Minha conta
    Alice Através do Espelho
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Alice Através do Espelho

    Uma aventura extravagante

    por Bruno Carmelo

    Em 2010, Alice no País das Maravilhas conquistou um grande sucesso de bilheteria, arrecadando mais de US$1 bilhão no mundo inteiro. A reação dos críticos e de parte do público, entretanto, não foi muito positiva: reclamou-se narrativa confusa e do excesso de efeitos especiais em detrimento dos sentimentos e do aspecto psicanalítico da obra original. Seis anos depois, o diretor Tim Burton não quis continuar no projeto, sendo substituído por um cineasta de estilo mais convencional: James Bobin, autor dos dois últimos Muppets.

    A roteirista, no entanto, permaneceu a mesma. Linda Woolverton, especialista em histórias de infâncias traumáticas, já obteve muito sucesso com O Rei Leão e A Bela e a Fera, mas demonstrou menor complexidade nas narrativas recentes de Malévola e do primeiro Alice. Através do Espelho, sem surpresa, tenta consertar a estrutura desconexa do original com a multiplicação de famílias desfeitas. Alice sofre um trauma pela perda do pai e pelas brigas com a mãe, o Chapeleiro Maluco foi rejeitado pelo pai e sofre risco de morte por causa dessa lembrança, a Rainha Branca e a Rainha Vermelha brigaram pelo último biscoito do prato quando crianças, e isso arruinou a vida de ambas.

    Como se pode perceber, as motivações no segundo filme são bastante fracas. O melhor conflito da trama – a dificuldade de Alice se inserir numa sociedade machista e retrógrada, que deseja confiná-la à função de assistente dos homens – é rapidamente substituído pelos valores universais do amor e da amizade. Tudo vale para levar a protagonista de volta ao País das Maravilhas, reencontrando o gato, o coelho, e conhecendo um novo vilão, Tempo, de quem rouba a máquina para retornar ao passado e corrigir os traumas de todos. As possibilidades narrativas de ter o Tempo como um personagem próprio são imensas, mas o roteiro não explora nenhuma delas a fundo.

    As incoerências relacionadas ao Tempo são flagrantes, enquanto Sacha Baron Cohen limita-se a combinar sotaques e tiques de suas personas anteriores, como Borat e Ali G. Anne Hathaway mantém a composição questionável da Rainha Branca meio etérea, com os braços sempre no ar. O resto de elenco se sai muito bem: Johnny Depp domina os trejeitos do Chapeleiro com destreza, Helena Bonham Carter é sempre excelente com diálogos, e Mia Wasikowska confere à personagem a mistura necessária de força e ternura. Apesar da competência do conjunto, não existe surpresa nas composições: os personagens evoluíram pouco desde Alice no País das Maravilhas.

    James Bobin, na direção, tenta imprimir à aventura ainda mais extravagância, mais espetáculo visual do que o estilo saturado de Tim Burton. O resultado possui todas as cores e efeitos sonoros que se espera de viagens no tempo, mundos fantásticos, castelos sombrios. Ao mesmo tempo, este é um imaginário pragmático e literal: o tempo é representado por relógios e ponteiros, os ajudantes são os segundos, que juntos formam os minutos, a máquina para voltar ao passado é literalmente uma geringonça mecânica com volantes e cordas para puxar. Bobin transforma Alice numa espécie de super-heroína retrô, lidando com traquitanas antigas e esferas mágicas como se fosse a única capaz de salvar o universo.

    Visto como adaptação literária, Alice Através do Espelho aproveita pouquíssimo da história de Lewis Carroll além da premissa básica da garota atravessando o espelho e redescobrindo o País das Maravilhas. A história foi feita sob medida para brilharem os elementos de maior popularidade no filme de 2010: o Chapeleiro excêntrico de Johnny Depp, as cores e fantasias do cenário. O humor é discreto, a originalidade não é exatamente o ponto forte da obra, a narrativa continua confusa, mas os sentimentos universais tomam conta de cada cena, na intenção de transformar o texto sombrio de Carroll numa aventura familiar e inofensiva, palatável a quase todos os gostos.

    Quer ver mais críticas?

    Comentários

    • Francisco Carneiro da Cunha
      Ontem assisti a GRITOS E SUSSURROS, obra-prima de Ingmar Bergman, e adorei. Hoje assisti a ALICE ATRAVÉS DO ESPELHO e gostei muito. Rom Ritz tem razão, Bruno Carmelo é o bobo alegre que todo mundo já conhece, mas, coitado, não precisava ter sido tão xingado e destratado da forma que Rom fez. Acho que Rom está com um sério problema pessoal que não quer confessar ao mundo...
    • Rom Ritz
      Esse imbecil do Bruno Carmelo deu 5 para It, a coisa, que não passa de um Goonies vs. Freddy.
    • Rom Ritz
      Bruno Carmelo é um imbecil que tinha um sonho de ser cineasta, mas não tem talento e essa descoberta, além de o remeter a palpiteiro de cinema, profissão de quem não entende nada (quem sabe faz, quem não sabe é comentarista), também o radicalizou, perdeu a sensatez, se é que um dia teve. Escreve por impulso, como muitos outros palpiteiros medíocres, especialmente em filmes de fantasia, que é onde essa turma juvenil se sente melhor, seja terror, ficção científica, super heróis, fantasia propriamente dita, etc. O grande interesse deles é dar uma nota chamativa ou que incomode, não a justa. Escrevem na emoção, logo após sair de uma sala de cinema, não pensam, não tiram um sono antes de escrever. Se um filme é bom mas se esperava algo melhor, toca uma nota zero, se um filme é ruim mas esperava algo pior, toca uma nota máxima, e o filme bom decepcionante ganha uma nota pior que o filme ruim que surpreendeu por não ser tão ruim. Os Brunos Carmelos são crianças mimadas que frustradas por não saberem fazer, buscam a profissão medíocre de palpiteiro. E nesta se deparam com outra triste realidade: são péssimos palpiteiros. Não se surpreendam com notas desse cara, todas as notas dele caem num extremo, é um retardado irracional, sem cultura e incapaz de uma análise digna que fuja de clichês.
    • Rom Ritz
      O que tem de cérebro de ostra escrevendo que o filme não tem pé nem cabeça... é isso ou eles mesmos não entenderam? Quem sabe largam o WhatsApp enquanto assistem a um filme, não conversam e prestam atenção? Difícil? Então, prezados analfabetos funcionais, ficará difícil entender qualquer filme. A história é bem simples, infantil. O que tem de gente medíocre transformando sua incapacidade de compreensão em incapacidade do filme em se fazer compreendido! Assumam suas incapacidades, uma vergonha achar este filme confuso, extravagante ou complexo: é um filme infantil e muito bom de conto de fadas.
    Back to Top