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    Rio2C 2018: Produtor musical de Glee fala sobre gravação de Don't Stop Believin' e talento vocal de Cory Monteith

    "Eu não achava que a série daria certo", confessou o compositor sueco Adam Anders.

    Fox Broadcasting Co.

    "Eu amo Glee, mas eu não faria isso de novo", comentou o produtor musical e compositor Adam Anders que fez parte da equipe da bem sucedida série da Fox originalmente exibida entre 2009 e 2015. "O bom de trabalhar em filmes é que você tem muito tempo. Se for uma animação são quatro anos. Em um filme com atores é um ano e meio. A TV não é assim", disse o produtor sueco ao comentar as funções do departamento musical em uma obra audiovisual durante um painel realizado na conferência Rio2C na manhã de quinta-feira (5), na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro.

    O músico sueco de fala rápida e bem humorada conversou com o público sobre o processo de criação e produção de trilhas sonoras para filmes e séries. Com quatro indicações ao Grammy no currículo, o produtor se especializou em trabalhos na música pop e já colaborou com artistas como Backstreet Boys, Jonas Brothers, Miley Cyrus e Selena Gomez. Na TV, já atuou como produtor musical em atrações como Grey's AnatomyAmerican Horror Story e Hannah Montana.

    Ao falar sobre o trabalho como compositor, produtor musical executivo e arranjador no popular seriado, Anders ressaltou o quão exaustivo foi o processo criativo na área musical da atração e o quão exigente era Ryan Murphy, criador da série.

    Bruno de Lima/R2

    "Quando eu comecei em Glee o plano era ter duas músicas por episódio. Eu disse 'Ok, posso cuidar disso'. Então a música na série ficou muito popular muito rápido. Depois disso o Ryan Murphy disse 'Eu quero oito músicas! Eu quero 12 músicas!", relatou. Anders contou que por conta dos prazos acirrados para se produzir para uma série que teve 121 episódios de 40 a 48 minutos lançados em seis anos precisou mandar o coprodutor musical Peer Åström, seu parceiro no departamento musical de Glee, de volta para a Suécia. "Trabalhamos em fusos horários diferentes. Então quando eu estava dormindo, ele estava trabalhando e vice versa. Foi uma completa insanidade."

    Além de produzir as músicas para a atração, Anders conta que um dos maiores desafios era saber se teria a autorização para incluir alguns covers no corte final dos episódios. O produtor conta que muitas vezes teve de trabalhar em versões de canções para o elenco de Glee sem ter o sinal verde do supervisor musical P.J. Bloom a respeito dos direitos de uso daquela música. Em casos negativos, todo o trabalho naquela canção seria perdido.

    Uma das canções mais icônicas da série, que serviu como cartão de visitas da atração quase não foi ao ar. "O único motivo para 'Don't Stop Believin'' estar no piloto de Glee foi que nós não conseguimos os direitos da canção que nós queríamos. Ninguém queria nos dar os direitos. Pensavam como eu: Eu não achava que a série daria certo. Os Estados Unidos não estavam preparados para um musical no horário nobre. Muitas editoras musicais diziam que isso era arriscado e não ia funcionar", relata.  "Nós queríamos 'Viva La Vida', do Coldplay, mas eles disseram não. Depois eles mudaram de ideia e nós tivemos uma música do Coldplay em Glee. Depois disso nós usamos Don't Stop Believin' e também disseram não. Então nós avisamos que iríamos rodar o piloto com a canção mesmo assim e mostrar o resultado para eles."

    De acordo com Anders, a banda Journey aprovou o uso e o novo arranjo da canção de rock oitentista que ganhou novo fôlego nas paradas de sucesso após ser reinterpretada pelas vozes do elenco da série.

    Depois de mostrar um clipe com a performance de "Don't Stop Believin'" no piloto de Glee, Anders comentou o fato de que as canções na série eram gravadas em estúdio previamente com os atores e depois dubladas pelo elenco diante das câmeras. O produtor, que se definiu como um "controlador" disse que assim sente que o material ficará perfeito. Anders alegou já ter se negado a trabalhar em musicais no qual o diretor tem a intenção de gravar as performances musicais dos atores ao vivo nas filmagens por conta dos riscos que isso traz para o departamento musical.

    20th Century Fox Television

    Ao assistir o trecho de "Don't Stop Believin'", Sanders contou que aquele registro trazia a primeira vez em que o ator Cory Monteith, falecido em 2013, cantou profissionalmente na vida. "Aquela gravação foi a primeira que ele fez. Uma mágica aconteceu. Ele apenas melhorou enquanto o show progredia. É digno de nota."

    Anders também contou que teve de retornar a "Don't Stop Believin'" novamente em Rock of Ages: O Filme, onde foi o produtor executivo musical e o compositor da trilha sonora original. Ele afirmou que Tom Cruise só aceitou atuar no musical caso cantasse todas as suas cenas. Difícil seria esperar algo diferente de um ator que faz questão de dispensar dublês mesmo nas cenas de ação mais complicadas. Anders disse que trabalhou na preparação vocal de Cruise por três meses na casa do ator e que o astro de Missão Impossível "é totalmente maníaco e trabalha mais duro do que qualquer pessoa".

    Warner Bros. Entertainment Inc.

    Ao voltar a falar sobre a relação com Ryan Murphy, Anders relatou um desentendimento entre os dois quando o produtor musical insistiu em usar uma versão de "We Are Young", da banda fun. em Glee. Para ele, o episódio ilustra como duas pessoas de personalidades fortes podem trabalhar juntas. "Eu adorava a música. Era tão bacana. Pensei numa abordagem para ela em Glee e mandei para o Ryan e ele odiou. Ele disse que era terrível. Minha resposta foi 'Obrigado, Ryan. Esta é uma das melhores coisas que já fizemos e eu vou continuar'. Ele ficou tão irritado e nem falava mais comigo."

    Depois que o oitavo episódio da terceira temporada da série com "We Are Young" foi exibido a canção foi um sucesso. A versão de Glee para a faixa ficou em primeiro lugar no iTunes nos Estados Unidos e vendeu ao menos 455 mil cópias digitais. O cover fez a versão original da banda fun. entrar de vez no radar do público e ganhar notoriedade no mainstream.

    Após o sucesso, Ryan reconheceu que a intuição de Anders estava correta para a série. "Ele me mandou um e-mail e perguntou 'Como você sabia?'. Eu respondi, 'É por isso que eu estou aqui'. Eu tenho que saber sobre música. Essa não é sua área. E isso nos ajudou a construir uma relação de confiança."

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