Após a queda de um avião na densa selva amazônica colombiana, quatro crianças indígenas se encontram perdidas e sozinhas em um dos ambientes mais implacáveis do planeta. Sem a possibilidade de comunicação com o mundo exterior, elas devem confiar em seus conhecimentos ancestrais para sobreviver à brutalidade da floresta, enfrentando perigos naturais, fome, e o medo constante. É assim que começa o documentário As Crianças Perdidas.
Enquanto lutam para permanecer vivas, uma missão de resgate sem precedentes é organizada pelo Exército Colombiano, contando com a ajuda de socorristas voluntários indígenas e o apoio incansável da família das crianças, que nunca perde a esperança. A operação, que dura mais de 40 dias, é marcada por uma série de desafios imprevistos, com a selva oferecendo resistência a cada passo.
Uma Família Perfeita: A verdadeira Kristine Barnett se revoltou contra filha adotiva e marido após lançamento de documentário sobre Natalia GraceA cada dia que passa, a luta pela sobrevivência se torna mais desesperadora, mas a força do espírito humano e o profundo conhecimento da floresta por parte das crianças se tornam essenciais para sua resistência. Dirigido pelo vencedor do Oscar Orlando von Einsiedel, e com a colaboração dos colombianos Jorge Durán e Lali Houghton, este documentário épico narra essa incrível jornada de resiliência e coragem.
Acompanhar os desdobramentos do acidente pegou parte do mundo aflito e apreensivo. Ainda mais comovidas ficaram as pessoas pensando na jornada destas crianças até que fossem encontradas. A partir do registro documental, pode-se entender o que houve nesse longo e inquietante período de buscas.
Como estas 4 crianças conseguiram sobreviver a 40 dias perdidas na floresta?

Lesly, Soleiny, Tien e Cristin foram os únicos sobreviventes do acidente de avião. Com idades entre 1 e 14 anos, os jovens passaram por um verdadeiro inferno não apenas pela tragédia, mas por mais de um mês em busca de ajuda em um dos ambientes mais inóspitos do mundo: a selva amazônica.
A garota mais velha, Lesly, deu relatos mais precisos sobre os desafiadores 40 dias que viveu na floresta. Ela assumiu a responsabilidade de cuidar dos mais novos, mesmo que tenha cogitado abandoná-los em um momento em que as coisas pareciam insustentáveis, conforme relata no documentário.
Sobrevivente da Chacina da Candelária, sua vida foi marcada por outro crime brutal - e esta história é retratada em um dos melhores documentários do cinema nacional"Fui embora, mas depois de 20 minutos me arrependi, e sabia que tinha que voltar. Sabia que tinha que protegê-los. Cristin e Tien quase morreram", contou ela, que passou todo o período com um ferimento na perna.
"Minha mãe me ensinou muito sobre as frutas que eu podia comer na selva, como a milpesos. Fiz uma vara de pescar. Pegamos alguns peixes. Comemos cru. Tinha um gosto horrível", relembra a garota. Em seu relato, ela compartilha que, além de ter muito sangue à sua volta quando acordou, ela também parece ter presenciado o último suspiro da própria mãe.

Lesly afirma que tentou fazer as crianças dormirem todos os dias, mesmo que não conseguissem, e parece ter chegado a um momento em que sofreu com alucinações devido à desnutrição. Após serem encontradas, o caso foi tratado pela mídia como um verdadeiro milagre, mas Alex Rufino, indígena ticuna especialista em cuidados da selva acrescenta sua visão em entrevista à BBC News Mundo:
As crianças estavam em seu ambiente, sob os cuidados da selva e da sabedoria de anos de povos indígenas em contato com a natureza
Um ano após o ocorrido, o Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF) fez um comunicado afirmando que os jovens estão bem. "Os irmãos não foram separados em nenhum momento (...); estão estudando e aproveitando a vida que meninos e meninas deveriam ter nessa idade", afirma o conteúdo, que também adiciona que eles têm se recuperado física e psicologicamente do ocorrido de maneira contínua.
As Crianças Perdidas está disponível no catálogo da Netflix.