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    Crô - O Filme
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Crô - O Filme

    De volta e ainda divertido

    por Roberto Cunha

    Aproveitar sucessos da televisão e levar para o cinema já deixou de ser novidade há muito tempo. Esse filme não é o primeiro e nem será o último. Algumas questões sempre levantadas dizem respeito ao momento em que isso acontece, se na hora certa ou não, e se o objetivo é só pegar a onda e faturar nas bilheterias. Crô - O Filme chega com um relativo atraso, corre um risco de parecer datado para alguns, mas se o que interessa para o público é saber se vale a pena levantar do sofá de casa para encarar uma poltrona na sala escura, essa aventura do serviçal mais querido do Brasil tem potencial para ser um bafo!

    Depois de herdar uma fortuna de sua rainha do Nilo (a diva Tereza Cristina da novela Fina Estampa), Crô (Marcelo Serrado) não sabe mais o que fazer. Acumulando fracassos, um lado místico da biba o ajuda a (re)descobrir que seu destino é voltar a ser mordomo. Para isso, parte para um inusitado recrutamento e seleção, de patroas. É quando uma exploradora de imigrantes bolivianas (Carolina Ferraz), um pouco cafona, mas durona (do jeito que ele gosta) resolve que Crodoaldo Valério deveria ser o seu criado. Sem saber que estaria prestes a trabalhar para uma mulher metida na exploração de crianças e também no trabalho escravo, ele acaba se envolvendo num perigosa e inesperada aventura.

    Conhecedor do estilo de humor que o brasileiro gosta, leve, fácil de entender e com ritmo, o novelista Aguinaldo Silva usou sua experiência e fez um roteiro malando, no melhor dos sentidos. Bancou citações da ex-patroa, mas deixou de lado a novela, importando somente algumas "peças" do original, como o zóiudo Baltazar (Alexandre Nero) e a Miss Bonsai Marilda (Kátia Moraes). Feito isso, criou novos personagens, adaptou atores da obra anterior (Carlos Machado) em novos papéis, trouxe nomes conhecidos da música (Ivete Sangalo e Gaby Amarantos), e ofereceu ao público um filme leve, cujo único compromisso é divertir. Incomoda, porém, o merchandising agressivo de marcas de bebida a base da erva mate e de um canal da tv por assinatura. O raciocínio já não vale para a frase "pega o bilhete único e vai ser feliz", que dita de maneira mais inspirada passa batido. Será merchan também?

    Não há dúvida que muitos vão torcer o nariz para o longa dirigido por Bruno Barreto, por conta de um ou outro detalhe que poderiam ser melhor resolvidos, mas quando isso não compromete o resultado final, na boa, abafa. Até porque é quase certo que outros tantos vão curtir os diálogos divertidos, o efeito especial tosco, as sequências de ação, além do clima de suspense e aventura que toma conta da comédia. Entre as curiosidades, uma trilha que mistura poetinha ("A Tonga da Mironga do Kabuletê"), "El Condor Pasa" e Luiz Caldas ("Haja Amor"), citações de Amarcord, Gilda, e uma animação nos créditos finais, com direito a historinha própria e tudo. Falando em final, ele é feliz (#prontofalei), e vai realizar um sonho dos fãs do personagem. Mas como diria a Filha de Osíris, vai ter que assistir para saber, bebê. ;)

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    Comentários

    • Nym
      Com a retransmissão da novela em 2020, fiquei curiosa para conferir o filme. Tanto a novela quanto o filme ficaram datados. O filme usa muito do preconceito como humor e apesar de eu gostar um pouco da interação do Crô com o Baltazar e esperasse pela confissão dele, isso se deu de uma forma ruim. Ele não confessa diretamente seus sentimentos e continua tratando mal o Crô após isso, continua sendo um ''machão'' que provavelmente nunca vai se aceitar e que vai sempre tratar mal o amado. Entendo que em 2013 havia poucas discussões abertas sobre esses assuntos, mas ainda bem que não estamos mais lá.
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