Após o polêmico lançamento de Longlegs, que serviu como porta de entrada para muitos na filmografia de Oz Perkins, o diretor retorna com O Macaco, um filme que flerta com o terror, mas não se decide entre gêneros. Diferente do seu antecessor, este novo projeto se assume como uma obra de terror com toques de comédia, buscando entregar uma experiência híbrida ao espectador. No centro dessa história, Theo James assume o protagonismo, marcando seu papel de maior destaque após sua participação na série Magnatas do Crime. No entanto, mesmo com sua atuação dedicada, o ator não tem muito material para trabalhar, pois seu personagem se perde no meio de um roteiro descompassado e relações humanas mal desenvolvidas.
Oz Perkins, conhecido por sua estética peculiar e tentativas de inovação dentro do gênero, arrisca mais uma vez ao experimentar novas abordagens para o terror. No entanto, a falta de equilíbrio entre os gêneros se torna um grande problema. Enquanto Longlegs enganava o espectador ao vender uma proposta de terror puro e entregar algo muito mais introspectivo, O Macaco desde o início não esconde sua mescla com a comédia. O problema é que, ao contrário do que se poderia esperar, essa fusão de tons não funciona de maneira coesa. O terror se perde, restando apenas algumas sequências de mortes bem orquestradas que, embora criativas, não são o suficiente para sustentar o interesse na narrativa.
O maior problema do filme é sua inconsistência tonal. Perkins tenta equilibrar o humor e o horror, mas acaba prejudicando a experiência ao não conseguir dosar corretamente esses elementos. O resultado é uma obra que se esforça para parecer inovadora, mas que, na prática, não se decide sobre qual caminho seguir. O roteiro, que já mostrava falhas evidentes em Longlegs, aqui se afunda ainda mais. O que deveria ser um terror original e revigorante se perde em um roteiro que carece de coesão e desenvolvimento de personagens.
Além disso, os relacionamentos em O Macaco são tão mal construídos que muitas interações soam artificiais e desinteressantes. Os personagens são unidimensionais e suas dinâmicas carecem de profundidade, tornando difícil qualquer envolvimento emocional do público. Até mesmo os momentos que deveriam gerar impacto emocional se perdem devido a atuações que, embora esforçadas, não encontram respaldo no roteiro. Theo James até tenta adicionar um peso dramático ao seu personagem, mas esbarra nas limitações do material que tem em mãos, entregando uma atuação genérica e esquecível. Nem mesmo a talentosa co-star consegue salvar o filme de seu próprio destino desastroso.
No fim, O Macaco sofre para se justificar. O filme não consegue equilibrar o humor e o terror, resultando em uma experiência que não assusta, não diverte e tampouco revoluciona o gênero, como Perkins parece acreditar. Em comparação com Longlegs, percebe-se uma clara regressão técnica: até mesmo a ambientação e a fotografia, pontos que antes se destacavam, aqui parecem apagados. No fim das contas, O Macaco falha ao tentar ser inovador e acaba se tornando um espetáculo de fatalidades criativas que, apesar de estilizadas, não são suficientes para sustentar um filme com uma narrativa tão inconsistente. O que poderia ser um respiro novo para o terror acaba deixando apenas a sensação de desperdício de potencial.