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    Festival de Gramado 2016: O nostálgico Barata Ribeiro 716 e o potente Central marcam o último dia de exibições

    O drama de Domingos Oliveira, com Caio Blat e Sophie Charlotte, foi o último longa-metragem nacional em competição.

    No dia 2 de setembro, o 44º Festival de Cinema de Gramado apresentou os seus últimos filmes antes da cerimônia de premiação, prevista para a noite do dia 3. A mostra competitiva terminou com duas produções de boa qualidade, além de uma excelente obra gaúcha fora de competição.

    A juventude dos anos 1960

    Barata Ribeiro 716 é o novo filme de Domingos Oliveira, com um elenco de celebridades: Caio Blat, Sophie Charlotte, Lívia de Bueno, Sérgio Guizé, Daniel Dantas, Pedro Cardoso... A trama gira em torno de um grupo de jovens que se encontram em constantes festas num apartamento de luxo, situado no endereço do título. Enquanto se apaixonam e brigam no imóvel, o golpe militar está prestes a acontecer nas ruas.

    O filme se inspira em recursos estéticos da Nouvelle Vague e das vanguardas americanas, com liberdade narrativa e fotografia em preto e branco. O resultado é um filme divertido, cheio de energia, mas também caótico e irregular. 

    Leia a nossa crítica.

    Como funcionam as prisões

    Ironicamente, a melhor surpresa do dia se encontrou fora da mostra competitiva. Central, documentário de Tatiana Sager, faz uma análise contundente da crise do sistema carcerário brasileiro, usando o Presídio Central, no Rio Grande do Sul, como exemplo.

    O filme combina depoimentos com imagens captadas pelos próprios detentos, questionando as relações de poder, o descaso das autoridades e a impossibilidade de reinserção social dos presidiários. O resultado é tão impactante que desperta curiosidade sobre sua ausência na mostra competitiva oficial, na qual seria um fortíssimo candidato gaúcho aos prêmios principais.

    Leia a nossa crítica.

    Duplo road movie

    Sin Norte, filme chileno de Fernando Lavanderos, mostra o drama de Estéban (Koke Santa Ana), cuja namorada desaparece. Quando descobre que ela partiu numa viagem sem rumo pelo país, começa a segui-la. A história efetua portanto duas jornadas paralelas de autodescoberta e superação de um trauma.

    O resultado é competente, mas a construção dos personagens é desigual. As figuras encontradas pelo caminho são interessantes e traçam um retrato diverso do Chile, mas o próprio Estéban atravessa esses locais sem se desenvolver plenamente.

    Leia a nossa crítica.

    O trabalho e a família

    Os dois últimos curtas-metragens em competição divergem em estrutura: enquanto um deles aposta no formato clássico e narrativo, o outro questiona formatos através de uma história fragmentada.

    Deusa, de Bruna Callegari, narra linearmente a rotina da personagem-título, uma funcionária dos pedágios de autoestrada interpretada por Fernanda Chicolet. Entre o descaso dos patrões e seu desinteresse pela profissão, acaba encontrando uma válvula de escape na metáfora das baleias encalhadas na praia. A produção é excelente, embora a atuação central privilegie o tédio ao lirismo.

    Aqueles Anos em Dezembro, de Felipe Arrojo Poroger, já tinha se destacado no festival É Tudo Verdade. A obra mistura gravações familiares da infância do diretor, conversas com seu pai e avô e ilustrações poéticas sobre o primeiro encontro dos avós, ou seja, o germe responsável pelo surgimento de toda a família. A desconstrução da narrativa linear é interessante, embora tão fragmentada que não apresente cada figura familiar a contento. Mesmo assim, o tom confessional é comovente.

    Críticas dos filmes do Festival de Gramado 2016

    Aquarius

    Assistência DomiciliarBarata Ribeiro 716

    Campaña Antiargentina

    Carga SelladaCentral

    Desvios

    El Mate

    Elis

    Espejuelos Oscuros

    Guaraní

    Mammal

    O Roubo da Taça

    O Silêncio do CéuSin Norte

    Las Toninas Van al Este

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