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    Os Donos da Noite
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Os Donos da Noite

    Uma história de família

    por Roberto Cunha

    É curioso chegar a esta conclusão, mas Os Donos da Noite é um filme família. No sentido mafioso e também no sentido mais tradicional, porque é acima de tudo uma história de amor. Amor de pai para filho e vice-versa. Mas não pense você que é xaropada. É também um filme que mostra a importância das escolhas em nossas vidas. Robert Duvall faz um chefe de polícia linha dura, pai de dois filhos com rumos diferentes na vida. Mark Wahlberg é um policial exemplar e Joaquin Phoenix é um exemplo de rebelde sem causa, usuário de drogas, gerente de um clube noturno de Nova York, em 1988. O local pertence a uma família russa, que o trata como um filho. Não chega a ser um primor de argumento, mas dá para fazer uma boa história.

    O longa explora essa relação de Bobby (Phoenix) com o submundo. Os mais exigentes, claro, vão se incomodar com algumas mancadas que poderiam ser evitadas. Está certo acentuar a diferença entre os irmãos, mas mostrar ele fumando maconha na porta de uma festa de policiais e, em seguida, conversando com a família é carregar na tinta. Mais ainda. Não dá para aceitar, por exemplo, o policial protagonista andar sozinho nas ruas depois de esculachar a bandidagem. O que dizer de um assassino errar um tiro a queima-roupa? Em outro momento, o experiente chefe de polícia (Duvall) discute um assunto confidencial na frente do criminoso. Beira o ridículo. É facilitar demais a vida dos vilões e do roteirista que, não por acaso, é o diretor James Gray, que já trabalhou com Wahlberg e Phoenix antes em Caminho sem Volta (2000). Dessa vez, porém, a dupla também ajudou na produção e apresentaram boa química em cena, apesar do primeiro soar repetitivo com seus trejeitos, caras e bocas. Mas eles estão bem como irmãos rivais que se admiram. Ainda no elenco, Eva Mendes continua no papel de sempre: mulher latina sensual.

    As seqüências de ação são boas. Não são muitas, mas de bom gosto. Destaque para a perseguição de carro, na chuva, onde o som externo foi praticamente subtraído para dar mais espaço para a respiração, diálogo, gritos e ainda "crescer" os tiros. Esse recurso de explorar o som foi usado em outros momentos, como a respiração ofegante de Phoenix. Impossível não lembrar do clássico O Expresso da Meia-Noite. A sequência de tiroteio foi bem feita e o vôo/queda de Phoenix pela janela bem realista. Destaque também para o interessante código do traficante ("cumprimentaremos sua mãe") para induzir seu subordinado ao suicídio. Enfim, o final poderia ser diferente. E a culpa é dos donos da película.

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