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    Green Book - O Guia: Conheça as figuras reais que inspiraram o filme

    Baseado em fatos reais? Como tudo relacionado a esse filme, há controvérsias.

    Vencedor de três Globos de OuroGreen Book - O Guia é um dos mais badalados indicados ao Oscar. De acordo com o próprio material promocional do filme, sua história é baseada em uma amizade real, mas as famílias dos dois protagonistas têm opiniões diferentes sobre o assunto.

    O longa segue a história de Tony Lip (Viggo Mortensen), um segurança de boate de Nova York durão de família italiana. Ele é contratado pelo pianista negro, Don Shirley (Mahershala Ali), para ser seu motorista e segurança durante uma turnê pelo sul dos Estados Unidos. Lip então se vê obrigado a ficar frente a frente com o racismo que permeia a região e acaba formando uma inusitada amizade com seu chefe.

    Entre tantas controvérsias que vêm envolvendo a campanha para o Oscar do filme, o quanto disso é verdade? Confira um pouco da história dos homens da vida real que inspiraram a obra.

    Tony Lip

    Vida real

    Tony "Lip" Vallelonga, nascido Frank Anthony Vallelonga, ganhou seu apelido na infância por conta de sua reputação de falar muito. Durante a década de 1960, em que o filme se passa, ele trabalhava como segurança na boate Copacabana, e mais para frente viria a se tornar maítre da casa.

    Foi sua posição no Copacabana que o deu a oportunidade de conhecer Francis Ford Coppola e o diretor de elenco de O Poderoso Chefão, Louis DiGiaimo, o que lhe rendeu um pequeno papel no clássico filme de máfia e deu início a sua carreira de ator. A partir daí ele atuou em filmes como Touro Indomável, Os Bons CompanheirosDonnie Brasco e o papel por qual ficou mais conhecido: Carmine Lupertazzi na série da HBO, Família Soprano.

    Seu interesse pelo cinema teve direta influência em seus filhos, Frank e Nick Vallelonga, que fizeram participações em vários filmes e séries por conta dos contatos do pai. Nick, além de atuar, tem créditos como produtor e roteirista em diversos projetos, incluindo Green Book, cujo roteiro ele escreveu em parceria com Peter Farrelly e Brian Hayes Currie.

    Filme

    O roteiro do filme é baseado principalmente nas histórias que Tony contou ao filho, Nick, e que o rapaz gravou antes do pai morrer em janeiro de 2013. A turnê que o longa retrata teria durado 18 meses, de acordo com Vallelonga. Porém, em entrevista ao Shadow and Act, o irmão de Don Shirley, Maurice, conta que esse tempo é pouco provável, já que Tony teria sido demitido meses antes, como a maioria dos motoristas do músico eram na época.

    Don Shirley

    Vida real

    Donald Waldridge Shirley nasceu em Pensacola, na Flórida, filho de dois imigrantes jamaicanos. Ele começou a tocar piano na igreja em que seu pai era reverendo com apenas 3 anos de idade. Lá, o convidaram para ir a Rússia estudar música clássica, mas seu pai não permitiu que ele fosse tão longe sem sua família, então ele continuou a tocar na igreja. Aos 18 anos de idade ele começou sua carreira profissional, tocando Tchaikovsky com a orquesta sinfônica Boston Pops.

    Inicialmente, Shirley queria ser pianista clássico, mas sua gravadora, Cadence Records, achava que a ideia de um homem negro americano fazendo música clássica não venderia. Eles também achavam que ele precisava de um passado exótico para atrair o público, fazendo surgir a história de que Shirley teria nascido na Jamaica e estudado música na Europa. Sua educação formal foi nas universidades negras dos EUA. Dr. Shirley (como era chamado) compôs músicas como "Water Boy", com o Don Shirley Trio e "This Little Light of Mine", que faz parte de seu último álbum, "Home", e faz referência a uma música gospel popular.

    Filme

    Em Green Book, Don Shirley permanece um personagem ligeiramente misterioso e algumas das informações dadas sobre ele se baseiam nos mitos populares criados por sua gravadora na época. Entre algumas das outras liberdades criativas que o longa toma está o fato de que ele não era próximo de sua família. Seus irmãos vivos na época, Maurice, Edwin e Calvin, estavam em contato com ele constantemente e o músico inclusive foi padrinho de casamento do caçula.

    Além disso, o filme também sugere que Shirley não conhecia a música popular da comunidade negra, sendo que na realidade ele era amigo próximo de artistas como Nina Simone, Sarah Vaughn e Duke Ellington. O pianista ainda foi bastante ativo no movimento por direitos civis dos negros, amigo de Martin Luther King e esteve presente na marcha de Selma.

    Quanto ao conteúdo da viagem que fez com que as vidas de Don Shirley e Tony Lip se cruzassem, as famílias dos dois homens permanecem em discordância. Patricia Shirley, cunhada do pianista, contou ao Shadow and Act: "Eles tinham uma relação de patrão e empregado. Um relacionamento profissional era o único tipo que ele [Don Shirley] tinha com qualquer pessoa que trabalhasse para ele."

    Nick Vallelonga conta sua versão da história em Green Book - O Guia, que já está em cartaz nos cinemas brasileiros. O longa também conta com Linda CardelliniDon StarkP.J. Byrne em seu elenco. Resta esperar que a família Shirley um dia tenha a oportunidade de contar a sua versão de maneira tão grandiosa também.

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