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    Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano

    Um novo auge

    por Renato Furtado

    Amontoados em uma pequena vassoura voadora a caminho da Itália para tentar desvendar o sequestro de um grupo de crianças, os jovens detetives Pippo (Pedro Henriques Motta), Sol (Letícia Braga) e Bento (Anderson Lima) não podem esconder que cresceram, tanto física quanto mentalmente. Felizmente, o mesmo também acontece com o filme em si: considerando que um longa é o reflexo de seus protagonistas, Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano amadureceu junto com o trio principal.

    Ainda que o período que separe o D.P.A. original das telonas desta sequência seja de pouco mais de um ano, a saga dos investigadores do Prédio Azul atinge, aqui, uma ótima etapa, muito por causa da bem-vinda injeção de recursos promovida pela expressiva bilheteria do primeiro filme, que atraiu mais de 1,3 milhão de espectadores às salas de cinema. Agora sob a direção de Vivianne Jundi (Os Dez Mandamentos, a novela), Detetives do Prédio Azul retorna um pouco mais sério, mas bem mais sofisticado e cinematográfico, sem jamais perder as bases de entretenimento infantil que fundamentam o seriado original há 11 temporadas (e contando).

    De fato, é um equilíbrio complexo e, pela proposta em si, já valeria o esforço. Jundi e sua equipe, no entanto, não perdem tempo na busca pelo objetivo. Enquanto um maior investimento na parte musical mantém a leveza — um “concurso” de canções que tem a presença de jovens talentos do programa The Voice Kids é o centro da narrativa —, chama a atenção, por outro lado, a boa variação de enquadramentos, frequentemente dentro do mesmo plano; movimentos de câmera totalmente à serviço da condução da trama, de steadicams ao uso de drones; e o nítido cuidado da produção com os detalhes, da iluminação à direção de arte e, é claro, passando pelos efeitos visuais.

    É importante notar a progressão técnica porque O Mistério Italiano é claramente posicionado como um filme para a maior amplitude de faixas etárias possível, por mais que o público público infantil, cativo do seriado original, siga como principal é inequívoco alvo. Onde D.P.A. - O Filme é, de certo modo, ingênuo — seja de um ponto de vista de produção, seja de um ponto de vista de conteúdo —, seu sucessor é mais bem realizado e aprofundado, como a variação de consistência das motivações dos antagonistas de ambos os longas comprova: se anteriormente os detetives precisam derrotar uma bruxa (Maria Clara Gueiros) movida por um rancor invejoso pouco explorado, agora seus inimigos desejam roubar a vitalidade de crianças para conseguir a proibida vida eterna.

    Desse modo, a saga dos investigadores mirins adentra um território muito mais próximo das primeiras histórias de Harry Potter — ainda que sem o mesmo peso emocional encontrado nas obras de J.K. Rowling, já que são as crianças continuam que ditam o ritmo e a natureza de D.P.A. — do que das histórias televisivas. Tirando algumas páginas do manual das aventuras do feiticeiro britânico, O Mistério Italiano encontra espação para apostar com segurança nas paisagens do Rio de Janeiro e da adorável e turística região da Puglia, na Itália, e em efeitos especiais competentes — o desafio de imaginar magias visualmente é alcançado com sucesso aqui. Os personagens, por sua vez, surgem caricatos e canastrões (Fabiana Karla e Diogo Vilela, principalmente) na medida correta, com um pé mais posicionado na realidade.

    Por mais que surja pouco em cena, a Leocádia de Claudia Neto é menos histérica, antagônica e antipática do que a interpretação original de Tamara Taxman para a personagem, uma diminuição de volume que acompanha bem a introdução de Berenice (Nicole Orsini) nas telonas. É a bruxinha, aliás, que tem o arco principal de O Mistério Italiano, servindo como representante das temáticas trabalhadas por Jundi e cia.: o valor da amizade e a importância da superação de diferenças — principalmente entre as duas meninas que encabeçam o elenco, Braga e Orsini, cujas personagens iniciam com o pé esquerdo em uma relação de competitividade e rivalidade para terminar em um estágio de evidente cumplicidade feminina.

    Evolução clara e até mesmo natural a julgar pelo ótimo rendimento do filme original, Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano expande a franquia e segue ocupando um lugar importante na cinematografia nacional recente, carente de boas produções infantis. Caso, no futuro, tal desenvolvimento seja mantido, particularmente na direção mais séria, abarcando espectadores mais velhos com diálogos mais polidos e temáticas substanciais, D.P.A. pode tornar-se ainda mais relevante — exemplos de produções infantis na superfície e de extrema maturidade narrativa no fundo não faltam, como os títulos da Pixar. De uma forma ou de outra, arriscando-se mais no futuro ou não, esta franquia seguramente tem seu novo auge em O Mistério Italiano. O padrão foi novamente elevado para a terceira aventura dos detetives.

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