Minha conta
    40 anos da estreia de um filme romântico que fez história: Um conflito turbulento entre religião e sexualidade em tom musical
    Heloisa Vilela
    Heloisa Vilela
    -Redatora
    Heloisa gosta de ficção científica, sitcoms e de pipoca com bastante manteiga. Fã do Kubrick e de reality shows de compra e venda de casas.

    Um desafio fascinante que muitos disseram que era impossível, mas Barbra Streisand venceu.

    Um dos momentos mais engraçados de Licorice Pizza é a aparição de Bradley Cooper como Jon Peters, um personagem bizarro e sem grande talento aparente, mas que quer ser notado. Suas maiores contribuições consistem em corrigir um grupo de adolescentes na pronúncia do nome do companheiro, acreditando que está contribuindo fundamentalmente para o grande projeto de Barbra Streisand ("sand", como a areia da praia).

    É claro que é um ato completamente fútil. Quem realmente contribuiu para o grande projeto de Brabra Streisand sempre foi a própria Streisand, em oposição a alguém que lhe disse que ela não conseguiria fazer o que pretendia. Disseram-lhe que ela não poderia fazer um musical baseado em um drama religioso e disseram-lhe que ela não poderia interpretar uma jovem 17 anos se tivesse 40. Mas, como sua protagonista, Yentl prevaleceu sobre as dúvidas.

    Yentl
    Yentl
    Data de lançamento 6 de janeiro de 1984 | 2h 15min
    Criador(es): Barbra Streisand
    Com Barbra Streisand, Mandy Patinkin, Amy Irving
    Usuários
    3,2
    Assista agora

    Em busca da voz

    Lançado há 40 anos, esse turbilhão de drama histórico, romance, espiritualidade e também musical foi um grande episódio na carreira da artista. Não foi apenas sua estreia na direção, mas foi um dos filmes mais importantes de ser escrito, dirigido, produzido e estrelado por uma mulher, e também foi premiado em diversas cerimônias, como o Globo de Ouro.

    Nele, vamos para a Europa do início do século XX, nas comunidades de judeus Ashkenazi, onde as mulheres são relegadas às tarefas domésticas enquanto os homens podem dedicar-se ao cultivo do espírito e do intelecto. A jovem Yentl aspira a este último, já que seu pai rabino permitiu que ela estudasse, apesar de ser proibido. Quando seu pai morre, ela embarcará em uma jornada onde fingirá ser um menino para estudar o Talmud, embora ao longo do caminho aprenderá muito mais sobre a vida e o amor com seu colega Avigdor.

    Não contente em tentar progredir tentando parecer uma criança (e para ser justo, ela consegue o que quer), Barbra também leva a história para o reino musical no que poderia facilmente ser um exercício de ego. Cenas como "Papa, Can You Hear Me?" conseguem ser merecidamente icônicas, embora as músicas caiam principalmente na externalização de monólogos internos que já são bastante claros graças à edição e às performances.

    United Artists

    Yentl: contradições e música

    Poderia ser um pecado fatal para um musical que a parte mais fraca seja a parte musical, mas o drama que Streisand desenvolve é interessante e complexo. A espiritualidade e a sexualidade são carregadas de inúmeros aspectos que ela explora sem alarde. Através da personagem soberba, Mandy Patinkin consegue explorar questões e sentimentos contraditórios.

    Pode haver espaço para melhorias no desenvolvimento do enredo, mas Streisand também mostra uma encenação sóbria e bem trabalhada, que desperta de forma convincente as emoções que deve explorar. É um filme que ainda tem uma certa relevância, apesar de terem passado 40 anos desde a sua época. O filme fala das comunidades judaicas do início do século passado, e confirma que a voz da sua estrela era especial. Talvez não para calar todas as dúvidas, mas certamente para serem levadas em consideração.

    *Fique por dentro das novidades dos filmes e séries e receba oportunidades exclusivas. Ouça OdeioCinema no Spotify ou em sua plataforma de áudio favorita, participe do nosso Canal no WhatsApp e seja um Adorer de Carteirinha!

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Comentários
    Back to Top