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    Arrow: Crítica da 7ª temporada

    Série aborda redenção de Oliver Queen com ótimas cenas de ação, mas não dá conta de tantos coadjuvantes.

    Nota: 3,0 / 5,0

    A sétima temporada de Arrow foi bem-sucedida em desconstruir, reinventar e redimir as atitudes dos protagonistas da série, rendendo reflexões interessantes e cenas de ação excepcionais. Entretanto, a produção sofreu com o excesso de personagens, a falta de tempo para desenvolvê-los, e vilões cujas motivações foram mais do mesmo — sempre querendo destruir Star City com uma explosão!

    Fugindo da premissa de que "em time que está ganhando, não se mexe", a série teve uma mudança de showrunner. Beth Schwartz, que começou como assistente de roteiro na primeira temporada, assumiu o comando do seriado após as saídas de Wendy Mericle e Marc Guggenheim. Tal troca deu fôlego para Arrow continuar tentando se diferenciar da fórmula datada das temporadas passada.

    Seguindo os eventos do ano anterior, desta vez encontramos Oliver Queen (Stephen Amell) na prisão, o vilão Ricardo Diaz (Kirk Acevedo) foragido e ameaçando o Time Arrow, enquanto Felicity (Emily Bett Rickards) e William (Jack Moore) estão sob proteção da A.R.G.U.S. — algo que não vai exatamente de acordo com o plano. Enquanto isso, o restante da equipe enfrenta o dilema de seguir atuando ou não como vigilantes, contra a lei. Este é um questionamento bastante desenvolvido, porém arrastado ao longo da temporada.

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    A produção mais "pé no chão" do Arrowverse — frente aos eventos sobrenaturais de The FlashSupergirlArrow fez mais uma vez jus a essa premissa. Durante os sete primeiros episódios da temporada, acompanhamos o excelente arco de Oliver na prisão. Desconstruído e respondendo como "Prisioneiro 4587", o então Arqueiro Verde protagoniza cenas que colocam sob os holofotes suas fraquezas e também sua essência como personagem. Vale notar as participações (um tanto quanto caricatas) de vilões clássicos da série, como Ben Turner (Michael Jai White), Derek Sampson (Cody Rhodes) e Danny Brickwell (Vinnie Jones). O foco na redenção de Turner foi um dos elementos mais interessantes da temporada. Destaque para o capítulo 7, "The Slabside Redemption", que traz uma luta em plano sequência de tirar o chapéu (pena que, no mesmo episódio, há um erro de continuidade envolvendo Diggle).

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    Ao mesmo tempo, no entanto, a série não perde tempo com seus coadjuvantes, sofrendo do mesmo problema que atormentou a produção por vários anos: mesmo com mais de 20 episódios, há muitos personagens para pouco tempo de desenvolvimento de tela (quando comparado ao destaque para o conflito na prisão e os flashforwards). Assim, o público não consegue se conectar — ou mesmo entender — os enredos secundários envolvendo a paranóia de Felicity; a as missões secretas de Diggle (David Ramsey), Lyla (Audrey Marie Anderson) e da A.R.G.U.S., e até mesmo Laurel (Katie Cassidy) da Terra-2 fingir ser promotora pública sem nunca ter estudado Direito. Porém, sua redenção foi um dos pontos altos, e as mulheres da produção foram finalmente apresentadas com cada vez mais força. Um dos coadjuvantes que mais ganhou espaço talvez tenha sido Rene (Rick Gonzalez), ainda que seu dilema entre proteger o bairro e a família, ou respeitar a lei, tenha sido enfadonho.

    Nesse sentido, a produção também pecou nos flashforwards. Com o fim dos flashbacks sobre o passado de Oliver, a série aposta agora em vislumbres de eventos futuros que exploram uma espécie de distopia de Star City, atingida por uma batalha nunca explicada. O arco é protagonizado por Roy Harper (Colton Haynes, retornando ao papel, contido); por uma versão mais velha e bem-humorada do filho de Oliver, William Clayton (Ben Lewis, um dos destaques do novo ano); pela filha do Cão Raivoso, Zoe (Andrea Sixtos, contida), e por Dinah (Juliana Harkavy), Rene e Felicity. Além disso, temos a apresentação de Mia, personagem de Katherine McNamara (Shadowhunters), em um papel por vezes exagerado, tentando imitar a perfomance de Stephen Amell, por outras parecendo uma adolescente revoltada. Enquanto a trama era bastante interessante, sua execução deixou a desejar — ainda que o episódio 16, "Star City 2040", seja um dos pontos altos da temporada. Talvez a próximo ano da produção conserte as pontas soltas.

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    Outro ponto baixo da produção foram os vilões. Enquanto seria muito interessante que Arrow continuasse explorando os "demônios interiores" de Oliver Queen como antagonistas — muito bem desenvolvidos nas cenas de alucinação do personagem — a série decidiu seguir pelo caminho tradicional. Passando quase metade da temporada abordando a arrastada vingança de Ricardo Diaz, com um sopro de novidade com os Longbow Hunters, a produção logo depois apresentou outros vilões.

    O misterioso e desnecessário Dante (Adrian Paul), membro do Nono Círculo; a organização que toma conta da cidade no futuro; o psicopata colega de prisão Stanley (Brendan Fletcher), cuja reaparição fez a série quase parecer procedural, e Emiko (Sea Shimooka). A personagem, tirada diretamente dos quadrinhos, começou como um enigma para Oliver, passou a protagonizar cenas de lavagem de roupa suja em família, até então se revelar inimiga, querendo vingança de Oliver e da cidade. O arco de Emiko era um dos mais promissores da temporada, mas seu desenvolvimento foi corrido. Se pararmos para pensar, sem Queen, Star City ficaria bem mais segura, pois os bandidos não iam querer explodí-la a todo momento!

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    Ainda assim, Arrow conseguiu trazer inovação em sua sétima temporada. A produção explorou planos sequências e episódios engarrafados, ao mesmo tempo em que testou outros gêneros. Foi interessante, por exemplo, ver Oliver e a equipe trabalhando lado a lado com a polícia em casos de investigação. O capítulo 13, "Star City Slayer", trouxe ares de terror, com o Time Arrow investigando uma casa abandonada, e o episódio 20, "Confessions", deu um quê de histórias criminais à série, com cada personagem contando sua versão da história, como um quebra-cabeças, para no fim o público descobrir o que realmente aconteceu.

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    Não se pode negar que o novo ano de Arrow marcou o começo do fim. Com um desfecho que mais parece fim de série (e não de temporada), resultando de um evento do crossover "Elseworlds", e a já anunciada saída de Emily Bett Rickards da produção, resta saber o que vem por aí. Um reboot? Uma série focada só no futuro? Uma eterna "crise das infinitas terras", pautada no próximo crossover do Arrowverse? Isso são cenas e especulações para a próxima temporada.

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