azuis que não obedecem as leis do espaço e do tempo ou não) contribuem para a formação individual, e o objeto de estudo e questionamento da série, talvez, seja qual o limite de cada incursão.

    Outras reflexões

    HBO/Divulgação

    Nosso mergulho semanal pelas aventuras sem sentido de Adrian Veidt nos mostram, nesta semana, que ele está em uma das luas de Júpiter, preso provavelmente em uma realidade virtual. O que tiramos de conclusão aqui é que ele está de fato sendo punido, e tenta pedir a ajuda (do Dr. Manhattan?) para salvá-lo de onde está.

     

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