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    Ghostbusters: Apocalipse de Gelo
    Críticas AdoroCinema
    3,0
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    Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

    Nostalgia funciona com o elenco original de volta, mas franquia precisa superar o passado

    por Bruno Botelho dos Santos

    Os Caça-Fantasmas é um marco na cultura popular, tanto que até hoje serve como fonte de inspiração para filmes e séries que tentam trazer de volta o espírito oitentista presente na franquia – como é o caso da série Stranger Things. Na tentativa de conversar com um novo público, o reboot Caça-Fantasmas (2016) foi lançado nos cinemas estrelado por um elenco feminino, mas não foi bem recebido pelos fãs e fracassou.

    Por isso, Ghostbusters - Mais Além (2021) foi lançado como uma sequência dos originais, Os Caça-Fantasmas (1984) e Os Caça-Fantasmas 2 (1989), apresentando um novo elenco e reunindo os personagens clássicos. O resultado foi um sucesso e abriu caminho para a sequência Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (2024).

    Em Apocalipse de Gelo, a família Spengler retorna para onde tudo começou: a famosa estação de bombeiros em Nova York. Eles pretendem se unir com os caça-fantasmas originais que desenvolveram um laboratório ultrassecreto de pesquisa para levar a caça aos fantasmas a outro nível, mas quando a descoberta de um artefato antigo libera uma grande força do mal, os Ghostbusters das duas gerações precisam juntar as forças para salvar o mundo de uma segunda Era do Gelo.

    Reunião de gerações em Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

    Sony Pictures

    Ghostbusters - Mais Além foi uma homenagem ao falecido Harold Ramis, que interpretou Egon Spengler na franquia. É uma sequência dos dois primeiros filmes 32 anos depois e apresenta a filha de Egon, Callie (Carrie Coon), e seus filhos Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckenna Grace) se mudando para sua fazenda em Oklahoma. Lá, ele deixou para trás o legado de seu tempo como Caça-Fantasmas, o que eles eventualmente assumem ao lado do professor Gary Grooberson (Paul Rudd) e com ajuda de Peter Venkman (Bill Murray), Ray Stantz (Dan Aykroyd) e Winston Zeddemore (Ernie Hudson) para vingar a morte de Egon e derrotar Gozer de uma vez por todas.

    Enquanto Mais Além serviu como homenagem para Harold Ramis e apresentação de novos personagens, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é uma retomada de elementos clássicos da franquia e se aproveita mais da nostalgia dos filmes originais (para o bem e para o mal). Na sequência, Callie, Trevor, Phoebe e Gary já estão estabelecidos e atuando realmente como Caça-Fantasmas. Inclusive, eles se mudaram para a icônica estação de bombeiros em Nova York das primeiras aventuras nos anos 80.

    Gil Kenan, roteirista do filme anterior, assume a direção no lugar de Jason Reitman – que continua no roteiro ao lado de Kenan. Ele deixa de lado o clima mais sombrio de Mais Além, voltando ao estilo de comédia e aventura descontraída, enquanto temos a reunião da nova e velha geração na trama. Só que, desta vez, Bill Murray, Dan Aykroyd e Ernie Hudson têm um papel mais importante do que uma mera participação especial e estão acompanhados de outros retornos como Annie Potts (Janine Melnitz) e William Atherton (Walter Peck). Apocalipse de Gelo aumenta as apostas, com uma ameaça ainda mais perigosa, o que leva à união dos novos e velhos Caça-Fantasmas.

    Nostalgia ainda funciona bastante em Ghostbusters, mas franquia precisa superar o passado

    Sony Pictures

    Não é surpresa para ninguém que nostalgia vende como água em Hollywood. É uma fórmula que costuma funcionar e, consequentemente, é mais fácil e confortável para grandes estúdios apostarem suas fichas. Isso ainda é um fator muito importante em Ghostbusters, com a preocupação em manter e respeitar o legado da franquia. É incrível e emocionante ver Bill Murray, Dan Aykroyd e Ernie Hudson em ação, mas é inegável que isso tira o espaço para que outros nomes brilhem mais.

    Em Ghostbusters: Apocalipse de Gelo, isso fica bem claro. Gil Kenan enche o filme de personagens, tanto novos quanto velhos conhecidos, e são apresentadas tantas tramas paralelas que nenhum deles consegue ter o desenvolvimento necessário.

    Da nova geração, Phoebe de Mckenna Grace é quem se destaca mais. Com sua jornada de amadurecimento e criando relacionamento com uma fantasma, ela se torna o coração do filme pela sua vontade de se tornar uma Caça-Fantasmas. Enquanto isso, Callie (Carrie Coon), Trevor (Finn Wolfhard) e Gary Grooberson (Paul Rudd) não são tão bem aproveitados como esperamos, funcionando melhor apenas na dinâmica da equipe em ação. Das novidades, Nadeem (Kumail Nanjiani) e Dr. Hubert Wartzki (Patton Oswalt) são peças importantes para a história do vilão e servem muito bem como alívio cômico.

    Da velha geração, Ray (Dan Aykroyd) e Winston (Ernie Hudson) são os que se encaixam melhor em Apocalipse de Gelo, enquanto Peter Venkman (Bill Murray) aparece pouco. O personagem de Hudson tem um papel fundamental como financiador de pesquisas para aprimoração dos Caça-Fantasmas, enquanto o de Aykroyd tem uma loja paranormal e ainda não deixou para trás seu tempo na equipe. Ele, de certa forma, representa essa necessidade da franquia em superar o passado e seguir em frente.

    Apocalipse de Gelo tem vilão mais perigoso, mas ainda é frustrante

    Sony Pictures

    Depois da derrota de Gozer no filme anterior, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo apresenta aquele que o próprio diretor Gil Kenan considera como o vilão mais perigoso e ameaçador da franquia: Garraka, um antigo espírito aprisionado por séculos que é libertado por um artefato antigo e pretende cobrir o mundo de gelo.

    No começo, é bem interessante como a mitologia e ameaça do Garraka é construída em Apocalipse de Gelo, incluindo uma aterrorizante cena de abertura que apresenta o vilão. Depois disso, os personagens também precisam lidar com a possibilidade de que os fantasmas presos na estação de bombeiros em Nova York escapem. Toda essa construção é bem trabalhada pelo roteiro, mas o confronto final é decepcionante.

    Garraka realmente é essa figura imponente e perigosa, mas quando ele aparece de vez na parte final é um tanto frustrante, principalmente por seu visual genérico e CGI duvidoso. Mas o que incomoda mesmo é que esse confronto tão esperado é resolvido de forma apressada e atrapalhada, o que prejudica o clima de nostalgia envolvendo essa reunião dos novos e clássicos Caça-Fantasmas em ação. Assim, uma cena que era para ser empolgante e emocionante acaba não tendo nada de especial.

    Vale a pena assistir Ghostbusters: Apocalipse de Gelo?

    Sony Pictures

    Se você é fã de Caça-Fantasmas, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo promete muita diversão e nostalgia, especialmente pelo retorno de elementos clássicos da franquia, voltando à Nova York, e uma nova reunião entre a nova e velha geração da equipe. Então, espere por mais uma participação de Bill Murray, Dan Aykroyd e Ernie Hudson – agora aparecendo ainda mais.

    Mas, infelizmente, Apocalipse de Gelo sofre com uma quantidade desnecessária de personagens e tramas paralelas, que atrapalham o desenvolvimento dos protagonistas. O filme não consegue ser tão diferente e criativo quanto Ghostbusters - Mais Além, e na maior parte do tempo acaba apelando e repetindo o que já deu certo nos filmes originais.

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