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    Five Nights At Freddy's - O Pesadelo Sem Fim
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Five Nights At Freddy's - O Pesadelo Sem Fim

    Quem tem medo dos animatrônicos?

    por Rafael Felizardo

    Lançada em agosto de 2014, Five Nights at Freddy's é uma franquia de jogos de videogame que conquistou os apaixonados por survival horror. Pensado, desenvolvido e publicado pelo multitarefas, Scott Cawthon, no primeiro game, o jogador atua como segurança noturno de uma pizzaria fictícia, devendo completar seu turno sem ser assustado pelos animatrônicos que habitam a instalação.

    Quase dez anos depois, o mundo do suspense, então, vê chegar às salas de cinema o quase-homônimo Five Nights At Freddy's - O Pesadelo Sem Fim, agora, com protagonismo de Josh Hutcherson e temperado por aquele toque de adaptação que Hollywood jamais vai se cansar.

    FIVE NIGHTS AT FREDDY’S SE AFASTA DE SUA ESSÊNCIA

    Na trama, somos apresentados a Mike Schmidt (Hutcherson), um jovem quase deprimido que é contratado para trabalhar como vigia noturno do tipicamente americano, Freddy Fazbear's Pizza. Com um passado de glórias, o restaurante encontra-se atualmente abandonado, guardando uma série de bonecos animatrônicos que fizeram a festa das crianças em épocas passadas. No decorrer da história, acontecimentos estranhos passam a acontecer no local durante o turno de Schmidt, precisando, o rapaz, lutar se quiser sobreviver.

    Se historicamente adaptações cinematográficas costumaram fracassar em termos de audiência, nos últimos anos, o cenário parece lentamente mudar. Recentemente, obras como The Last of Us, Super Mario Bros. - O Filme e Sonic 2 - O Filme foram responsáveis por conquistar o público, injetando ainda mais gás a uma indústria apaixonada pelas comodidades dos remakes, reboots e spin-offs.

    Desta forma, em Five Nights at Freddy's, acompanhamos um morno meio-termo entre o sucesso e o revés. Com um enredo que a princípio parece limitado, o longa-metragem até consegue encontrar subterfúgios para explorar sua narrativa, adentrando em dramas que eu sinceramente não esperava.

    O grande problema é que, apesar de bem-vindo, é exatamente no drama que o filme se perde, investindo em conflitos relacionais que não convencem e esquecendo o que as pessoas realmente querem ver: sangue. Particularmente, o pouco suspense de Five Nights at Freddy’s não me incomoda, mas se levarmos em consideração a tensão gerada pelo game em que a obra se baseia, isso, de fato, é um problema.

    Em outras palavras, pode-se dizer que o longa-metragem não apresenta os elementos necessários para ser efetivo como drama e também peca como terror, ficando, como dito acima, em um meio-termo que para muitos pode parecer insosso.

    OS ASPECTOS TÉCNICOS SÃO SÓLIDOS

    Se em termos de narrativa o filme encontra seu grande obstáculo, nos aspectos técnicos ele brilha. Five Nights at Freddy’s conta com uma fotografia memorável composta por Lyn Moncrief, um cinematografista que já havia feito grandes trabalhos em When I’m a Moth, Vengeance e The Wind.

    Além disso, os animatrônicos também contribuem para elevar o nível do trabalho, envoltos em um capricho de encher os olhos e montados como representações exatas dos personagens dos jogos. Vale ressaltar que a diretora Emma Tammi optou, acertadamente, por utilizar efeitos práticos no lugar dos saturados CGIs (ou seja, os bonecos eram de verdade), contribuindo para um maior realismo junto à obra - e precisando lidar com acidentes por conta disso.

    A DIFICULDADE DE ADAPTAR UM JOGO DE VIDEOGAME

    Afinal, o que faz uma adaptação de videogame para as grandes telas ser considerada boa? Seria a característica de se manter fiel aos detalhes originais dos jogos? Ou a produção precisa inovar e seguir por um caminho diferente? Até que ponto a originalidade deve se sobressair frente ao tradicional? Com diferentes respostas existentes para essas perguntas, a grande questão é que não há consenso. O mundo das adaptações cinematográficas ainda é, em parte, uma incógnita, e é por isso que as produções caminham sobre ovos para chegar aos cinemas.

    Se em décadas passadas obras amplamente criticadas como Super Mario Bros. (1993), Street Fighter - A Última Batalha (1995) e Resident Evil - O Hóspede Maldito (2002) ajudaram a popularizar tal debate, anos depois, o tema ganha ainda mais vida, pautado pela enxurrada de filmes saídos de outras mídias que presenciamos hoje.

    Como dito anteriormente, Five Nights at Freddy's, de fato, falha em não conseguir entregar no cinema o suspense gerado pelos games, mas se formos analisar friamente, os elementos que ajudam a formar um filme coeso estão lá. Se Emma Tammy não conseguiu reproduzir a violência por meio do sangue, ela o faz através da trilha sonora e das sombras, contribuindo para uma ambientação soturna que definitivamente agrada.

    Vale também colocar que, apesar da distância no tom, a obra apela para uma característica dose de pertencimento para manter os fãs mais hardcore entretidos, apostando em uma série de easter eggs espalhados pela trama - alguns dos quais só perceberemos dias depois, em algum tipo de publicação do tipo “confira as referências presentes” postada em sites de cultura pop.

    VALE A PENAS ASSISTIR A FIVE NIGHTS AT FREDDY’S?

    Em resumo, Five Nights at Freddy’s não é uma experiência marcante, mas também não será a pior coisa que você assistirá este ano. Expandindo a premissa simples dos jogos através do excesso de melodrama dos personagens, a obra pode incomodar a quem espera um slasher clássico, criando uma experiência monótona nos cinemas.

    Ao atribuir tantas características emocionais a figuras que não as comportam, o filme dá a impressão de apresentar mais enredo do que é capaz de suportar, elemento que, talvez, tenha sido conjecturado com o planejamento de acrescentar histórias futuras à franquia.

    Principais nomes do enredo, Josh Hutcherson e Matthew Lillard (lembra dele como Salsicha?) não comprometem, entregando atuações seguras que pouco abrem espaço para discussão.

    E mesmo apesar de tudo o que foi citado, Five Nights at Freddy’s ainda assim entretém, servindo como aquele tipo de produção que dificilmente mudará a sua vida, mas que encontra-se no catálogo dos filmes que valem a pena a olhada ao menos uma vez.

     

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