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    Certo Agora, Errado Antes
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Certo Agora, Errado Antes

    Bem-me-quer, mal-me-quer

    por Francisco Russo

    Hong Sang-soo é um diretor que tem uma assinatura cinematográfica muito própria, com características perenes ao longo de sua carreira: a câmera estática e com poucos movimentos, o humor provocado através do diálogo em situações inesperadas e uma certa liberdade de formato que lhe permite ousar na narrativa. É o que acontece neste Certo Agora, Errado Antes, cujo título é uma representação literal do que acontece no decorrer do longa-metragem.

    Explica-se. Dividido em duas partes, Sang-soo basicamente recria a história a partir de sua metade, com ligeiras modificações. A intenção do diretor é causar o famoso efeito borboleta, mostrando como pequenas mudanças de postura ou de resposta alteram drasticamente a continuidade de um enredo. Uma proposta até mesmo simples, mas ao mesmo tempo ousada, por mexer na estrutura clássica de um longa-metragem. Inclusive, é bem provável que o reinício da história surpreenda muitos espectadores, ao menos aqueles que não saibam de antemão de tal truque narrativo.

    No mais, Sang-soo adota sua já conhecida linha narrativa, onde a vida segue de forma naturalista, sempre observada através da lente. Desta vez é possível acompanhar um consagrado diretor de cinema, que chega à cidade sul-coreana de Suwon para ministrar uma palestra. Um dia antes do evento, ele encontra uma artista e passa a paquerá-la, com resultados distintos. É neste ponto que a proposta implementada pode ser observada em sua sutileza, comparando um trecho ao outro de forma a avaliar as mudanças feitas e suas consequências.

    Com uma trilha sonora suave e personagens cativantes, Certo Agora, Errado Depois funciona não apenas como exercício de linguagem, mas também como análise pessoal sobre a importância da honestidade no dia-a-dia. Destaque também para a cutucada dada aos críticos arrogantes e às respostas tão distintas, e tão importantes, sobre como definir cinema.

    Filme visto no 17º Festival do Rio, em outubro de 2015.

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    Comentários

    • António
      Ao contrário dos muitos filmes Coreanos que tenho visto nos últimos tempos, em que geralmente imperam a originalidade, a criatividade, a excelência das histórias e as ótimas representações, neste filme todos estes aspetos ficaram aquém das minhas expetativas. Esperava bastante mais, até porque a pequena sinopse que tinha lido sobre o filme era bastante prometedora. Nos últimos tempos, este foi o primeiro filme Coreano que me desiludiu um pouco (6/10).
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