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    Festival de Berlim 2015 começa com melodrama decepcionante estrelado por Juliette Binoche

    Entre o épico de aventura e o melodrama feminino, Nobody Wants the Night não empolgou a imprensa.

    Escolher o filme de abertura de um festival não é tarefa fácil. Os organizadores costumam procurar produções leves, acessíveis ao grande público, de preferência com grandes estrelas no elenco, para chamar a atenção dos fotógrafos no tapete vermelho. Na 65ª edição da Berlinale, o filme selecionado para esta tarefa foi o drama Nobody Wants the Night, de Isabel Coixet.

    Juliette Binoche interpreta Josephine Peary, uma mulher rica e obstinada, que decide se aventurar ao Polo Norte em busca de seu marido, um aventureiro. Todos desaconselham a viagem, pelos inúmeros perigos no caminho, mas ela é inflexível, e segue cada vez mais ao norte, suportando o gelo, o frio e a solidão. Quando muitos de seus comparsas morrem, Josephine torna-se amiga de Allaka (Rinko Kikuchi), uma esquimó.

    A produção começa em tom literário e novelesco, mas logo envereda mesmo pelo melodrama tradicional. Binoche cria uma personagem egoísta e antipática, até ser humanizada pelo contato com a amável e gentil esquimó... Esta é uma fábula moral cheia de boas vontades, e mereceria aplausos por colocar mulheres em posição de poder - se as duas personagens femininas não estivessem simplesmente esperando por um homem e declarando seu amor a ele o tempo inteiro.

    Com aspectos técnicos pouco empolgantes - uso limitado dos espaços, fotografia contrastada demais para cenários cobertos de neve -, além de diálogos explicativos e cenas um tanto absurdas - como a avalanche, a queda na água - Nobody Wants the Night não consegue cumprir a promessa estética e temática de sua premissa. A sessão de imprensa foi marcada por alguns risos discretos, em especial quando Josephine insiste em lembrar seu passado burguês à esquimó. No final, nenhuma palma interrompeu o silêncio glacial da sala lotada.

    A mostra competitiva começa em ritmo lento, mas amanhã três outros filmes em competição devem melhorar o ritmo do festival: o iraniano Taxi, o americano Queen of the Desert e o britânico 45 Years. Ainda hoje, nas mostras Panorama e Forum, serão exibidos dois filmes brasileiros: Sangue Azul e Beira-Mar.

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