Pause Ainda Estou Aqui aos 32 minutos e 31 segundos para ver o "detalhe" mais impressionante: É assim que o filme de Walter Salles nos deixou arrasados
Luiza Zauza
Luiza Zauza
Jornalista em formação dividida entre a paixão pelo cinema e pela música. Como coração é grande, cabe desde comédias românticas até documentários musicais. Sempre em busca de encaixar sua devoção por Jorge Ben Jor e John Carpenter em alguma conversa.

Após ficar em cartaz por 21 semanas, Ainda Estou Aqui agora pode ser visto e revisto no streaming.

Após um percurso histórico nos cinemas nacionais e internacionais, Ainda Estou Aqui finalmente chega ao streaming. Baseado na obra homônima de Marcelo Rubens Paiva, o longa mergulha na história da tragédia que marcou a família do escritor: o desaparecimento de seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello). Presente desde o dia 6 de abril no catálogo do Globoplay, o filme de Walter Salles parece ganhar novo fôlego depois de uma janela de exibição de 21 semanas.

Focado na repercussão política e íntima do caso, em especial na maneira como Eunice Paiva (Fernanda Torres) se mostra determinada a encontrar o marido e denunciar a arbitrariedade de seu sumiço, Ainda Estou Aqui também repercute dramaticamente ao mostrar os momentos alegres de uma vida familiar comum, com idas à praia e à sorveteria, briga entre irmãos e jantares animados com amigos e parentes.

É ao começar apresentando esse cotidiano que, após meia hora de filme, uma mudança extraordinária na composição chama a atenção para a verdadeira trama que se seguirá.

Globoplay

Enquanto jogam gamão e trocam conversa fora no escritório de casa, Eunice e Rubens são interrompidos pela empregada Zezé (Pri Helena) e por policiais à paisana, que entram na casa procurando pelo ex-deputado para um interrogatório dito “de rotina”. É aproximadamente aos 32 minutos e 31 segundos que a atmosfera ensolarada e vibrante do longa se transforma numa mais escura e carregada. É uma transição sutil e embutida no movimento de atores e cenário, o que deixa esse detalhe ainda mais emocionante.

Com os capangas militares fechando as cortinas e janelas da casa, ou seja, todos os pontos de iluminação do espaço, a sensação de claustrofobia e de enclausuramento se manifesta literalmente na maneira como Walter Salles decide expressar simbolicamente a prisão arbitrária de Rubens e o desespero de Eunice diante dela.

São apenas 19 segundos de uma cena brilhante e uma performance arrebatadora de Fernanda Torres que olha devastada para as ações dos agentes da ditadura, que começam a tomar conta e ditar as regras dentro da casa.

Ainda Estou Aqui está disponível na Globoplay.

facebook Tweet
Links relacionados