O Senhor dos Anéis: Por que este personagem dos livros só aparece no último filme?

A aranha Laracna foi apresentada por Tolkien em "As Duas Torres", mas na trilogia de Peter Jackson ganhou espaço apenas em O Retorno do Rei.

Apesar de seu imenso respeito pelos livros de J.R.R. Tolkien, a trilogia de O Senhor dos Anéis dirigida por Peter Jackson tem algumas diferenças importantes em relação à obra original. Algumas delas levantaram os cabelos dos fãs, como o aparecimento da aranha Laracna, a Grande. A sequência mítica ocorre na metade de O Retorno do Rei (2003), enquanto na saga literária acontece no final de As Duas Torres (2002).

Uma mudança que, na época, não deixou de decepcionar os leitores mais fervorosos, que estavam convencidos de que veriam o monstro pousar muito antes. No entanto, como o próprio diretor explicou no comentário em áudio dos filmes, esse atraso foi necessário para harmonizar o ritmo das produções e, em particular, as duas jornadas paralelas que se desenrolam na telona – a de Frodo (Elijah Wood), Sam (Sean Astin) e Gollum (Andy Serkis), por um lado; e a do resto da Sociedade, por outro.

Enquanto em seus romances Tolkien decidiu contar os dois enredos um após o outro, sem entrelaça-los, tal opção era impensável na adaptação cinematográfica. Assim, se Laracna tivesse sido introduzida no fim do segundo longa-metragem, a missão de Frodo e Sam teria sido completamente desequilibrada na terceira parte, sobretudo em comparação com o percurso de Aragorn (Viggo Mortensen), Gandalf (Ian McKellen) e os demais.

“Se, vendo isso, alguns de vocês ainda pensam que Laracna deveria estar em As Duas Torres, observe o que acontece com Frodo e Sam daqui até o final, e imagine que só existe isso durante todo O Retorno do Rei”, disse o cineasta, referindo-se à sequência da aranha. “Pensando nisso, era impossível. Teríamos acabado com metade de O Retorno do Rei em As Duas Torres.”

Essa decisão, tomada muito cedo durante a produção do filme, não impediu que Jackson tratasse a sequência com o cuidado e o entusiasmo habituais. Inclusive, para gravar o trecho, ele precisou desafiar sua aracnofobia:

Queria que as telas fossem realistas. O tipo de pesadelo em que você tenta correr e se arrasta por um melaço do qual não consegue sair. Ele gruda em todos os lugares e impossibilita que você avance. Mas, no final, essa pequena sequência foi muito engraçada de filmar, especialmente quando você pode brincar com suas próprias ansiedades. Pessoalmente, tenho pavor de aranhas e odeio teias de aranha. Me diverti muito imaginando uma sequência que me assustava.