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    O Rei Leão
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    O Rei Leão

    Deslumbre técnico

    por Francisco Russo

    Em 1995, o pioneiro Toy Story chegou para popularizar de uma vez por todas a animação computadorizada. Ainda é cedo para afirmar que o mesmo acontecerá com a proposta fotorrealista deste novo O Rei Leão, mas desde já é possível afirmar que, assim como o longa dirigido por John Lasseter no século passado, o novo filme de Jon Favreau é, também, um divisor de águas.

    Vendido como um live-action sem humanos, o novo O Rei Leão bebe diretamente da animação clássica para surpreender pelo aspecto técnico. De uma exuberância visual impressionante, é incrível acompanhar tantos e variados animais recriados nos mínimos detalhes, de forma que o espectador não tenha a sensação de ver em cena uma nova animação, potencializada com o que há de mais moderno nos efeitos especiais. Por mais que tenha ensaiado tal proposta em Mogli - O Menino Lobo, Favreau aqui encara um desafio maior por não ter a presença humana como fio condutor da narrativa, precisando demonstrar as necessárias emoções decorrentes da história apenas através dos animais. Este, no fim das contas, é também seu calcanhar de Aquiles.

    Há no fotorrealismo uma limitação inerente não à tecnologia, mas à própria biologia: a impossibilidade de criar personagens tão expressivos, sob o risco de perder o princípio básico (e buscado) da veracidade. Sob a sombra constante da animação clássica, que contava com personagens extremamente carismáticos, tal comparação prejudica a nova versão não exatamente por ser inferior, por mais que seja, mas pela proposta diferente. Aqui, as emoções são trazidas através de sutilezas: um realçar de sobrancelha, um franzir de testa, um leve movimento de cabeça. Detalhes que, uma vez mais, impressionam pelo apuro técnico mas, inevitavelmente, trazem também uma certa frieza.

    Neste aspecto, é curioso notar como este novo filme dialoga, o tempo todo, com a animação clássica. Se a comparação lhe é prejudicial pelo aspecto da emoção e também ao charme intrínseco à animação 2D, em várias cenas a lembrança do original auxilia pela nostalgia. É como se o jogo já estivesse ganho, graças aos momentos tão conhecidos que vêm à memória de imediato - uma tática que tem sido explorada com habilidade pelos live-actions de animações clássicas da Disney, diga-se de passagem. Como não abrir um sorriso ao ouvir "Hakuna Matata", por exemplo? Ou antever o peso do que está para acontecer quando Simba se vê amedrontado em meio a um estouro de animais? Impossível.

    Também por isso, são mínimas as mudanças feitas neste filme em relação ao original, por mais que haja 29 minutos a mais. As mais relevantes são a existência de uma líder das hienas e a aparição do cajado de Rafiki, no mais o tempo extra é gasto em sequências visuais mais alongadas. Não por acaso, Favreau busca enquadramentos que a todo instante remetam à animação clássica, em busca do saudosismo dos fãs. A única surpresa de fato vem através da ótima brincadeira com "Be Our Guest", icônica canção de A Bela e a Fera.

    Outro ponto que precisa ser ressaltado é em relação ao elenco de vozes desta nova versão. Se a escolha de James Earl Jones como Mufasa de início espanta os fãs de Star Wars graças ao inconfundível vozeirão de Darth Vader, é também inegável o peso que o ator dá ao personagem. O garoto JD McCrary também se sai muito bem como o jovem Simba, enquanto John Oliver surpreende pelo inusitado sotaque britânico dado a Zazu. Quem também brilha intensamente é Seth Rogen como Pumba, associando seu estilo próprio ao tom bem-humorado do personagem. Já a dupla Donald GloverBeyoncé destoa dos demais: enquanto ele soa um tanto quanto exagerado em certos momentos, especialmente em suas cenas iniciais, a cantriz surge sem brilho, a não ser na boa versão de "Can You Feel the Love Tonight".

    Por mais que sua existência tenha muito a ver com o potencial mercadológico nas bilheterias, fato é que a nova versão de O Rei Leão traz algo novo ao cinema, não só pela estética mas também pela narrativa. É preciso, no entanto, saber situar cada filme: por mais que este não chegue perto da animação clássica, há nele uma beleza em torno das saídas encontradas ao buscar expressões nos animais, associada aos próprios movimentos deles, que torna este novo filme dirigido por Jon Favreau algo único. Ao menos por enquanto.

