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    Black Mirror: Critica da 5ª temporada

    Miley Cyrus, Anthony Mackie e Andrew Scott estrelam os novos episódios da popular série de Charlie Brooker.

    De série cult até um revolucionário episódio interativo, Black Mirror passou por um longa jornada ao se tornar o fenômeno de popularidade que é hoje. Depois de muita espera, a Netflix revela a quinta temporada antologia criada por Charlie Brooker, que parece tentar retomar um toque do passado com apenas três episódios por vez — que nem em seus dois primeiros anos.

    Ao mesmo tempo, o status da série vencedora do Emmy não pode ser mais ignorado. Basta ver seu elenco, sendo capaz de escalar rostos dos blockbusters Marvel e DC, além de uma grande estrela da música pop. Porém, isso será o suficiente para superar as altas expectativas? Mantendo a tradição, o AdoroCinema traz as críticas individuais de cada capítulo (e uma média final da temporada). Confira e opine abaixo:

    Média final: 3,3

    1. Striking Vipers

    Com: Anthony MackieYahya Abdul-Mateen IINicole BehariePom Klementieff e Ludi Lin

    Direção: Owen Harris

    Alguns dos melhores episódios de Black Mirror abordam a presença da tecnologia em relacionamentos amorosos. 'Be Right Back' (S02E01), 'Hang the DJ' (S04E04) e, obviamente, o queridinho 'San Junipero' (S03E04). Logo, não é surpresa ver Brooker investindo novamente nesse estilo.

    Aqui, a trama começa apresentando o casal Danny (Mackie) e Theo (Beharie), além do melhor amigo e colega de quarto do moço, Karl (Abdul-Mateen II). Onze anos depois, os homens vivem realidades diferentes: um virou pai suburbano preso na rotina, outro é um solteirão moderninho. Eles começam a se reconectar num jogo de realidade virtual no estilo Mortal Kombat/Street Fighter, onde se transformam nos lutadores Roxette (Klementieff) e Lance (Lin), sentindo todas as experiências físicas dos personagens. Sabendo que vem alguma treta por aí, não é tão difícil imaginar o que acontece depois...

    As questões abordadas em 'Striking Vipers' são interessantes, principalmente retratando dúvidas sobre gênero de forma tão orgânica, e por não ter medo de trazer as consequências que a vida digital na vida real. Mas, justamente, por Black Mirror ter abordado essa questão tantas vezes (e de formas mais criativas), falta a sensação de algo inédito. Não que o episódio seja ruim, mas a busca por satisfação (nem que seja digital) já foi criticada antes, enquanto a trama parece ser inspirada por alguma comédia romântica estrelada por Ryan Reynolds. Ainda mais com uma resolução tão simplista.

    Anthony Mackie pode ser o nome mais famoso, mas é Yahya Abdul-Mateen II quem traz uma performance marcante dentre o elenco. Outro detalhe curioso é que parte das externas deste capítulo foram filmadas em São Paulo. Você conseguiu perceber?

    Nota: 3,0/5,0

    2. Smithereens

    Com: Andrew ScottDamson Idris e Topher Grace

    Direção: James Hawes

    Se você é daqueles que tem ansiedade ao entrar no carro dos outros ao usar um aplicativo de transporte, é melhor se preparar mentalmente antes de dar play em 'Smithreens'. Também responsável por 'Hated in the Nation (S03E06)', James Hawes faz um thriller impactante contando os loucos planos de Christopher (Scott), motorista com um plano muito drástico, que sai do controle.

    A situação se torna ainda mais sufocante ao perceber com o roteiro de Brooker poderia ser, facilmente, ambientado nos dias atuais. Todo mundo sabe chamar um motorista pelo celular. Não é coincidência o template de 'Smithereens' lembrar o Twitter. E não é difícil imaginar o controle que os poderosos de redes sociais possuem sobre nossas informações, ainda mais quando não lemos o termo de compromisso.

    Só que o episódio se torna ainda mais legal quando o público se identifica com os absurdos que o efeito dominó tecnológico traz ao longo dos acontecimentos. Sejam os adolescentes mais interessados em fotografar e compartilhar o que está acontecendo, ao invés das próprias seguranças. Ou ver como os responsáveis pelo Smithereens conseguem informações mais rápidas do que a polícia — criando até uma playlist para tentar acalmar Chris! Prioridades.

    Mesmo assim, é o aspecto humano da narrativa que se destaca, pois as redes sociais são apenas o pontapé de uma tragédia emocional. E tudo é sustentado por mais uma performance incrível de Andrew Scott (que já roubou cenas em Sherlock e Fleabag), desde o ataque esponâneo ao enfrentar a primeira complicação no plano ou o relato brutal de seu passado. Mesmo diante de tantas tecnologias e informações, são as ações dos homens fora das telas que culminam no intenso final.

    Aliás, a cereja no bolo surge com uma versão melancólica de "Can't Take My Eyes of You", ganhando um significado bem mais sombrio do que a famosa melodia romântica entoada por Heath Ledger em 10 Coisas que Eu Odeio em Você.

    Nota: 4,5/5,0

    3. Rachel, Jack and Ashley Too

    Com: Miley CyrusAngourie Rice e Madison Davenport

    Direção: Anne Sewitsky

    De um lado, Ashley é uma cantora de sucesso isolada pela fama e pelos ambiciosos empresários. Do outro, a jovem Rachel encontra sua única amiga numa boneca tecnológica da grande ídola pop. Provavelmente, 'Rachel, Jack and Ashley Too' será o episódio mais comentado da atual temporada de Black Mirror, não somente por ter Miley Cyrus no elenco. O motivo surge na inusitada conexão entre os dois mundos de sua premissa.

    Se a história de Rachel caminha por um lado meio clichê desde o início (salvo nem pelo carisma da Jack de Davenport), existe um grande potencial no retrato do universo artístico, onde uma ícone esbanjando mensagens positivas e empoderadas é presa diante do controle de contratos e negócios. Tal história se torna ainda mais intrigante com a escalação perfeita de Miley para o papel — vide sua famosa transformação da doce Hannah Montana do Disney Channel até a cantora adulta, e por vezes polêmica, que conhecemos hoje.

    Mas nada segue as expectativas que o espectador prevê, quando uma série de situações forçadas e exageradas orientam a narrativa para um caminho completamente diferente, trazendo algo digno do auge da Sessão da Tarde. É entretenimento divertido? Até que sim. Mas constrói algo tão superficial perto dos padrões de Black Mirror que chega a surpreender, no pior dos sentidos.

    Teria Brooker criado uma paródia que nem todos serão capaz de apreciar? Talvez. Mas, sinceramente, só parece uma ideia bacana que virou uma bagunça completa.

    Nota: 2,5/5,0

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