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    Greyhound: Na Mira do Inimigo
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Greyhound: Na Mira do Inimigo

    Uma guerra isenta de emoção

    por Barbara Demerov

    Se podemos comparar Greyhound brevemente com outros trabalhos de Tom Hanks, isso só é possível quando levamos em conta os filmes Sully - O Herói do Rio Hudson e Capitão Phillips. Os diretores destes projetos, Clint Eastwood e Paul Greengrass, foram capazes de desenvolver um ótimo e profundo desenvolvimento dos protagonistas de cada história - por mais que elas se passem boa parte do tempo no ar ou no mar e retratem momentos pontuais de suas vidas. Estas comparações são necessárias pois, no mais recente filme protagonizado por Hanks, o que mais se destaca é justamente a ausência de mais elementos que possibilitem uma aproximação maior do espectador para com a situação narrada.

    Greyhound adapta o livro The Good Sheperd, escrito em 1955, e é ambientado durante a Segunda Guerra Mundial. Hanks interpreta o capitão Ernest Krause, que recebe a difícil missão de levar 37 navios aliados pelo Atlântico numa espécie de campo minado por submarinos nazistas. Ele sabe que, por não ter apoio aéreo, terá de ficar em constante vigilância junto de sua equipe. O roteiro (escrito pelo próprio ator) se apoia essencialmente no imediatismo e na urgência da missão. Logo, o espectador fica na posição de observador de toda a missão.

    O problema nesta escolha é que, por conta de o roteiro não se aprofundar na imagem de Krause como homem além de capitão, Greyhound não é capaz de trazer a mesma emoção que vimos no pouso de emergência em Sully, por exemplo. Apesar da já esperada boa atuação de Hanks, seu personagem Krause reproduz poucas emoções a quem acompanha sua tarefa, pois não sabemos quem ele é de fato. Há um esforço em mostrar isso, é claro: a cena de abertura mostra Krause dando adeus à sua namorada e, no navio, o capitão mantém uma relação respeitosa com o cozinheiro.

    UM DRAMA DE GUERRA SOBRE O MOMENTO PRESENTE QUE NÃO SE APROFUNDA NA EMOÇÃO

    Mas estes momentos, que poderiam ser valiosos para a composição do protagonista, são breves e superficiais. A impressão que fica é a de que o roteiro inseriu tais cenas pontuais apenas para dar o mínimo de background a Krause. No entanto, por serem tão efêmeras, elas mais parecem ter sido forçadas ali para deixar claro que, sim, existe um homem por trás do uniforme norte-americano. Se houvesse mais tempo para preparar o material referente à essência de Krause, Greyhound seria outro filme e avançaria muitos passos à frente, saindo do lugar-comum da tensão durante a missão de guerra.

    A pressa em apresentar o personagem afeta diretamente a imersão no todo. Por mais interessante que seja notar as sensações claustrofóbicas que permeiam as cenas dentro das cabines (assim como a tensão dos ataques entre EUA e Alemanha em alto mar), o filme não tarda a seguir exatamente a mesma tendência ao longo de seus 90 minutos: ataques, breves diálogos de Krause com seus colegas, mais ataques e algumas passagens de tempo notificadas na tela.

    De tanto seguir o protocolo de um filme inspirado no horror da guerra, com cenários obscuros e o foco na missão principal, Greyhound acaba não entregando uma identidade própria. Nos momentos finais, o filme chega a abordar o esgotamento físico e mental de um capitão que dá tudo de si para ajudar seu país, mas a empatia que vai do espectador ao protagonista só acontece graças ao que se apresenta na missão em si. Se a intenção de Hanks enquanto roteirista era de humanizá-lo, não houve o aproveitamento suficiente de sua personalidade e lutas internas. No fim, ainda não é possível saber quem era Krause.

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    Comentários

    • Marcio S.
      Honestamente, parece que a crítica não possui nenhuma experiência de serviço militar. Humanizar o Capitão, como assim?Soldados humanizados foram, são e sempre serão àqueles que os soldados não humanizados saúdam em seus memoriais.O filme alcançou seu propósito com êxito, mostrou a dura realidade no Atlântico Norte durante aquele período sombrio da humanidade e se não fossem soldados não humanizados, imbuídos exclusivamente pela determicao de cumprir suas missões, ninguém poderia ter contado aquelas histórias.Eu nunca quis saber quem era o humano, o homem por trás do capitão Krause, mas sempre quis saber da sua competência no mar como capitão e a prova disso, bem como a existência de sua humanização seu deu na cena final, quando Greyhound é ovacionado por toda a tripulação do outro navio, não só por Greyhound ter cumprido sua missão, mas todos aqueles homens estarem no mar inglês com vida.Vcs falam muita bobagem. Parem de análises técnicas cinematográficas.
    • Andre Rovigatti
      Equilibrada avaliação. Pessoalmente, achei pobre de enredo, sem o menor cuidado com os aspectos táticos das batalhas, confuso, enfim um tema impróprio para um filme. Só para os fãs de carteirinha do Tom Hanks . Filme vazio. Só videogame. Nota 2.
    • Andre Rovigatti
      Enfim um brasileiro honesto. Perfeita avaliação.
    • RASF
      Exatamente. As pessoas se acostumaram com os clichês. O ponto de vista desse filme é espetacular!!!
    • Joaquim Augusto Domingues
      As críticas ao filme são feitas por pessoas que desconhecem a história da Segunda Guerra Mundial e o que se passou na Batalha do Atlântico, numa fase onde as alcatéias de U-Boats predominavam e a tecnologia das marinhas aliadas era incipiente. O filme se passa exatamente onde deveria acontecer, na ponte de comando do destroier e toda o azáfama de ordens e contra-ordens. Filme bem dirigido, bem produzido com Tom Hanks brilhando novamente em sua atuação.
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