13 indicações ao Oscar!
A FORMA DA ÁGUA (The Shape of Water
Escrito, dirigido e produzido por Guillermo del Toro, A FORMA DA ÁGUA chega como o grande favorito ao Oscar 2018. O longa está causando uma grande repercussão e eu estava ansiosíssimo pra conferir a mais nova obra tão badalada de Del Toro.
Acabei de sair do cinema arrepiado, com um frio na barriga, completamente impactado e emocionado. A FORMA DA ÁGUA não é somente o melhor trabalho de Del Toro até aqui, mas é também o melhor filme do ano (estamos no começo do ano e eu já afirmo com total certeza). Um filme lindo, impactante, emocionante, tocante, verdadeiro, leve, suave, gostoso, com todas as qualidades possíveis. Um filme que não se prende em rótulos, que flui de acordo com a imaginação de cada um, uma fábula, um conto, uma peça teatral, uma fantasia, uma poesia, uma passagem, tudo o que a sua imaginação buscar você pode colocar no filme.
É impressionante a forma como Del Toro conduz o longa, a forma como ele traça toda sua história, a maneira como ele escreve um roteiro original e encaixa em uma parte verídica da história norte-americana (a corrida espacial entre os EUA e a União Soviética nos anos 60). Esse é o filme que define completamente o Guillermo del Toro, com todas suas qualidades e suas características, com todos os seus ingredientes que já observamos em seus longas anteriores (como O Labirinto do Fauno). Um roteiro completamente coeso e muito bem amarrado, muito bem encaixado, onde podemos observar o cotidiano de Elisa (Sally Hawkins) entre seu trabalho e sua casa. Até o momento em que ela descobre a criatura presa no laboratório, é nesse exato momento que o filme cresce e ganha toda sua magia, nos conduzindo para um universo sublime e avassalador, com uma linda e tocante história de amor do mais alto escalão da história do cinema.
A FORMA DA ÁGUA é sublime e angustiante, é lindo e tenebroso, é mágico e espantoso, é um filme que consegue arrancar os nossos mais profundos sentimentos de alegrias e tristezas. Eu me prendi ao filme, me doei ao filme, me teletransportei para o filme, é como se eu pudesse vivenciar a história de Elisa. A magia que eu vivi na sala de cinema acompanhando esse filme é algo completamente esplêndido, completamente diferente de tudo que eu já passei. Toda trajetória de Elisa, a sua descoberta do verdadeiro amor, a forma como ela consegue observar a criatura e trazê-la para o mundo real, até mesmo suas comparações, uma vez que a própria Elisa também se considera um ser diferente (por todos os acontecimentos que ela passou em sua vida desde o dia em que nasceu), é algo completamente mágico e verdadeiro.
Del Toro colocou sua criatura no filme pra fazer o nosso cérebro parar, nos dar um choque de emoção, nos mostrar um história fictícia que podemos facilmente trazê-la para o mundo real. É completamente sublime e geniosa a forma como podemos facilmente classificar a criatura em questão, como um deus, um monstro, um ser fantasioso ou, até mesmo uma figura inexistente, algo da imaginação de Elisa. Tudo no filme te dá margens pra sua imaginação, é essa a magia de Del Toro, é essa a genialidade em questão. Você pode facilmente classificar Elisa como não-humana, pode facilmente encaixá-la como uma mulher-peixe, ou você pode se deixar levar pela sua imaginação e colocar a sua forma e sua interpretação. É completamente fantástico!!!
Não foi à toa que o longa obteve 13 indicações da academia, tudo funciona com a mais perfeita genialidade, com a maior riqueza de detalhes possível. A trilha sonora de Alexandre Desplat é completamente genial, maravilhosa, fantástica, é o casamento perfeito. Uma trilha sonora rica em detalhes, bem ajustada, bem encaixada, que nos imergia completamente na história, que nos passava a dimensão da magia em tela (belíssima indicação ao Oscar para Alexandre Desplat). Uma fotografia graciosa, delicada, com um tom esverdeado que ficou completamente estupendo. A direção de arte do filme é pra ganhar aplausos de pé, um trabalho incrível, uma perfeição de detalhes absurda. Podemos observar uns cenários muito bem encaixados pra época, com tudo muito bem montado, muito bem trabalhado, tudo funcionando perfeitamente, com uma ambientação incrível. A forma como Del Toro usa suas câmeras nas capitações de detalhes é esplêndido, com focos muito bem ajustados, com tomadas de cenas grandiosas que nos permitia observar o rosto e as expressões faciais de Elisa de uma forma magistral (merecedor do prêmio de Melhor Diretor).
Sally Hawkins está genial, está brilhantemente perfeita! Uma atuação forte, destemida, de uma entrega maravilhosa, um trabalho estupendo. Uma personagem muda que passa o filme inteiro sem dar uma palavra, que usa suas expressões com muita genialidade, que nos cativa e nos emociona somente com o olhar - SENSACIONAL! Sally Hawkins é a magia de Del Toro e entra muito forte na disputa pelo prêmio de Melhor Atriz do ano. É minha favorita e torcerei fervorosamente pra ela, apesar de todo favoritismo de Frances McDormand.
Temos ainda excelentes destaques no longa como Michael Shannon, que está maravilhosamente bem! Um personagem forte, impetuoso, agressivo, intrigante, machista, preconceituoso, sádico, que pode ser muito bem tachado como o vilão de Elisa. Um trabalho sensacional de Michael Shannon! Richard Jenkins que está indicado ao Oscar também entrega um ótimo trabalho. Ele funciona como o grande amigo de Elisa, ele a ajuda de todas as formas, até mesmo comprando a sua ideia de fuga com a criatura. Carismático, engraçado e muito bem em cena, Richard Jenkins completa a personagem de Sally Hawkins com muita grandeza. Octavia Spencer faz a amiga de trabalho e a confidente de Elisa. Gostei do trabalho entregue pela Octavia, ela está bem, ela se coloca muito bem em cena, tem seus momentos engraçados e dramáticos. Porém, achei bem normal, nada que justifique sua indicação ao Oscar. Gostei do personagem do Michael Stuhlbarg, acho que ele contribuiu muito bem pra trama. E como não destacar o trabalho de Doug Jones - simplesmente incrível. O grande amigo e parceiro de décadas de Del Toro, que dá vida aos seus inúmeros monstros.
Portanto: O mais novo trabalho de Guillermo del Toro é uma verdadeira obra de arte cinematográfica, uma belíssima obra-prima, uma pérola, uma obra poética. Nos entregando um final surpreendentemente magnífico, uma cena final aberta, que você pode interpretá-la da forma que você quiser - É INCRÍVEL! Fortíssimo candidato ao "Melhor Filme do Ano" e meu preferido com toda certeza.
"Brilha Del Toro, chegou a sua hora" [03/02/2018]