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    American Pie - O Reencontro
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    American Pie - O Reencontro

    O tempo passa...

    por Francisco Russo

    As comédias adolescentes com forte apelo sexual não são uma novidade em Hollywood. Já nos anos 80, Porky's e A Vingança dos Nerds exploravam o mesmo universo que consagrou American Pie. Cada um retratando os costumes de sua época, é claro, mas ao mesmo tempo falando de um tema universal e atemporal: a ansiedade provocada pelo início da vida sexual. De certa forma, as confusões de Jim e seus amigos eram um espelho – exagerado, é claro – do que acontecia com muitas pessoas, o que justifica tamanho sucesso. American Pie - O Reencontro não foge ao tema, mas vai além por abordar também o inevitável amadurecimento dos personagens principais.

    A história começa exatos 13 anos após o filme inicial, quando a turma de 1999 se prepara para uma grande reunião. Jim (Jason Biggs) e Michelle (Alyson Hannigan) continuam casados e agora tem um filho, Evan. A nova situação como pais fez com que o lado sexual entre eles esfriasse, o que não significa que o tesão tenha diminuído. Kevin (Thomas Ian Nicholas) também se casou e agora é, segundo o próprio Jim, o perfeito dono de casa. Oz (Chris Klein) faz sucesso como apresentador de um programa esportivo na TV, mas sente que sua vida é mais baseada em aparências do que em sentimentos verdadeiros. Há ainda Finch (Eddie Kaye Thomas), que desapareceu sem dar notícias, e Stifler (Seann William Scott), que, apesar de estar à beira dos 30, mantém o jeito de adolescente tarado e sem limites que o notabilizou. Juntos, eles relembram os tempos da juventude e decidem curtir ao máximo o fim de semana. A grande questão é que eles não são mais os mesmos.

    A grande sacada do roteiro escrito pela dupla Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg, que também dirige o filme, é explorar características próprias dos principais personagens de forma a realocá-los no tempo, para que passem por situações inéditas. Ou seja, se por um lado Jim continua se metendo em trapalhadas constrangedoras, por outro precisa também lidar com a manutenção do casamento e a tentação representada por uma jovem vizinha. Stifler, por sua vez, precisa lidar com o fato de que não é mais o maioral da turma e vive sendo humilhado no trabalho. Todos, de alguma forma, levam uma vida mais complexa do que nos tempos da juventude e o filme consegue refletir isto através de questionamentos sobre os rumos que tomou – caso de Oz - e sobre como lidar com fantasmas amorosos do passado – Kevin é o exemplo. É claro que sem se aprofundar muito, mas sua simples presença já é um avanço para a série como um todo.

    Outro acerto do filme é o bom uso das diferenças entre a geração atual e a anterior, representada pelo elenco principal. Além do inevitável conflito, que resulta em uma piada escatológica no melhor estilo Stifler, há várias situações relacionadas a uma realidade que não mais existe, seja pela inexistência ou pouca popularidade de utensílios tão comuns na atualidade, como o celular. São momentos bastante divertidos que fazem a ligação entre o que o elenco principal era e o que é neste filme, ressaltando, mais uma vez, a inevitável passagem do tempo.

    American Pie – O Reencontro é um filme divertido que mantém o espírito original da série sem ser tão apelativo quanto os anteriores. É verdade que há uma desnecessária cena de nudez frontal, talvez influência do sucesso recente de Se Beber, Não Case!, mas é exceção diante do contexto geral. Bom filme, que atende tanto aos saudosistas da série quanto aos seus críticos, por elaborar melhor os personagens principais ao mesclar nostalgia com amadurecimento.

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