Ainda Estou Aqui não para de deixar o país orgulhoso com suas conquistas e repercussões positivas. Desde grandes marcos de bilheteria até o sucesso internacional, o filme de Walter Salles também foi capaz de reabrir as investigações sobre o caso de Rubens Paiva e reacender as discussões sobre um dos períodos mais sombrios da história do país.
O impacto para o cinema nacional também impressiona em um quesito até então inusitado da produção: os cenários. Gravado no Rio de Janeiro, as locações onde se passam as já icônicas cenas domésticas e familiares dos Paiva ganharam status turístico após o triunfo do longa. Dois espaços em específico fazem parte da história da cidade e recebem cinéfilos e curiosos constantemente desde a estreia.
Casarão da família existe e está à venda

Uma adaptação do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, o filme se passa em meio aos anos de chumbo da ditadura militar brasileira, na década de 70, e conta a história dos dias antes e depois do desaparecimento de seu pai, o ex-deputado Rubens (Selton Mello). Se a força dessa trama reside em acompanhar o cotidiano e os planos dessa família, uma das grandes razões dessa potência é a moradia onde tudo acontece.
Um dos principais cenários do filme, o casarão – adaptado para servir como réplica do lar de Marcelo, seus pais e irmãos – está localizado no bairro da Urca, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Na esquina da Rua Roquete Pinto com a Avenida João Luiz Alves, o espaço foi escolhido pela produção por ser muito similar à moradia original dos Paiva, que foi há muito demolida e ficava à beira da Praia do Leblon, no número 80 da Avenida Delfim Moreira, uma das principais e mais famosas ruas da cidade.

Graças ao filme, o imóvel, que está à venda, saiu de um valor de 14 milhões para 25 milhões de reais. Isso antes do prefeito do Rio anunciar que irá desapropriar o local para transformá-lo numa das sedes da RioFilme, empresa de produção e distribuição audiovisuais, e na Casa do Cinema Brasileiro, um lugar de memória de Eunice Paiva e de homenagem ao feito histórico de Ainda Estou Aqui.

Outra locação que virou parte do roteiro de passeios foi a Confeitaria Manon, sorveteria e restaurante onde foram rodadas as sequências emocionantes de Eunice e os filhos antes e depois do sumiço do marido. Aberta em 1942 no Centro do Rio de Janeiro, a Manon precisou ser ajustada cenograficamente para se parecer com a lanchonete Chaika, que era um local badalado do bairro de Ipanema naquele momento histórico.