As gentis notas de um afetuoso piano, tocado com um tipo de distanciamento, acumulam-se sobre um campo de girassóis mortos no inverno, árvores balançando ao vento em um dia iluminado e, em seguida, uma longa planície, estendendo-se até se perder de vista. Estas podem ser vistas como imagens prosaicas, quase triviais, mas não aos olhos de Vincent van Gogh (Willem Dafoe). Ele desbrava um matagal, escala um pequeno morro, joga terra sobre o rosto, corre pelos campos: mais do que nunca, está em contato com a realidade — em contato com Deus que está na natureza, e a natureza é beleza, nas palavras do artista. Mas então a música cessa, o frio retorna rasgando a melodia e o céu perde o resplendor.Marcado por cortes secos e abruptos em toda sua projeção, obra de uma montagem inquieta e ímpar, No Portal da Eternidade é uma cinebiografia ousada, que nunca se rende às convenções ou intenta adequar-
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