Não sei por que as pessoas tendem a pensar que "vilões" são loucos, andam de quatro e babam na gravata...
Nada mais longe da verdade, pois eles são gente como a gente, presos em vidas entediantes e medíocres, seres humanos, enfim!
É muita ingenuidade imaginar que assassinos, ladrões, estupradores e ditadores sanguinários têm peso na consciência quando dormem à noite! Isso poderia nos "confortar", mas estes tipos asquerosos têm o sono leve e tranquilo dos anjos, certamente bem mais tranquilo do que o do dito cidadão comum.
Em ZONA DE INTERESSE, o funcionário padrão da alta burocracia, um ser humano igual a qualquer outro, quer apenas cumprir com o seu dever com o máximo de competência possível! E o fato de um desses deveres ser construir crematórios que queimem pessoas indesejáveis mais rápido e com custo menor é só um "detalhe" que não lhe diz respeito.
O que pode incomodar alguns é que em ZONA DE INTERESSE Jonathan Glazer expôs, e creio que com intenção, a banalidade do mal sendo banal. O filme só se permite sair do lugar comum e do tédio em sua primorosa edição de som e sua coragem é justamente essa: mostrar que a rotina e a mediocridade cotidiana dos carrascos e assassinos são idênticas às das autodenominadas "pessoas de bem".
Nestes tempos em que muitos se julgam retos, corretos, justos e íntegros, acima do bem e do mal e seguidores fiéis dos mandamentos de Deus, seja este Deus qual for, este filme não deixa de ser um grande soco na cara das pessoas que se julgam desta forma, porque mesmo estes seres perfeitos podem ter algumas atrocidades incluídas entre suas rotinas diárias.