
por Roberto Cunha, em Brasília
Mistério, efeitos especiais, humor, metáforas e cenas quentes foram os ingredientes da quinta noite do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Veja como foi!

Bom :) Exibido no Festival de Brasília de 1968, um título dirigido por Joaquim Pedro de Andrade (Macunaíma) acabou desaparecido por questões com os patrocinadores e a censura. Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova questionava as distorções daquela que foi projetada para ser a cidade modelo, revelando erros, como não pensar no entorno da metrópole e a consequente favelização. Quarenta e cinco anos depois, Plano B (DF), de Getsemane Silva, volta a tocar nesta ferida. Para isso, usa o filme (encontrado no MAM-RJ), entrevista realizadores, como o premiado diretor de fotografia Affonso Beato (Tudo Sobre Minha Mãe), e ainda protagonistas daquele momento: candangos e funcionários do governo, na época. O resultado é um documentário interessante, que faz você viajar no tempo, seja ao som da locução empostada (e vendedora) enaltecendo a cidade ou com as próprias imagens antigas, muitas vezes, em contraste com as atuais. Sem nada de inovador, é um filme simpático, que foi bem recebido pelo público e deixa a corrida pelos prêmios na categoria ainda mais acirrada. Bateu curiosidade, veja um trailer mais abaixo!

Bom :) Uma mulher (Simone Iliescu) está dividida entre o amor pelo namorado e a ardente paixão que sente pelo amante, um cara sem grana e violento, que tem ainda sob seus cuidados um menino praticante de delitos. O que o futuro reserva para eles? Sexo, pobreza, cidade, violência urbana e as relações humanas estão presentes no longa Riocorrente (SP), de Paulo Sacramento (Meu País). Fazendo uso efeitos especiais e diálogos questionadores, sobre a ditadura "do novo", por exemplo, o filme tem boa trilha, que dialoga com o roteiro, criando bons momentos de tensão. Seu maior pecado, talvez, foi exagerar nas simbologias. Destaque para a participação de Arnaldo Baptista cantando e tocando piano. Ao fim da sessão, recebeu muitos aplausos e parece estar na briga pelo Candango.

Bom :) Um coelho super bem sucedido e cheio de história para contar demonstra passar por um momento de extrema insatisfação com a vida que leva. Sua salvação temporária está nas memórias que ainda o fazem pensar se deve ou não se suicidar. Dirigido por Gabriel Garcia, o curta animado Ed. (RS) já foi premiado no Fantaspoa (Júri Popular) e seu impacto visual é indiscutível. Sua imagens de forte colorido são embaladas por boa trilha e referências cinematográficas, como Platoon e Os Impostores, entre outros. Ao fim da exibição, os aplausos vieram, mas não pareciam muito empolgados. Vai ver o pessoal queria um pouco mais de história. Será? Vai entender...

Bom :) Um senhor de idade, colecionador de publicações impressas tem um enorme acervo particular. Somente sobre o Paraná do século passado são cerca de sete mil livros e ele tem ainda mais de 10 mil revistas, entre elas, uma mega coleção (veja você) da Playboy. Essa revista, além de objeto (de desejo) do senhorzinho, é também responsável por um dos muitos momentos divertidos de A que deve a Honra da Ilustre Visita este Simples Marquês? (PR). Dirigido pela dupla Rafael Urban e Terence Keller, o curta tem uma carga dramática, mas ela é atenuada pelo espirituoso Max Conradt Jr., dono de tudo e também de um senso de humor interessante. Com seu jeito peculiar de interagir sozinho com a câmera estática em planos longos, o coroa dá um show, como se fosse um mestre de cerimônias ou o próprio astro de um stand up comedy. Foi super aplaudido.

Não colou :( Um papagaio foi enviado para Portugal por um índio brasileiro. Lá, o destinatário segue sem entender bem o porquê da oferenda, mas confessa que vai se apegando ao animal e pensando como seria o lugar de onde ele veio, enquanto o noticiário da TV fala dos inúmeros problemas da terrinha de Cabral. Dirigido por Felipe Bragança (A Alegria) e Helvécio Marins Jr. (Girimunho), Fernando que Ganhou um Pássaro do Mar (RJ) é um daqueles títulos com pegada de Cinema Novo, com muitas alegorias e poucas chances de ser plenamente entendido. Os aplausos vieram, mas perto de outros as chances parecem mínimas, salvo, uma vontade dos jurados de valorizar este tipo de obra.

Para maiores informações, visite o site Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O AdoroCinema viajou a convite da organização.
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