Uma das melhores séries dos últimos anos começa com um assassinato. Que não é uma premissa particularmente incomum, não faltam thrillers policiais na TV. No entanto, Mare of Easttown cativa desde o primeiro minuto. A série policial com a vencedora do Oscar Kate Winslet no papel principal pode ser vista na HBO Max e desenvolve uma trama em cenários belíssimos de forma irresistível.
A emissora estadounidense HBO (Game of Thrones, Watchmen) relembrou sua grande tradição e criou um drama que cativa com personagens envolventes e uma história emocionante. Ao contrário das produções apressadas que costumamos ver no streaming, é um deleite assistir à história se desenrolar em Mare of Easttown.
Em Mare of Easttown, todos escondem um segredo
No centro dos acontecimentos está a investigadora Mare Sheehan (Kate Winslet). Ela nos conduz pelas ruas da pequena cidade que dá nome ao título, que à primeira vista parece muito pacata, quase deserta. Mesmo que não haja neve, o inverno pode ser sentido em todos os ambientes. As pessoas estão se retirando para suas casas, mas não apenas devido ao calor. Todo mundo esconde segredos neste lugar. É então que o corpo de uma jovem é encontrado.
Às vezes, em Mare of Easttown parece que estamos entrando em uma releitura de Twin Peaks sem os elementos sobrenaturais. No entanto, há uma grande diferença: em contraste com Dale Cooper, que chega cercado de mistérios em Twin Peaks, como um estranho para resolver um assassinato, Já Mare está profundamente ancorada na vida social de Easttown .
A separação entre trabalho e vida privada é impossível. A certa altura, o jovem investigador Colin Zabel (Evan Peters) observa, com razão, em tom irritado, se existe mesmo uma pessoa na cidade que não conheça Mare . Seu trabalho diário fica mais complicado quando metade de seu círculo de amigos se encontra na sala de interrogatório.
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Uma história contada com cuidado
Em um dos maiores encantos desta série, que cresce em complexidade ao longo dos seus sete episódios, observamos Mare enquanto manobra pelas diferentes camadas de sua vida e como ela não consegue estabelecer limites claros. Mais cedo ou mais tarde tudo se encaixa, seja na sala ou na delegacia. Dramaturgicamente, é muito emocionante: quando essa mulher vai parar?
De maneira incansável ela se depara com desafios: Mare já perdeu a confiança da população por não ter conseguido resolver o desaparecimento de uma menina há um ano. Ela é divorciada e mora com a mãe (Jean Smart), a filha (Angourie Rice) e o neto (Izzy King). Seu filho (Cody Kostro) cometeu suicídio e a esposa dele (Sosie Bacon) é viciada em drogas.
A carga é muito grande para uma personagem tão traumatizada. Talvez até demais: Kate Winslet não consegue fumar seu cigarro eletrônico com frequência suficiente para suprimir a dor com a qual está lidando. No entanto, o criador da série, Brad Ingelsby, não está explorando o trauma de Mare. Em vez disso, ele tenta descobrir o que move a investigadora e as outras pessoas em Easttown por meio de uma história distorcida.
Revelações e reviravoltas não são, portanto, um fim em si mesmas, mas fazem parte do que está sendo contado. É certo que essas revelações costumam ser um choque. Pelo menos com a mesma frequência, no entanto, elas aparecem como as engrenagens cruciais que clicam para revelar a verdadeira extensão do intrincado caso criminal. Mare of Easttown está repleto daqueles grandes momentos que simultaneamente ampliam e intensificam o drama.
A série é contada com muito mais cuidado do que muitas das produções atuais da Netflix que parecem imaturas e presas em seu modo de binge watching em vez de evoluir com cuidado. Mare of Easttown, por outro lado, dá a impressão de que Ingelsby repassou seus roteiros várias vezes para extrair algo, mesmo das cenas mais discretas, que nos desse uma compreensão mais profunda dos residentes dessa pequena cidade.
Em Mare of Easttown nós redescobrimos Kate Winslet
O maior argumento a favor da série, no entanto, é claramente Kate Winslet e o sofrimento de sua heroína. Como policial, Mare é colocada em situações nas quais precisa questionar pessoas que conhece desde sempre e com quem também lida em particular. Um ato de equilíbrio que não fica cansativo mesmo depois de sete episódios e oferece a Winslet inúmeras oportunidades para provar suas habilidades.
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Você pode realmente ver a exaustão no rosto de Winslet, mas também o senso de dever e ambição que explode quando Mare percebe que não há como evitar um confronto constrangedor . Não menos impressionantes são os momentos em que ela obviamente não tem coragem de se envolver na próxima discussão - e também não esconde.
Winslet desenvolve uma mulher complexa que transcende fronteiras e une contradições. Sem as segundas chances que os outros lhe dão, Mare estaria perdida. E, entretanto, ela tem algo de incrível: em uma comunidade na qual ninguém ousa dizer a verdade para não levantar mais poeira, Mare ousa fazer exatamente isso, mesmo que doa.
Final de Mare of Easttown: tudo o que aconteceu na série da HBO que coroou Kate Winslet e deixou personagem esquecidoA HBO nos trouxe alguns dramas de prestígio nos últimos anos que foram apimentados com grandes estrelas de Hollywood. Big Little Lies é o melhor exemplo disso. Raramente, no entanto, uma atriz conhecida está tão ligada à série quanto Kate Winslet. Em Mare of Easttown ela é virtualmente invisível como uma estrela. É uma ótima maneira de redescobri-la como atriz.