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    Festival de Cannes 2019: Bacurau estreia sem protestos

    Les Misérables, que não é mais uma versão musical, também entra na briga pela Palma de Ouro.

    Parece a antinotícia (e talvez seja), mas Bacurau, novo longa de Kleber Mendonça Filho, codirigido por Juliano Dornelles, fez sua estreia mundial na segunda noite do Festival de Cannes, nesta quarta-feira, sem registrar nenhum protesto na passagem da equipe pelo tapete vermelho da Croisette.

    A expectativa em torno da manifestação era resultante de um somatório da atual situação política do país - da qual o cineasta é abertamente crítico -, combinado com o precedente de Aquarius, que estreou em 2016 no mesmo festival, fazendo barulho contra o impeachment de Dilma Rousseff.

    Getty Images

    Entre os representantes do filme estavam os atores Bárbara Colen (Aquarius), o alemão Udo Kier (Pequena Grande Vida), Silvero Pereira (Serra Pelada), Karine Teles (Benzinho), além da produtora Emilie Lesclaux e dos diretores. Nome mais conhecido do (numeroso) elenco, Sônia Braga não pisou no tapete de Cannes desta vez.

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    A exibição mostrou que a história vai bem além da vaga sinopse que havia sido divulgada até então (“Pouco após a morte de Dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa”).

    Sem estragar a experiência do público, pode-se acrescentar que o filme se passa em um futuro não localizado, onde os habitantes da tal vila passam a ser ameaçados e encurralados não se sabe por quê, nem por quem (ok, vamos preservar o mistério).

    A crítica do AdoroCinema (completa aqui) aponta: “Bacurau está o tempo todo se transformando, apontando novos caminhos, rompendo com expectativas e ressignificando as imagens mostradas anteriormente. Ao espectador, cabe acompanhar a narrativa como quem tateia um caminho às escuras: aos poucos, sem certezas, aberto às inevitáveis surpresas que virão”.

    Divulgação

    Ainda nesta quarta-feira, foi exibido outro filme na disputa pela Palma de Ouro, Les Misérables. (Nem comece a cantar “I Dreamed a Dream”, porque não se trata aqui de mais uma versão do clássico musical). Baseado nos protestos de 2005 nos subúrbios de Paris, o longa conta a história de um jovem que se junta à brigada anti-crime mas logo se vê envolvido na tensão entre as diferentes gangues locais.

    “Ironicamente, o começo nos mostra uma possibilidade de comunhão, quando multidões assistem aos jogos da Copa do Mundo e vibram por uma França única, formada tanto por gauleses quanto por negros, magrebinos, filhos de imigrantes. Passado o idílio inicial, no entanto, o filme investe no que os franceses chamariam de ‘descida aos infernos’, ou seja, uma narrativa que se torna mais violenta e sanguinária a cada minuto”, destacou a crítica do AdoroCinema (aqui), que aprovou o filme.

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