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    Logan Lucky - Roubo em Família
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Logan Lucky - Roubo em Família

    Em terreno conhecido

    por Francisco Russo

    Ganhar o Oscar é sempre uma imensa vitrine, que coloca holofotes imediatos nos projetos seguintes do vitorioso. No caso de Steven Soderbergh, a cobiçada estatueta dourada trouxe liberdade. Após a vitória por Traffic, o diretor variou de uma trilogia altamente pop calcada na fama de seu elenco, Onze Homens e um Segredo e suas sequências, a experimentos de narrativa cinematográfica, como Full Frontal e Bubble. A tentação de projetos mais ambiciosos (e prepotentes) o levou a Solaris, assim como não fechou as portas para propostas mais comerciais que tivesse algum ângulo em especial que o atraísse, como Magic Mike e Contágio. Isto fora trabalhos na TV, como no telefilme Minha Vida com Liberace e na série The Knick, e outros tantos como produtor e diretor de fotografia. Diante de tamanha diversidade, chega a ser surpreendente que Soderbergh tenha interrompido sua "aposentadoria precoce" justamente com um filme que, de certa forma, é uma repetição ao que já tenha feito.

    Isto porque Logan Lucky, a bem da verdade, é uma espécie de Onze Homens e Um Segredo sem tantos astros. A estrutura do plano mirabolante executado de forma minuciosa e surpreendente é a mesma, com a diferença que, desta vez, o foco está em losers tradicionais que, ainda por cima, possuem sob si uma "maldição". Assim são encarados os irmãos Logan, pela maré de azar que os acometeu ao longo da vida. Agora mentores de um elaborado crime, eles precisam contar com a ajuda de um especialista em explosivos, que está preso. Simples assim.

    Para contar esta história, Soderbergh deixou de lado a persona luminosa dos astros de Hollywood para compor personagens um tanto quanto inusitados. Assim é Daniel Craig com a voz mais aguda ao interpretar Joe Bang e Adam Driver, que perdeu um braço na Guerra do Iraque. Mesmo Channing Tatum surge mais inchado e mancando, bem longe do perfil atlético com o qual o público está acostumado. Tudo para compor o ambiente dos perdedores, também elemento essencial para que o plano em questão funcione.

    Apesar de trazer uma coletânea de personagens bem interessante, Logan Lucky possui problemas de ritmo que prejudicam bastante o envolvimento do espectador. Até há situações bastante engraçadas, como a brincadeira envolvendo Game of Thrones e a cutucada ácida na Red Bull, em relação ao investimento da marca no automobilismo, mas cada momento inspirado surge isolado dentro da trama como um todo, como se ela fosse aos solavancos. A cada ápice há um mar de tranquilidade, o que impede que se embarque de vez em história tão rocambolesca.

    Soderbergh, por sua vez, parece se divertir com algumas ousadias narrativas, especialmente a piada a la David Lynch envolvendo o homem-urso. Com um elenco coeso e competente, Logan Lucky segue a fórmula dos filmes de assalto na tentativa não só de entreter, mas também de iniciar uma nova franquia, como denuncia o desfecho. Até funciona, mas sem grande brilho.

    Filme visto no 19º Festival do Rio, em outubro de 2017.

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