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    Mulan é o primeiro filme LGBT+ da Disney? Fãs apontam evidências no desenho e até no live-action
    Lucas Leone
    Lucas Leone
    -Redator | Crítico
    Lucas só continua nesta dimensão porque Hogwarts ainda não aceita alunos brasileiros. Ele até tentou ir para Westeros ou o Condado, mas perdeu a hora do Expresso do Oriente. Hoje, pode ser visto escrevendo no Central Perk mais próximo.

    Na animação de 1998, a protagonista decide assumir o lugar do pai na guerra e, para isso, se disfarça de homem.

    Em junho deste ano, Mulan completou 25 anos de lançamento, e uma das muitas questões do desenho que ainda ressoam é o romance entre a personagem-título e Li Shang. No fim, é mais uma dupla típica da Disney, mas o início do relacionamento deles foi bastante diferente de como as demais princesas conhecerem seus príncipes. É justamente isso que faz com que fãs apontem o filme como o primeiro de temática LGBTQIAPN+.

    Todo mundo sabe que Mulan vai lutar contra os hunos no lugar de seu pai, que tem idade avançada e está com a saúde debilitada. Como na China Medieval as mulheres não podiam ingressar no exército, a protagonista decide se passar por homem, cortando e prendendo os cabelos, engrossando a voz e usando até uma faixa para cobrir os seios.

    Durante o treinamento, Mulan – que agora atende pelo nome de Ping – chama a atenção de seu capitão: Li Shang. Primeiro porque não consegue ir bem em nenhuma das atividades propostas; depois porque reverte o jogo e se torna um dos melhores recrutas.

    Até 1h de filme, os dois tentam disfarçar seu interesse, mas é impossível não notar a determinação de Ping/Mulan para impressionar Shang, o orgulho que este último começa a sentir dele/a, a troca de olhares velada e as interações meio sem jeito. Eles estão claramente gostando um do outro.

    Quando a verdadeira identidade de Ping/Mulan é exposta, Shang fica revoltado e a expulsa de sua tropa. Para bom entendedor, mais do que a decepção diante da mentira, o capitão reage dessa forma porque percebe que estava apaixonado por um homem que, na verdade, é uma mulher.

    Walt Disney Pictures
    Disfarçada de homem, Mulan treina com o capitão Li Shang.

    Seria Shang bissexual? É o grande questionamento que os fiéis espectadores da Disney vêm se fazendo há mais de duas décadas. Embora a relação dos personagens fique abalada com a descoberta, o amor que Shang nutria por Ping é transferido para Mulan. Assim, não seria errado dizer que ele se sente atraído tanto por meninos quanto por meninas.

    Vale ressaltar que a Disney nunca comentou a sexualidade de Shang e que tudo isso é só um exercício de interpretação. Por sinal, a animação está longe de apoiar abertamente a causa queer, já que termina com o clássico final feliz do casal heteressexual. No entanto, a suspeita aumenta quando lembramos que, no live-action de 2020, o romance foi completamente apagado e Shang, descartado.

    Em fevereiro daquele ano, o produtor Jason Reed explicou a mudança em entrevista ao site Collider: "Acho que, particularmente na época do movimento #MeToo, ter um comandante que também é o interesse amoroso sexual era muito desconfortável. Não achamos apropriado."

    Apesar de não mencionar orientação sexual e focar no empoderamento feminino, a declaração de Reed deixa claro que havia um envolvimento pessoal entre Shang e Ping/Mulan. E não só depois da revelação, uma vez que a fala sublinha o fato de Shang ser comandante de Ping/Mulan – algo que ele não era mais quando ela voltou a sua aparência feminina.

    Por fim, cabe notar que a transformação de Mulan em Ping constitui um crossdressing, quer dizer, usar roupas e acessórios associados ao gênero oposto no dia a dia. E isso não é teoria de fã. No desenho, há uma cena em que uma das ancestrais da família Fa chama Mulan pejorativamente de "transformista".

    Se você quiser tirar suas próprias conclusões, basta rever Mulan no catálogo do Disney+.

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