Um filme que vai da lúdica obra francesa "o fabuloso destino de Amélie Poulain" ao trash japonês"Guinea Ping". Um filme de imersão e construção de personagens impecáveis. Guilherme Del Toro constrói um enredo com diversos espelhos narrativos a "labirinto do fauno", um conto de fadas que se mistura a brutalidade da natureza humana, uma conjectura sobre amor. odio, depressão e auto afirmação. O roteiro de "A forma da Agua" nós conta uma historia de amor gótica, bizarra, e que traz consigo uma serie de características, características essas que são apoiadas em seus diversos, e fabulosos personagens, o que para mim é o ponto alto do roteiro, a construção de personagens, temos uma personagem em busca do amor e seu contraponto, aquela que já está enjoada do amor, temos personagens em busca de auto descobrimento, e em contra partida, personagem que já se auto descobriu, e que por isso, precisa se auto afirmar, Ou seja, o romance entre uma mulher e uma criatura marinha é apenas uma desculpa para explorar e unir os mais diversos sentimentos e angustias humanas, e mesmo esse romance sendo diminuido em meu texto, no filme, ele é absurdamente explorado, deste a solidão e abstinência vivida pela personagem da Sally Hawkins que acaba desencadeando nela uma curiosidade ao novo, e até mesmo ao fato da mesma ser muda, isso cria um elo com a criatura, e deixa as cenas muito mais lindas, pois temos apenas o recurso visual para contemplar a paixão dos dois, paixão que transcende moral ou linguagem, é apenas um personagem completando o vazio do outro e se comunicando através da linguagem universal do amor, Romântico demais? pode ser, pois o filme todo se comporta como um romance francês dos anos 90, com alguns pequenos choques de realidade, não podemos deixar de citar o quanto os diálogos são afiados e muito inteligente. A moral do longa é realmente falar sobre peculiaridades de seus personagens, que embora a conturbação que o mundo vivia nos anos 60, os sentimentos humanos mais primitivos ainda se sobressiam, e as pessoas, até ditos os "Vilões" tinha seus dramas, pois o personagem de Michael Shannon é completamente quebrado, é um vilão que precisa ficar a cada segundo se auto afirmando, isso o deixa completamente meticuloso e assustador, porem humano. Tecnicamente o longa é impecável, com uma paleta de cores esverdeadas, uma edição que cadencia bem o ritmo do filme, ótimas edição e mixagem de som, além de um design de produção invejável e figurino impecável e uma trilha sonora que passeia por canções dos anos 40,50,60 sempre de uma forma leve que combina muito com o filme e faz o telespectador se apaixonar com o longa de Del Toro. Guilherme Del Toro, alias, que pode ganhar seu primeiro oscar, o fabuloso diretor dirige um filme quase completamente perfeito, mostrando que o "O Labirinto do Fauno" não foi apenas sorte e sim competência do diretor mexicano, que encanta com seus monstros, roteiro e técnica, apesar de eu achar que "Labirinto Do Fauno" ainda é a sua obra prima, mas "A forma Da Aguá" é o filme que irá escancara a qualidade do diretor para o mundo. Todos os atores do filme estão espetacularmente ótimos, Sally Hawkins, Octavia Spencer e Richard Jenkins formam um trio perfeito de atuações, e todos esses foram muito bem premiados por suas ótimas atuações, mas eu queria citar também Michael Shannon, que mesmo um pouco esquecido nas premiações, está ótimo em seu papel, o ator tem uma presença de tela magnifica. O longa peca apenas no seu ato de conclusão, o filme encerra no momento errado, e não temos o dualismo entre real e ludico que eu esperava, alem do filme pouco explorar o drama de Michael Stuhlbarg, por fim, "A forma Da Agua" é um dos grandes filmes de 2018, é uma obra indispensável aos amantes de cinema.