Clint Eastwood poderia ter perdido sua carreira. Pelo menos essa é a teoria de Quentin Tarantino, que argumenta que o ator americano (que também dirigiu filmes clássicos como Os Imperdoáveis e As Pontes de Madison) deve sua carreira a um encontro em particular, e não a Sergio Leone, como seria de se esperar.
Paramount Pictures
Em seu livro Cinema Speculation, Tarantino discute Fuga de Alcatraz, estrelado por Clint e dirigido por Don Siegel, insistindo que, embora o filme seja bem-sucedido, ele tem um destaque adicional.
Mas foi Siegel quem conseguiu a verdadeira fuga, ao não decepcionar seu amigo Eastwood. A colaboração artística entre o grande astro e o grande diretor é uma das mais importantes de todos os tempos. Essa colaboração se deveu em grande parte ao fato de que cada um dos dois tinha uma dívida infinita com o outro.
Depois de filmar Por um Punhado de Dólares e Por uns Dólares a Mais com Sergio Leone na Itália, Clint Eastwood queria voltar para sua terra natal, os Estados Unidos, para prosseguir com sua carreira. Antes disso, entretanto, ele concordou (com um aumento substancial de salário) em filmar Três Homens em Conflito (1966).
Em seu retorno aos Estados Unidos, o ator filmou Meu nome é Coogan (1968) com um diretor de estúdio desconhecido, Don Siegel. O encontro entre os dois homens foi proveitoso, pois se seguiu com Os Abutres Têm Fome (1970) e, em 1971, a dupla permaneceu junta pelo resto do ano, filmando O Estranho Que Nós Amamos e Perseguidor Implacável (ambos de Siegel) e Perversa Paixão (dirigido por Eastwood, no qual Siegel também participou).
Warner Bros.
Perseguidor Implacável foi um grande sucesso e a carreira de Eastwood foi revivida, enquanto a de Siegel decolou. Eles só voltariam a se reunir oito anos depois para Fuga de Alcatraz, que marcaria a última colaboração da dupla. Tarantino escreveu:
“Com Siegel, Eastwood escapou do sucesso desenfreado do sistema de estúdios de Hollywood (ele poderia ter ficado na Itália, como Lee Van Cleef, por exemplo, e feito uma série de filmes gastronômicos na terra das massas). Com Eastwood, Siegel escapou do anonimato para subir, relativamente tarde na vida, ao topo da lista dos principais cineastas de Hollywood.”
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