Todos temos nossas decepções profissionais – e, claro, com um dos maiores chefões da história da Globo não seria diferente. Em meio a tantos trabalhos de sucesso, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-vice-presidente de Operações da emissora, tem uma novela como seu maior arrependimento: um "fracasso total", segundo ele.
O executivo trabalhou na Globo por 31 anos, até 1997, e sua gestão foi marcada por grandes marcos da teledramaturgia, como Selva de Pedra (1972), O Bem-Amado (1973), Roque Santeiro (1985) e Tieta (1989). Por outro lado, algumas produções não tiveram o mesmo êxito e acabaram se tornando motivo de frustração e desgosto.
Em entrevista ao podcast Boa Noite, Brasil, apresentado por César Filho, Boni revelou que a novela Espelho Mágico (1977) foi seu maior vexame enquanto esteve no comando do canal carioca. "Uma coisa que fiz e não gostei (...) Mas eu fui o culpado, porque eu aprovei", contou.
Divulgação/TV Globo
Apesar da frustração, o diretor reconheceu que o fracasso é importante durante a busca pelo sucesso. "Agora, a experiência de fracassar é fundamental, porque o sucesso só se faz com o fracasso. O que depende são as quantidades de erros e acertos: quando os acertos são maiores, os erros entram em contribuição", completou o ex-chefão da Globo.
Não à toa, Boni é um dos principais responsáveis pelos êxitos da emissora ao longo dos seus 60 anos de história, tanto nas novelas quanto no jornalismo, além de ter sido peça-chave na consolidação do tão falado “padrão Globo de qualidade”.
Não foi Roque Santeiro? Para o ex-chefão da Globo, a novela com a maior audiência da história é outra obra-primaMesmo tendo deixado a empresa no final da década de 1990, ele continuou como consultor até 2001 e segue sendo mantendo laços com a emissora até hoje. Desde 2003, é sócio da TV Vanguarda, afiliada da Globo no Vale do Paraíba, interior de São Paulo.
Relembre a trama de Espelho Mágico
Escrita por Lauro César Muniz – que, anos antes, criou a novela de maior audiência da Record –, e dirigida por Daniel Filho, Gonzaga Blota e Dennis Carvalho, a trama estreou com uma proposta inovadora de metalinguagem, ao retratar os bastidores de uma novela fictícia: do sucesso aos conflitos entre os profissionais.
A história gira em torno dos atores Diogo Maia (Tarcísio Meira) e Leila Lombardi (Glória Menezes), que enfrentam uma crise no casamento. Por coincidência, o mesmo está acontecendo com os seus personagens na novela Coquetel de Amor – escrita por Jordão Amaral (Juca de Oliveira), que usa seus textos para se declarar à ex-mulher, Leila.
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Apesar de ter sido elogiado pela crítica e até premiado, o folhetim sobre a vida pública e privada dos famosos não obteve sucesso com o público. Na época, a “novela dentro da novela” derrubou a audiência da Globo em cerca de 20 pontos, um desempenho preocupante para a emissora carioca, que era líder absoluta no horário nobre.
"Às vezes a novela não tem solução, fica se arrastando até o final. Espelho Mágico não tinha solução, a não ser terminar o mais breve possível", afimou Daniel Filho sobre a produção desastrosa, em em seu livro O Circo Eletrônico.
Em janeiro deste ano, Espelho Mágico entrou para o catálogo do Globoplay, como parte do projeto Fragmentos da plataforma de streaming. No entanto, apenas sete capítulos foram encontrados nos arquivos da TV Globo, incluindo o primeiro e o último.
Espelho Mágico foi a primeira novela de Tony Ramos na Globo e também contou com outros grandes nomes no elenco, incluindo Yoná Magalhães, Sônia Braga, Vera Fischer, Pepita Rodrigues, entre outros.