Esse filme injustiçado de Francis Ford Coppola foi lançado no mesmo ano que O Poderoso Chefão 2
Luiza Zauza
Luiza Zauza
Jornalista em formação dividida entre a paixão pelo cinema e pela música. Como coração é grande, cabe desde comédias românticas até documentários musicais. Sempre em busca de encaixar sua devoção por Jorge Ben Jor e John Carpenter em alguma conversa.

A Conversação é uma das grandes obras do cinema americano e da carreira de Francis Ford Coppola, mas ofuscado pela fama de O Poderoso Chefão.

Ao lado de Martin Scorsese, Peter Bogdanovich e uma série de cineastas hoje renomados, Francis Ford Coppola esteve na vanguarda de um dos movimentos mais inovadores do cinema estadunidense: a Nova Hollywood. Diante de uma crise no modelo produtivo clássico hollywoodiano, essa geração de jovens cineastas se inspirou nas propostas estéticas e narrativas do cinema europeu para renovar um sistema em decadência.

Mais rebeldes, críticos e independentes, os protagonistas desse movimento alçaram à centralidade a figura do diretor como um autor dono de sua obra ao invés dos estúdios. É nesse cenário ousado e experimental que Coppola criou alguns dos filmes mais celebrados da história do cinema americano. A sucessão de sucessos lançados pelo diretor na década de 70 é, talvez, uma das mais impressionantes da carreira de um cineasta.

Obra-prima atrás de obra-prima, o cineasta iniciou a década com a estreia de O Poderoso Chefão em 1971 e terminou com Apocalypse Now em 1979. Nesse intervalo, por sua vez, não apenas o extraordinário O Poderoso Chefão II chegou às telonas, mas um de seus longas mais subestimados e esquecidos também foi para os cinemas no mesmo ano da sequência de seu épico gângster.

Esta é a história de A Conversação

Paramount Pictures

Gravado entre as produções de O Poderoso Chefão e O Poderoso Chefão II, A Conversação foi ofuscado pelo sucesso estratosférico da trama da família Corleone, apesar de ter ganhado a Palma de Ouro em Cannes e ter sido indicado a três categorias do Oscar. O longa reúne um elenco de peso e um enredo instigante que mistura o suspense de uma história de vigilância e paranoia com o drama de um protagonista marcado por dilemas e dúvidas existenciais.

A Conversação acompanha Harry Caul (Gene Hackman), um expert em equipamentos de segurança e vigilância, conhecido nacionalmente por sua habilidade com escutas e grampos telefônicos. Um dia, Harry é contratado pelo diretor de uma grande empresa para escutar e vigiar as conversas de um casal. Esse trabalho aparentemente banal e rotineiro, porém, transforma-se num verdadeiro pesadelo para Caul que passa a acreditar que a dupla de amantes que está espionando pode ser morta.

"Foi muito humilhante": Essa atriz fez um teste com Francis Ford Coppola e saiu com lágrimas nos olhos

O filme de Coppola se concentra na obsessão do técnico de áudio com uma possível conspiração na qual agora é cúmplice. Apesar de sua pose séria e discreta, até um pouco distante das responsabilidades e implicações de seu ofício, Caul vive atormentado pela culpa e por uma crise de consciência por conta de um caso do passado que terminou com três pessoas mortas. Cada vez mais paranóico, então, o solitário homem começa a desconfiar que também está em perigo, ouvindo de novo e de novo as gravações suspeitas do casal.

Quase uma alegoria para o fazer cinematográfico, o thriller compila um extraordinário desenho de som com uma sequência de reviravoltas que deixa o espectador incerto e hesitante assim como seu protagonista. A Conversação é o único roteiro da década de 70 que Coppola escreveu sozinho, sem inspirações vindas de material externo ou literário. Um icônico filme com uma performance sem igual de Gene Hackman, acompanhado até de Harrison Ford em um de seus primeiros trabalhos.

A Conversação está disponível para compra e aluguel na Apple TV+.

facebook Tweet
Links relacionados