Um Filme Minecraft
Críticas AdoroCinema
3,0
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Um Filme Minecraft

Com presenças de Jack Black e Jason Momoa, Um Filme Minecraft funciona de acordo com suas expectativas

por Rafael Felizardo

Nas últimas décadas, virou tendência em Hollywood adaptar para as telas jogos eletrônicos aclamados. Se The Last of Us, Sonic - O Filme e Fallout são exemplos de títulos que obtiveram sucesso em seu produto final, não podemos esquecer daqueles que falharam nessa empreitada, como Mortal Kombat, Tomb Raider: A Origem, Uncharted: Fora do Mapa e recentemente, Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo.

Pegando carona nesse movimento, a Warner Bros. Pictures resolveu dar à luz Um Filme Minecraft, produção que transporta para o audiovisual uma das franquias de maior sucesso do mundo dos games. Dirigida por Jared Hess, a trama conta com um elenco capitaneado por Jack Black, estrelado também por Jason Momoa, Emma Myers, Sebastian Eugene Hansen e Jennifer Coolidge.

Afinal, o que é Minecraft?

Antes de iniciar esta análise, acho válido apresentar um contexto que pode ajudar a quem não é tão familiarizado assim com o fenômeno Minecraft. Lançado em 2011 pela desenvolvedora sueca, Mojang Studios, o game se tornou o jogo eletrônico mais vendido de todos os tempos, alcançando a impressionante marca de 300 milhões de cópias comercializadas e 170 milhões de jogadores ativos mensais em 2024. Com uma premissa originalmente única, Minecraft é conhecido por privilegiar a criatividade dos usuários, permitindo uma grande liberdade na forma como o produto é jogado.

Desta forma, Um Filme Minecraft ambienta o espectador na vida de Steve, um adulto disfuncional que está insatisfeito com a vida. Um dia, quando ele resolve realizar seu sonho de infância para explorar uma mina existente em sua cidade, acaba encontrando um portal para o Mundo Superior, um universo onde realidade e fantasia se confundem. Nesta dimensão onde a criatividade é vital para a sobrevivência, Steve se vê acompanhado de outras quatro pessoas: Garrett “O Lixeiro” Garrison, Dawn, Natalie e Henry.

Warner Bros. Pictures

A experiência Um Filme Minecraft depende de suas expectativas

Para começo de conversa, acredito que o ponto-chave em relação ao longa-metragem se dá em cima do que esperar de Um Filme Minecraft. A produção tem um desenvolvimento de personagens pobre, em que as principais figuras são construídas em torno de arquétipos conhecidos de outras tramas hollywoodianas, mas sinceramente não sei até que ponto isso atrapalha o filme.

Ao meu ver, quem procura uma obra como esta não tem como preocupação primária uma narrativa de excelência - o que definitivamente não é um problema. A experiência final dependerá em maior parte da expectativa que o espectador colocará em relação ao longa, um ponto que deve gerar opiniões dissonantes advindas do público. Além disso, o ar mais infantilizado do enredo pode incomodar alguns, principalmente aquela parcela dos fãs de idade mais avançada.

Em contraponto à narrativa, a computação gráfica, um dos elementos mais temidos pelos cinéfilos nos últimos anos, convence. Apesar das críticas durante o lançamento do trailer, os efeitos especiais são responsáveis por entregar cenários bonitos, alimentados por cores saturadas, que criam um visual que reage relativamente bem aos personagens humanos. Uma das empresas responsáveis pelo CGI, a Digital Domain já trabalhou em títulos como Duna, O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, Vingadores: Ultimato e Capitão América: Admirável Mundo Novo.

Jack Black interpreta ele mesmo mais uma vez

Assim como em Escola de Rock, Alta Fidelidade, Rebobine, Por Favor e outros, Jack Black, aqui, interpreta mais uma vez ele mesmo. Com seus já conhecidos maneirismos, o astro é responsável por grande parte do humor pastelão da trama, dando vida, como dito anteriormente, a Steve, um adulto disfuncional. A atuação de Black é provável que coloque alguns sorrisos pelos rostos, mas é Jason Momoa o principal responsável pela espirituosidade do filme.

Agora acostumado a personagens exóticos, Momoa surge sob a pele de Garrett “O Lixeiro” Garrison, um homem que apesar de fracassado vive preso a um passado de glória. Quando adolescente, Garrett venceu um campeonato de videogames, gabando-se do feito desde então. Portador de uma personalidade supostamente descolada, roupas chamativas e solidão inconsciente, o homem é dono de uma loja de consoles retrôs, vendo-se em apuros quando suas vendas começam a decair.

Warner Bros. Pictures

Já Emma Myers interpreta Natalie, uma figura que em contraponto a Momoa e Black, é em parte descartável. Se em Wandinha a jovem personificou a marcante Enid, em Minecraft, ela é a irmã esquecível de Henry, protagonista vivido pelo ator Sebastian Eugene Hansen. Vale ressaltar que o problema com a personagem não se dá de forma alguma por conta da atuação de Myers, mas sim, pela deficiência gerada pelo roteiro.

Bastante comentada antes mesmo de a produção chegar aos cinemas, para a tristeza de muitos, Jennifer Coolidge tem pouco tempo de tela, vivendo Marlene, uma mulher recém-divorciada que está em busca de um novo amor. A personagem até tem uma subtrama engraçada no decorrer do longa, mas sua presença acaba sendo irrelevante para o desenrolar do enredo principal.

Vale a pena assistir a Um Filme Minecraft?

Definitivamente, Um Filme Minecraft não é o melhor trabalho de Jared Hess, cineasta conhecido por Napoleon Dynamite e Nacho Libre. Entretanto, apesar de carecer de substância, o longa possui um coração batendo ali por trás, ponto que vejo como essencial para obras deste tipo. Sua estrutura coincidentemente também acabou me lembrando outro filme de Jack Black, mais especificamente, Jumanji: Bem-Vindo à Selva.

Acredito que parte da dificuldade do live-action se dá na complexidade de adaptar uma franquia como Minecraft, onde um mundo tão aberto entrega pouca referência de partida. Ao meu ver, a produção seria melhor aproveitada se fosse completamente animada, deixando os atores apenas para os trabalhos de dublagem.

Em resumo, vejo Um Filme Minecraft como um título divertido que conquistará os fãs mais jovens, por mais que perca parte do público mais velho. Generalizando, não vejo apelo no longa - seja em termos de humor ou mesmo narrativa - para conquistar os espectadores de gerações passadas, por mais apaixonado pela franquia que a pessoa seja.

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