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    Professor Marston: "A Mulher-Maravilha foi escrita para ensinar os homens que era preciso aceitar as mulheres em posição de poder", afirma Rebecca Hall

    O AdoroCinema visitou o set de filmagens do drama, em cartaz nos cinemas brasileiros.

    Em meio à popularidade de Gal Gadot como a Mulher-Maravilha, chega aos cinemas mais um filme sobre a super-heroína da DC, mas com outro enfoque. Em Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas é apresentada a obscura história de criação da super-heroína, em meio a um ousado relacionamento poliamoroso a três.

    O AdoroCinema viajou a Boston para visitar o set de filmagens, onde pôde também entrevistar a atriz Rebecca Hall. Intérprete da reprimida Elizabeth Marston, é ela o alicerce financeiro da família quando o marido se dedica a criar os quadrinhos da Mulher-Maravilha, ao mesmo tempo em que precisa lidar com o ciúme quando ele se interessa por uma de suas alunas. Confira os principais destaques do bate-papo!

    INTERESSE ANTIGO

    Bem antes de ser contratada para rodar o filme, Rebecca já tinha se interessado pela história da criação da Mulher-Maravilha, justamente devido às peculiaridades de relacionamento envolvendo William Marston. "Antes do livro de Jill Lepore [The Secret History of Wonder Woman] ser lançado, li o artigo da New Yorker sobre essa história e fiquei muito impressionada. Liguei para o meu agente para tentar conseguir os direitos sobre o livro para adaptá-lo. Tentei fazer isso e falhei. Aí descobri que alguém já tinha escrito esse roteiro há sete anos e estava tentando fazer o filme."

    Este alguém era Angela Robinson, diretora e roteirista de Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas, que ao saber do interesse da atriz, logo a convidou para o projeto. "Angela me perguntou o quão nerd eu sou em relação aos meus papéis. Ela me ofereceu alguns livros ou uma lista com vários links de internet. Escolhi o pacote nerd. Não li tudo, mas li a maioria das coisas que ela me indicou."

    UMA HISTÓRIA DE AMOR NADA CONVENCIONAL

    "Essa é uma história sobre uma personagem muito famosa que todos conhecemos, mas se você olhar de perto, na verdade, o filme é uma ótima história de amor. Uma história de amor não convencional, porém incrível", afirma a atriz.

    "Normalmente, quando você está fazendo um filme, seja um romance ou não, os relacionamentos são entre duas pessoas. É muito incomum ter uma relação entre três pessoas [..] Acho que já esgotamos todas as histórias de amor que existem por aí e nós ainda não temos a grande história de poliamor. Esta tem potencial para ser."

    MENTE ABERTA

    "Elizabeth é muito progressista, tem uma mente muito aberta", afirma a atriz. "Quando ela descobre que seu marido se sente atraído por uma de suas alunas, Elizabeth sente ciúmes, naturalmente, mas esses ciúmes vêm de seus interesses. É muita sorte poder interpretar uma pessoa tão progressista, tão aberta e tão reprimida ao mesmo tempo."

    "É uma personagem muito interessante, muito autêntica. Ela é o tipo de pessoa que leva a vida da melhor maneira, mas quando precisa confrontar sua sexualidade, e sua ambivalência nessa área, se torna um pouco mais conservadora. De certa forma, o filme é sobre Elizabeth tendo que quebrar barreiras pessoais que ela não sabia que tinha."

    MULHER-MARAVILHA E O FEMINISMO

    Na entrevista, Rebecca admitiu que apenas leu os quadrinhos iniciais da Mulher-Maravilha, para entender melhor a concepção da heroína através de seu criador. E fez um interessante paralelo entre a personagem e o próprio feminismo, que nasceu no mesmo período.

    "A Mulher-Maravilha, de muitas formas, trilhou um caminho similar ao feminismo. A personagem começou como propaganda, mas foi cooptada e se tornou uma personagem hiperssexualizada. As pessoas acham que ela é só isso, mas não é assim. Ela foi escrita para ensinar os homens que era preciso aceitar as mulheres em posições de poder. Porque se não, não resolveremos nada e as mulheres não melhorarão. Mas, durante os anos, a personagem foi objetificada. E isso é interessante porque o feminismo trilhou um caminho similar. Começou de uma forma, mudou e agora está reemergindo de outra forma. Esse é o tempo para falarmos sobre essas questões, e acho que o filme tem algo a dizer."

    "Acho que estamos avançando, mas nós passamos por um caminho esquisito recentemente. Lembro de brigar com as pessoas por causa disso e lembro de encontrar homens que disseram 'não me considero feminista, mas...'. As pessoas acreditam que se você vota ou trabalha, então você é feminista. Passamos por uma fase onde se tornou quase vergonhoso dizer que você é feminista, porque aí você será assustadora ou vai ofender alguém", analisa a atriz.

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