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    Comentários

    • Franklim c
      Não chega aos pés da animação, muito desnecessário isso.
    • Carla Gouvea
      Meu deus que dublagem horrível, Simba com voz fina que ridículo.
    • João Guilherme Martins
      eu gostei bastante do filme mas eu achei a dublagem horrível do Simba adulto e Nala adulta, isso pra mim foi o que mais me deixou agoniado. As expressões eu até me acostumei mas a dublagem de Ícaro Silva e IZA deixou a desejar.
    • Luciano Francisco
      Não entendo as críticas quanto à falta de expressões humanas quando a proposta é justamente trazer o realismo do reino animal, que não possui expressões faciais. Para min, o filme é um espetáculo: o enredo, música, cinematografia... Minha nota só não é 10 porque assisti dublado, e as vozes de Nala e principalmente Simba estão horríveis. Não entendo como podem fazer isso com o público. No geral, dou 9,5.
    • Diário d
      Amei o filme, se tiver algum ponto negativo, foi o Símba cantado Hakuna Matata e aquela cena bizarra do pelo do Símba, quem viu sabe do que eu estou falando, achei desnecessário. Fora isso foi um filme líndo e bem feito com ótimos efeitos, uma bela trilha sonóra, sem expressão, discordo havia muita expressão, não tanto quanto na primeira animação, mas o que esperar de algo bem realista? Mas isso não estraga em nada a obra, os animais tem sua forma de se expressar e eu vi isso muito bem.
    • Denis Gandour
      Sinceramente, a montagem sonora e espacial foram bem bonitas, entretanto a dramatização visual deixou bastante a desejar. Essa expressão acabou totalmente fundamentada nas vozes, o que prejudicou bastante o drama, deixando a maioria dos personagens aparentemente sem expressar emoções, provavelmente devido ao excesso de realismo mostrado nos protagonistas.
    • Rafael O.
      Vamos lá: O filme ficou mediano e esperava mais. Fotografia fantástica, mas faltou um pouco de expressão dos personagens. Na cena da debanda no desenho temos a face e orelhas do Simba mostrando o seu susto e situação de perigo. No atual ele só olha aquilo e seu rosto não demonstra quase nada. Outra coisa sinceramente, não revisaram a dublagem brasileira, a voz do Simba na transição de criança para adulto ficou tosca! Deu vergonha.... Já que simplesmente copiaram o filme de 1994, senti falta da dança da Ula (Timão e Pumba). Assisti no IMAX e não vi nenhuma grande diferença (só no preço do ingresso). No mais imagem sensacional e músicas muito bem orquestradas.
    • Rafael O.
      Hahahahaha isso mesmo ficou bizarro a transição. Tanto que no cinema que assiti, as pessoas ficaram sem reação completamente em silêncio......
    • Vitória Dagostini
      No meu ponto de vista, o novo filme cumpriu a sua missão de trazer aquela nostalgia com uma certa honra se posso assim dizer. Neste eles tinham o desafio de refazer as cenas com o mesmo carisma e humor do clássico, logo as expressões também são fundamentais, claramente eles sabiam disto desde o começo e por isso podemos ver refletido, o bom trabalho e a importância que eles deram neste aspecto. Um ponto negativo, acho que foi a dublagem que (mesmo já sabendo que não seriam os clássicos) deixou alguns momentos estranhos, como a transição do Simba de criança para adulto (na presença de Hakuna Matata) que destoou muito e ficou muito bizarro, mesmo assim, eu apreço o trabalho dos demais dubladores (que acho que deviam sim, ser mais valorizados) tanto que, adorei as vozes do Timão, Pumba e é claro do Mufasa que achei que ficaram ótimas e combinaram com seus respectivos personagens! Resumindo: amei o filme.
    • Juliana P
      O Rei Leão sempre foi meu desenho favorito da Disney e esse remake não deixou NADA a desejar pro original. A única coisa que achei que poderia melhorar foi a dublagem de alguns animais, mas a história é a mesma, a imagem está perfeita. Li muitas críticas falando a respeito dos animais não terem expressões, como pode não perceberem o que os animais estão sentindo com o olhar? A expressão exagerada é pra desenho, filme é outra coisa. Sem contar na mensagem belíssima que o filme passa.
    • Diário Gay do Diego
      O filme é maravilhoso, justamente por ser igual a animação... 🦁O problema é o super realismo (em excesso) que tirou a expressão dos animais, fazendo com q seja difícil de se conectar com eles.
    • Bruno [FM]
      INFELIZMENTE. Repetiria essa palavra várias vezes [...] Quando se trata de um clássico como esse, existe a preocupação de ser fiel ao original. E caso haja o acréscimo de algo novo, que seja em conformidade com a essência. Porém, ninguém espera ver o ÓBVIO, dentro do que poderia ser um live. Infelizmente esse O Rei Leão é uma experiência ctrl C + ctrl V que me fez acreditar que eles estavam apenas querendo apresentar ao mundo essa nova tecnologia. E a nostalgia que eu deveria sentir, foi confrontada pela falta de liberdade e ousadia. Coisa que o recente live action de Aladdin teve de sobra e com muita, mas muita sensatez.Filme dirigido de forma amordaçada. Apenas bem produzido por ser da Disney. E pelo amooor de Deus, só eu que com 10 minutos de filme já não AGUENTAVAAAA mais aquela trilha sonora inoportuna? O filme em si já contém várias canções e momentos musicais, mas insistiram em dar tonicidade pra praticamente TODAS as cenas (até em momentos de diálogo entre Simba e Mufasa que pediam o silêncio).O desafogo vem com as cenas de Timão e Pumba (mesmo não sendo mais tão engraçadinhos assim), e até o Rafiki perdeu o ar cômico que tinha com o Simba. Assisti em audio original (legendado) e a unica coisa que valeu o ingresso foi ouvir a voz da sra. Knowles cantando Spirit (único momento que caiu um cisco no olho). O 3D não está compensando nem pra cansar a vista, só pra pagarmos mais caro no ingresso mesmo. E se não gostei da versão legendada, nem sei se verei a dublada.Parabéns apenas para o ator que fez a voz do Scar. Que dentre tantos personagens apagados, foi o que mais se destacou (o sr. Vilão). Que inclusive apareceu em primeiro na lista quando os créditos subiram. Algo que por sinal, foi bem curioso. Minha vontade foi levantar no meio da sessão e dizer: Ok. Cancela tudo. E se der, faz de novo. E diria isso com um grande infelizmente no coração.
    • Marcos W.
      O desenho original é muito melhor, a única coisa interessante é a fotografia.
    • Marco Antonio Silva Da Costa J
      Eu disse isso sobre esse filme criar uma tendencia a lá Toy Story em algum comentário pelo site...
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