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    Star Trek: Discovery explora diversidade, reviravoltas e pioneirismo (Crítica da 1ª temporada)

    A primeira temporada da série estrelada por Sonequa Martin-Green de Jornada nas Estrelas faz jus ao lema da franquia.

    CBS

    Nota: 4,0 / 5,0

    Audaciosamente indo onde ninguém jamais esteve. Star Trek: Discovery entregou justamente o que o lema da pioneira franquia propõe: a primeira protagonista negra. A primeira personagem principal que é uma Primeiro Oficial (e não Capitã). O primeiro personagem LGBT da franquia. A primeira série da saga a matar seus Capitães sem dó nem piedade (só para posteriormente ganharem uma versão espelho de si mesmos).

    Realmente, os tempos mudaram. Fugindo do padrão Jornada nas Estrelas — um caso por semana, procedural, por vezes independente do restante da temporada — não mais adequado para o público atual, Discovery domina a capacidade de se reinventar sem perder a regularidade de sua temporada. Por vezes, parecem várias séries em uma só. Afinal, a cada bloco de episódios, os personagens mudam de cenário, de universo, e até têm que fingir assumir outras personalidades.

    Situada entre a série EnterpriseJornada nas Estrelas original, a produção da CBS aposta em doses de humor e drama, na representativade, nas novas tecnologias e em um roteiro original, repleto de reviravoltas. Isso permite que a história tenha muitas ramificações, cheias de dualidade: ciência e guerra, destruição e descoberta, transgressão e moralidade, universo espelho e até inimigos infiltrados. O que não faltam, também, são referências às demais séries da franquia, como naves, alienígenas e até personagens clássicos, que ganharam novas representações — entre eles, Sarek (James Frain) e Harry Mudd (Rainn Wilson).

    Michael Burnham (Sonequa Martin-Green), por exemplo, é uma forte personagem feminina, que cresce ao longo da temporada. Ela eventualmente aprende com seus erros, mas não sem ter enfrentado seus traumas cara a cara: perder seus pais quando pequena, e ser criada por um vulcano que foi obrigado a escolher entre ela e seu meio-irmão Spock; trair sua capitã; começar uma guerra; enfrentar o preconceito de seus colegas; se apaixonar e descobrir que seu amado era um espião infiltrado; encontrar a versão cruel de sua capitã. Ousamos dizer que é uma das protagonistas mais profundamente exploradas da franquia.

    CBS

    Outros destaques da produção são Jason Isaacs (Harry Potter) como o dúbio e calculista Capitão Gabriel Lorca; Doug Jones (O Labirinto do Fauno, A Forma da Água) como o íntegro e corajoso Tenente/Capitão Saru; Mary Wiseman (Baskets) como a tagarela, porém fofa e dedicada Tilly; Shazad Latif (Penny Dreadful), que entrega um emotivo e conflituoso Ash Tyler e um rancoroso Voq; e, claro, Michelle Yeoh, que dispensa apresentações e brilha como a Capitã/Imperatriz Philippa Georgio. Entretanto, a série peca em desperdiçar a personagem Klingon L'Rell (Mary Chieffo) na segunda metade de sua temporada, presa na Discovery.

    CBS

    Usando como pano de fundo a guerra entre a Federação Unida dos Planetas e os Klingons, Discovery teve seus pontos altos em episódios mais criativos, como o looping temporal em "Magic to Make the Sanest Man Go Mad" e a visita ao Universo Espelho na segunda metade da temporada. Porém, falhou ao apresentar um desfecho rápido e supérfluo para o fim da guerra. E, mais uma vez, mostrou na franquia que os princípios da Federação são mais importantes do que a sua própria sobrevivência — espelhando na fala de Burnham o discurso do Capitão Kirk de Chris Pine em Além da Escuridão - Star Trek, que contou com o roteiro de Alex Kurtzman, produtor executivo de Discovery.

    Ainda assim, Star Trek: Discovery, já renovada para sua segunda temporada, promete trazer mais surpresas, referências à série clássica, arcos diversificados — agora que alguns personagens se separaram — e mais protagonistas fortes. Agora nos resta esperar por uma continuação longa e próspera.

     

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