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    Para maratonar em casa: Antes de Duna, diretor lançou dos filmes de ficção científica mais perturbadores dos últimos anos
    Evelyn Souza
    Evelyn Souza
    Conquistada pela cultura pop, Evelyn adora assistir e discursar sobre filmes teens, de todas as gerações, e aqueles que quase ninguém ouviu falar. Além de ser dorameira e tentar usar seu coreano ínfimo em todas as oportunidades.

    Jake Gyllenhaal vê duplicado em filme inusitado.

    A ficção científica, e em geral qualquer gênero que explore uma realidade paralela, é sempre um ótimo meio para investigar as questões mais profundas e complexas da existência e da humanidade. Nem sempre para chegar a conclusões claras, mas sempre para avaliar elementos que não nos rodeiam, mas que não levamos em conta até que seja tarde demais.

    Poucos conseguem trazer essa profundidade intelectual e até emocional para grandes filmes, mas Denis Villeneuve conseguiu se posicionar naquela liga de privilegiados que podem ter tudo. Duna, A Chegada e Blade Runner 2049 são seus esforços mais ambiciosos de escala, embora seu domínio do gênero já tenha sido apreciado em produções menores, como o fascinante O Homem Duplicado.

    O Homem Duplicado
    O Homem Duplicado
    Data de lançamento 19 de junho de 2014 | 1h 30min
    Criador(es): Denis Villeneuve
    Com Jake Gyllenhaal, Mélanie Laurent, Sarah Gadon
    Imprensa
    3,3
    Usuários
    3,5
    Adorocinema
    4,0

    Quem é você x quem sou eu

    Adaptando um romance de José Saramago sobre um homem duplicado (literalmente, O Homem Duplicado), o cineasta canadense oferece uma das mais inquietantes e perturbadoras obras de fantasia do cinema recente estrelado por Jake Gyllenhaal, que se encontrava num dos momentos mais doces da sua carreira. Esta joia pode ser vista por aluguel no Amazon Prime Video e na Apple TV.

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    Gyllenhaal interpreta um professor de história indefinido preso na monotonia da vida. Um dia, ele assiste a um filme e faz uma descoberta chocante: o ator do filme é fisicamente idêntico a ele. O professor começa a ficar obcecado com este acontecimento, vendo mais filmes deste intérprete, indagando sobre sua vida pessoal e considerando que é uma duplicata dele. No entanto, as diferenças entre os dois são notáveis, e o processo de aprofundamento dessa descoberta terá consequências importantes.

    Villeneuve desenvolve uma história das mais perturbadoras e misteriosas, inconfundivelmente baseada em ficção científica e questões ambíguas onde a interpretação do espectador prevaleceu sobre as explicações dos fatos. Alguns até falariam de um exercício típico do cinema de David Lynch, aprofundando assim ligações que levam ambos os autores a Duna, mas aqui fica um resíduo mais realista e menos onírico que se distancia bastante dessa essência.

    Meticuloso e impressionante

    Entertainment One

    Em vez disso, o canadense emprega elementos de escala muito reduzida, quase neo-noir, para tornar o tom e a intriga (mas não o mistério) mais perturbadores, além de enfatizar a sensação de realidade sufocante e um mundo onde o protagonista não pode deixar de se sentir devastado. Sua identidade começa a se distorcer, assim como sua percepção da realidade, dando assim os momentos visuais mais emocionantes de um filme primorosamente fotografado.

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    O diretor sabe usar a narrativa chocante e meticulosa que costuma ser classificada como fria. Mas o cinema de Villeneuve consegue ser muito incisivo e claro quando se trata de explorar uma psique torturada, onde a mente sofre e o indivíduo questiona seu lugar no universo. É algo presente em Duna, mas já explorado em O Homem Duplicado da forma mais estimulante e também chocante, com um daqueles finais que continua a despertar curiosidade e debate uma década após o seu lançamento.

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