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    Este filme de suspense mudou a história do cinema com apenas uma cena
    Lucas Leone
    Lucas Leone
    -Redator | Crítico
    Lucas só continua nesta dimensão porque Hogwarts ainda não aceita alunos brasileiros. Ele até tentou ir para Westeros ou o Condado, mas perdeu a hora do Expresso do Oriente. Hoje, pode ser visto escrevendo no Central Perk mais próximo.

    Clássico dos anos 50 serviu de inspiração para Tubarão, O Senhor dos Anéis e até mesmo Star Wars.

    Em 1958, dois anos antes de apresentar ao mundo PsicoseAlfred Hitchcock lançou o que se tornaria uma de suas obras-primas: Um Corpo que Cai (ou Vertigo, no original). Estrelado por James Stewart e Kim Novak, o suspense já liderou vários rankings de melhores filmes de todos os tempos e atualmente ocupa o primeiro lugar na prestigiosa lista da revista Sight and Sound. Ao fazer isso, Hitchcock até superou Cidadão Kane (1941), que deteve o título por 50 anos e agora caiu para a segunda posição.

    A influência de Vertigo pode ser encontrada em longas que vão desde o épico de ação de Tony Scott, Déjà Vu (2006), até o drama de época de Christian Petzold, Phoenix (2014). No entanto, um elemento em particular foi retomado repetidamente por cineastas posteriores a Hitchcock: o efeito de vertigem, também conhecido como dolly zoom ou travelling zoom.

    Trata-se, na verdade, de uma ilusão de ótica usada por Hitchcock para retratar cinematograficamente o medo de altura que acomete seu protagonista, o detetive particular Scottie. O recurso é aplicado logo no início do filme, quando o personagem cai do telhado durante uma perseguição, e também no final, quando ele sobe na torre do sino atrás de Madeleine.

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    Na prática, o efeito funciona da seguinte maneira: a câmera se aproxima ou se afasta do objeto principal enquanto o zoom age no sentido oposto. Ou seja, se for um movimento para frente, o zoom deve ir para trás (e vice-versa). Assim, o objeto permanece do mesmo tamanho no quadro, ao passo que o fundo aumenta ou diminui, gerando uma distorção na percepção visual do espectador.

    Dependendo de como o dolly zoom é empregado, surge a impressão de que a sala está sendo comprimida ou esticada. Irmin Roberts, que trabalhou em Vertigo como cinegrafista da segunda unidade, leva o crédito pela invenção do efeito, que mais tarde foi escolhido, citado e reinterpretado por inúmeros diretores de renome.

    Um exemplo popular seria Tubarão (1975), em que Steven Spielberg se vale do efeito de vertigem para expressar o medo do ataque de tubarão na praia. Peter Jackson o utiliza em O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001) para decretar as forças do mal, especificamente ao encontrar o Espectro do Anel na floresta.

    Há também uma referência direta escondida em Star Wars: Os Últimos Jedi (2017). O diretor Rian Johnson introduz o efeito em uma cena em que Finn (John Boyega) e Rose (Kelly Marie Tran), tentando escapar, param pouco antes de um abismo. A câmera nos mostra as profundezas olhando para baixo, como se o detetive Scottie estivesse mais uma vez lutando contra seu medo de altura.

    Claro, o dolly zoom não é a única razão pela qual Vertigo fez história. O esquema de cores e filtros por si só transforma o filme em uma experiência emocionante. Ainda assim, o efeito de vertigem continua sendo a característica mais marcante do clássico de Hitchcock.

    Um Corpo que Cai
    Um Corpo que Cai
    Data de lançamento 21 de julho de 1958 | 2h 09min
    Criador(es): Alfred Hitchcock
    Com James Stewart, Kim Novak, Barbara Bel Geddes
    Imprensa
    5,0
    Usuários
    4,5
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