Superman
Críticas AdoroCinema
3,5
Bom
Superman

David Corenswet é o novo Superman em filme que dá belo pontapé inicial para a DC de James Gunn

por Katiúscia Vianna

Às vezes nessa vida, é preciso parar e recomeçar. Foi isso que a DC Studios decidiu fazer, após o fracasso de seu confuso universo cinematográfico - que tinha desde cortes de diretor com 4 horas em preto e branco até atores “cancelados” por supostos crimes. Ou simplesmente pela falta de interesse de um público saturado de obras de heróis.

Porém, a nova fase da DC chamou a atenção ao contratar Peter Safran e, principalmente, James Gunn como os novos chefões do estúdio. E por que já não começar com o pé na porta? Pois a dupla chega com aquele que muitos alegam ser o maior (ou pelo menos o mais poderoso) herói de todos os tempos: Superman.

Qual é a história do novo Superman?

DC Studios

Sob direção de James Gunn, Superman é ambientado num mundo onde meta-humanos existem por séculos. Só que, nos últimos três anos, a humanidade conheceu um novo herói em Super-Homem. A verdadeira identidade do alienígena, como todos os espectadores já sabem, é Clark Kent (David Corenswet), um simples jornalista do Planeta Diário. Mas quando Superman decide impedir a invasão de Jarhanpur planejada pela Boravia, a fim de salvar vidas inocentes, começa-se um debate sobre as ações políticas do herói.

Aproveitando esse momento de confusão e fragilidade, aparece Lex Luthor (Nicholas Hoult), um bilionário do ramo tecnológico que pretende destruir Superman, não importa o que custe. Por outro lado, Clark está no início de seu relacionamento romântico com a sagaz Lois Lane (Rachel Brosnahan) e ainda precisa cuidar de Krypto, um poderoso cachorro hiperativo. Mas quando uma verdade devastadora é revelada, ninguém está preparado para o que vem a seguir… Nem mesmo o Super-Homem!

David Corenswet, Rachel Brosnahan e Nicholas Hoult brilham em Superman

Na realidade, são tantos os personagens de Superman que fica até difícil definir uma sinopse curta para o longa. Tem o pessoal do Planeta Diário, tem o bando do Lex, tem a família Kent, tem a Gangue da Justiça, tem uma galera da política, tem um bebê verde… Claramente, James Gunn já começa a plantar sementes para o novo universo cinematográfico, mas não se deixa prender por isso. O longa tem princípio, meio e fim - quem diria que algo tão básico seria tão difícil de encontrar hoje em dia? Apresenta algo novo, pois já sabemos a história de origem desses personagens, e não tem medo de arriscar em seu desenvolvimento. Isso dá certo por 100% do filme? Não. Porém, temos mais acertos do que erros.

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No topo dessa lista de personagens está o clássico trio Clark, Lois e Lex. E não dá para negar que são os destaques positivos nessa história. Gunn acertou em apostar na humanidade de Superman, como ele valoriza a vida acima de qualquer consequência política, mostrando como Clark ainda está aprendendo sobre sua missão a cada dia. E como ele leva seu legado a sério, mas ainda traz bondade e leveza em seus movimentos - algo esbanjado na simpatia de David Corenswet. Ele é daquele tipo de herói que deseja dar uma segunda chance para o vilão, mas, surpreendentemente, não é irritante.

Por sua vez, Lex é vingativo, esnobe e invejoso; mas é tão inteligente que tem consciência da origem de seus sentimentos negativos e não os nega: pelo contrário, abraça isso. Nicholas Hoult (que quase foi escalado como Superman, olha que curioso!) entrega monólogos poderosos como o grande vilão. Muitas vezes, ele está interagindo apenas com uma tela, já que Luthor atua diretamente do seu centro de operações, pois é sagaz o suficiente pra saber que ia perder no embate mano a mano. Isso poderia ser um grande desafio para Hoult, mas ele entrega esses momentos com maestria. Talvez seja a melhor versão do vilão que vemos em muito tempo.

Já Lois têm a chance de não ser a donzela em perigo, já que entra no jogo com sua inteligência e determinação. Mas, mesmo assim, o roteiro de Gunn permite a Brosnahan apresentar vulnerabilidade, algo que é complicado para a sua personagem, principalmente em sua relação com Clark. Isso sem falar na ótima química que ela carrega na parceria que promove com Corenswet. É um daqueles raros casos onde os namorados pensam de maneiras diferentes, mas conseguem funcionar como uma dupla, pois um complementa o outro.

Superman constrói um novo mundo da DC, mas com imperfeições

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Por um lado, se o roteiro de Gunn sabe focar em seus três personagens, têm tanta coisa acontecendo ao redor desse grupo que fica difícil definir o tom do longa. Certamente é bem mais leve que as obras quase depressivas de Snyder, porém carrega mais peso que o Arrowverse, apesar do estilo mais parecido com os clássicos de Christopher Reeve. Em seus momentos de drama e ficção científica, a história corre bem, mas a tentativa de inserir humor não encaixa completamente.

O que é curioso, considerando como Gunn é bom nesse aspecto, basta relembrar de Guardiões da Galáxia ou até mesmo O Esquadrão Suicida ou Pacificador na DC; que se sustentam bastante nesse tom. Já Superman? Eu não o descreveria como um filme engraçado, o que não é ruim. Somente quando ele tenta ser engraçado, aí perde uma parte da magia.

A maior parte da leveza fica por conta da construção dos personagens, não pelas situações - por exemplo, Superman não é um cara triste e atormentado por escolhas, mas fica irritado quando seu cachorro some. Isso é ser gente como a gente... Inclusive, eu diria que Krypto é o quarto protagonista dessa história, mas isso pode ser o meu lado apaixonado por cães que fala mais alto.

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Também ajudam as presenças da Gangue da Justiça, formada por Guy Gardner/Lanterna Verde (Nathan Fillion), Michael Holt/Senhor Incrível (Edi Gathegi) e Kendra Saunders/Mulher-Gavião (Isabela Merced); que atuam com estratégias e prioridades diferentes de Clark. Então, o contraste dos personagens é interessante, apesar de dois deles serem quase figurantes de luxo. Por sua vez, Senhor Incrível tem aquela que, particularmente, considero a luta mais criativa do filme. O que é dizer muito, pois esse Superman apanha e bate pra caramba aqui.

Vale a pena ver Superman?

Por outro lado, apesar de imperfeito, James Gunn encontra oportunidades nessa diversidade de personagens para surpreender os fãs de quadrinhos, que vão sair contentes do cinema. É um projeto feito de fã para fã. E dá pra sentir o carinho no projeto, seja no entrosamento do elenco ou na composição de um mundo que promete entregar ainda mais em seu futuro. É um bom pontapé inicial.

No final das contas, recebemos tudo aquilo que queremos de um filme do Superman. Um Clark Kent bondoso e poderoso? Temos. Lex Luthor sendo sádico? Temos. Lois Lane sendo a mais corajosa e malandra do rolê? Temos. Pancadaria, toques de sci-fi e inspiração para criancinhas vestidas de Superman por aí? Temos. E ainda ganhamos um cachorro voador. Ou seja, não dá pra sair decepcionado!

Ps: Você reparou que a Engenheira é vivida pela ISA TKM? Grande época para os jovens que cresceram nos anos 2000!

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