“Não Fale o Mal” é a prova de que falta de noção e frouxidão podem ser mortais no cinema... literalmente. O protagonista aqui é, sem sombra de dúvida, um dos personagens mais irritantemente covardes que já vi na tela. Dá vontade de gritar: "Meu amigo, cresce!"
Mas olha, vou ser honesto: esse filme tinha tudo pra dar errado. Reboot de uma obra europeia, elenco que não empolga e um diretor desconhecido, embora experiente. Só que, talvez pela expectativa lá no chão, o filme acabou me ganhando. E me ganhou rápido. Os primeiros cinco minutos já definem o tom: um clima tenso, cheio de desconforto, que te prende desde o começo.
James McAvoy entrega bem como o clássico personagem sem noção. Ele é bom em interpretar malucos, e aqui ele está no ponto certo. Mackenzie Davis, por outro lado, rouba a cena. Ela é aquela final girl clássica, esperta, durona, e segura a onda com tranquilidade.
A direção é bem simples, mas funciona. Aquele terror psicológico misturado com drama e paranoia que, mesmo sem reinventar a roda, cumpre o papel. A trama é direta: uma casa, uma família sendo perseguida, um psicopata. Ok, já vimos isso umas mil vezes, mas sabe o que salva? A execução. O diretor tem um controle preciso do ritmo, esticando cenas só o suficiente pra te deixar desconfortável. É aquele tipo de incômodo que mistura vergonha alheia e tensão.
Agora, vou ser sincero: faltou brutalidade. Queria que o filme fosse mais gráfico, mais visceral. Não que isso o estrague, mas dava pra ter subido a barra. A raiva crescente que você sente do “Ben Dalton” é mérito do Scoot McNairy, que manda bem. Ele consegue ser tão irritante que, se você quiser socá-lo mentalmente, parabéns, é sinal de que ele fez o trabalho direito.
Sobre a versão europeia? Não vi, mas conhecendo o cinema do velho continente, aposto que ela é mais pesada e impactante. Ainda assim, a adaptação americana não decepciona. Não é um filme que vai entrar na sua lista de favoritos, nem ser lembrado daqui a alguns anos, mas funciona no agora.
No final das contas, é um thriller honesto. Tem falhas, mas entrega o que promete. Nota: 7/10.