Filmes baseados em livros, em bons livros, geralmente possuem boas chances de também serem bons. Essa tag sempre me faz pelo menos ler a sinopse do filme, e A Ira de Deus ganhou os requisitos para que eu o assistisse. 97 minutos bem investidos.
Suspense psicológico é um gênero para poucos. Seu ritmo lento, sem ação frenética, sem carros voando, sem lutas épicas, pode entediar os inquietos. A complexidade das tramas, marcada pela sutileza de eventos, pode espantar os desavisados. A Ira de Deus não foge a essas características, possuindo uma trama envolvente e um ritmo pacato e tenso.
O filme falha apenas em explorar melhor o fator investigativo. Esteban não consegue levantar nenhuma evidência senão coincidências perturbadoras. Talvez a obra-fonte faça um trabalho melhor em levantar mais suspeitas, mas o livro está na minha fila de leitura.
Li alguns comentários sobre as atuações de Achaga e Minujín serem um pouco sem sal e sem açúcar. Gostei do estilo reservado e meticuloso de Esteban e achei que Luciana me pareceu bem desequilibrada, emocionalmente afetada. A dublagem para minha língua talvez tenha ajudado avivar melhor as personagens.
Com uma duração aceitável, A Ira de Deus prende pelo tempo necessário para entregar uma história forte de vingança e luto. Até onde as coincidências são apenas isso: coincidências? Em A Ira de Deus, o desfecho pode lhe surpreender.