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    Kung Fu Panda
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Kung Fu Panda

    QUANDO A BARRIGA ABUNDA

    por Roberto Cunha

    A brincadeira na apresentação da marca, embora meio clichê, continua. Em Kung Fu Panda a DreamWorks entrou no clima oriental e o resultado ficou muito bacana. O bom gosto, aliás, também acontece na abertura e no sonho do protagonista, que remetem ao estilo dos tradicionais Mangás (quadrinhos orientais).

    A regra para assistir esta animação é se despir de qualquer preconceito. Mais uma vez optaram por humanizar animais e escolher um, conhecido por sua preguiça, para ser o herói foi o trunfo do roteiro. Comilão e rechonchudo, Po é cativante como os pandas na vida real. Jack Black (O Amor Não Tira Férias) conferiu ao personagem seu jeitão sacana, mas sem deixar que o símbolo das causas ambientais e também do país sede das próximas olimpíadas, perdesse a ternura. Ele é filho de um pato (?!), é louco por Kung Fu e vende macarrão no Vale da Paz.

    O lugar é protegido por Mestre Shi Fu (Dustin Hoffman) e pelo ancião Oogway, uma tartaruga que lembra muito outro quelônio, só que "viajadão", de Procurando Nemo. Completam o time os Cinco Furiosos: Víbora, Garça, Louva-Deus, Macaco e Tigresa, discípulos de Shi Fu e representantes dos estilos da luta baseada nos movimentos dos animais. A aventura do herói começa quando ele coloca a sabedoria do mestre à prova, e ele descobre que a fraqueza de Po (a gula) será sua maior força para se tornar um Dragão Guerreiro. As seqüências do treinamento são bem divertidas, como a dos bolinhos e os tradicionais hashi (pauzinhos para comer), que ficou hilária. A curiosidade fica por conta do uso por Shi Fu de um shirai de bambu para "bater" no seu mais novo aluno. Essa prática também é usada por alguns mestres de artes marciais no Brasil.

    As coreografias são iguais aos clássicos filmes do gênero e a trilha sonora também. Destaque visual para as cenas na prisão do vilão Tai Lung e os combates entre o bem e o mal. Quem busca conteúdo mais adulto, típicos da Pixar, a saga de Po faz uma esquiva porque está mais para auto-ajuda no estilo "acredite que acontece". Kung Fu Panda é diversão pra valer com golpes, bundadas, barrigadas e gargalhadas. E uma coisa é certa: a briga entre a DreamWorks (Shrek e Madagascar) e a Pixar (Toy Story e Wall-E) ainda terá muitos rounds pela frente. E quem sai ganhando, felizmente, é quem gosta de se divertir!

    Não deixe de assistir os créditos finais. Além do sinal de uma provável seqüência, você pode ainda conferir a letra de uma versão atualizada de "Kung Fu Fighting", hit de Carl Douglas nos anos 70, quando a arte marcial explodiu mundo afora. A música está entre os 100 sucessos únicos mais lembrados da história. Um detalhe tupiniquim: no lançamento por aqui da versão dublada, Tigresa (Juliana Paes) teve mais destaque do que Shi Fu (Paulo José), dando mais espaço para a garota-propaganda de cerveja do que para um ator talentoso. Vai entender. A salvação, pelo menos, foi a escolha do competente Lúcio Mauro Filho para fazer Po.

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