25 anos atrás, essa ficção científica foi um fracasso tão grande que faliu um estúdio de cinema
Diego Souza Carlos
Apaixonado por cultura pop, latinidades e karê, Diego ama as surpresas de Jordan Peele, Guillermo del Toro e Anna Muylaert. Entusiasta do MCU, se aventura em estudar e falar sobre cinema, TV e games.

Poucos meses depois do lançamento, filme já era considerado como um dos piores do século.

Assim como existem filmes que salvaram estúdios, como é o caso de Cinderela com a Disney após Segunda Guerra Mundial, existem produções que representaram a ruína de uma empresa. A ideia de levar essa história para os cinemas teve um grande impulso de John Travolta.

"Tenho um carinho especial por esse livro. Hubbard era um grande escritor e eu tinha uma ideia do potencial do filme; uma fantasia em minha mente que durou anos", disse o ator ao The New York Times em 2008, quase uma década após A Reconquista mudar a história da indústria cinematográfica ganhar um novo, e vergonhoso, capítulo.

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Baseado em um romance de L. Ron Hubbard, mais conhecido como o fundador da Cientologia, a trama nos leva ao distópico ano 3000, onde a Terra vive um cenário desértico e a humanidade está à beira da extinção. Com esse panorama, uma raça alienígena intitulada Psychlo transformou nosso planeta em colônia, destruindo nossas cidades e abolindo nossas instituições.

O projeto com ares de Star Wars foi concebido justamente para ser uma espécie de sucessor espiritual da franquia de George Lucas, mas acabou sendo um fracasso tão grande que levou o estúdio que o produziu à falência.

A Reconquista levou uma produtora independente ao fim

Franchise Pictures

À começar, o livro que inspirou A Reconquista já era controverso, por seu teor supostamente criar pontes com a Cientologia. Ao levar isso para os cinemas, os temas precisariam ser revisados para que isso não se tornasse apenas uma ficção panfletária.

John Travolta vivia os ecos de Pulp Fiction, e com isso abraçou o projeto com esforço pessoal de levá-lo às telonas. Inclusive, ele chegou a convidar Quentin Tarantino para dirigir a adaptação, mas o cargo ficou com Roger Christian, já que havia trabalho em alguns filmes de Star Wars como cenógrafo e assistente de direção.

Sem o engajamento de grandes estúdios, mas alguns milhões de dólares do astro de Hollywood, a produtora independente Franchise Pictures adquiriu os direitos do filme com a ambição de fazer algo parecido com outros projetos de ficção científica das décadas anteriores.

Críticas negativas e fraude

Franchise Pictures

O resultado foi um desastre: baixíssima bilheteria com menos de 30 milhões de dólares arrecadados, ondas de críticas negativas pela mídia especializada e o encerramento da empresa que havia sido fundada há pouco tempo.

"A Reconquista é como viajar de ônibus com alguém que precisa de um banho há muito tempo. Não é apenas ruim; é desagradável de uma forma hostil", escreveu Robert Ebert, um dos críticos de cinema mais respeitados da indústria. Pouco tempo depois, o The New York Times cravou que "pode muito bem se tornar o pior filme deste século".

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Fora os problemas posteriores ao lançamento, o filme ainda foi alvo de uma investigação pelo FBI. Descobriu-se que o filme não custou 73 milhões de dólares para ser produzido, mas apenas 44 milhões. Foi revelado que a Franchise Pictures fraudou os valores e, três anos após o lançamento de A Reconquista, a empresa decretou falência após ser condenada a pagar a indenização pelo ocorrido.

Embora a curiosidade de assistir ao filme pudesse levar alguns leitores ao projeto, A Reconquista não está disponível em nenhum serviço de streaming no Brasil - e isso pode ser uma coisa boa.

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