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    Gran Turismo – De Jogador a Corredor
    Críticas AdoroCinema
    3,0
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    Gran Turismo – De Jogador a Corredor

    Adaptação clichê (mas empolgante) para os fãs de corrida

    por Bruno Botelho

    Não é de hoje que o audiovisual tenta surfar na onda dos videogames, já que a primeira adaptação veio logo no começo dos anos 90 com o infame Super Mario Bros. (1993). Depois de muitos tropeços ao longo do caminho, é inegável que estamos em um momento bastante positivo, nesta que pode ser considerada a "Era de Ouro" das adaptações de jogos, pelo sucesso de The Last of Us e Super Mario Bros. - O Filme.

    É justamente aqui que encontramos Gran Turismo – De Jogador a Corredor, filme de Neill Blomkamp que leva para os cinemas a franquia de corrida mais popular dos videogames. O mais interessante é que o filme não é apenas uma adaptação dos games, mas também inspirado em uma história real de, como deixa claro o subtítulo brasileiro, um jogador de videogame que se torna piloto profissional de automobilismo.

    Na trama de Gran Turismo, as habilidades impressionantes de Jann Mardenborough (Archie Madekwe), um jogador de PlayStation acostumado ao Gran Turismo no videogame, o levam a viver uma fantasia improvável, quando ele começa a vencer uma série de competições da Nissan para se tornar um verdadeiro piloto de corrida profissional. Indo atrás da realização de seus sonhos, o jovem desafia o impossível, encontrando a motivação necessária em um grupo que acredita no seu potencial, com um ex-piloto de corrida fracassado (David Harbour) e um executivo idealista do automobilismo (Orlando Bloom).

    Gran Turismo não foge dos clichês de filmes de esporte, mas empolga com cenas de corrida

    Sony Pictures

    A premissa de Gran Turismo – De Jogador a Corredor é interessante, já que ele funciona tanto como um filme de esporte sobre automobilismo quanto uma adaptação da franquia de jogos para o cinema. Mas, infelizmente, a narrativa não vai além de ideias que não são nenhuma novidade dentro do gênero...

    Quantas vezes não vimos uma história de superação do protagonista indo contra todas as probabilidades? Pois é, a jornada de Jann Mardenborough (Archie Madekwe) em Gran Turismo não foge dos clichês presentes em tantos outros filmes de esporte, mas aqui acompanhamos um jogador de videogame tentando provar que pode ser um piloto profissional. De qualquer forma, é inegável que ela chama atenção e prende do começo ao fim, criando uma honesta conexão emocional entre público e personagem.

    Enquanto adaptação de videogame, logo de cara fica claro que Gran Turismo é uma propaganda descarada para a franquia de jogos, funcionando como uma peça publicitária da Sony, PlayStation e Nissan. Isso é um grande problema da primeira parte do filme pelo foco que é dado no executivo Danny Moore (Orlando Bloom), que serve apenas como um publicitário para ressaltar a importância de Gran Turismo enquanto torna real o projeto de transformar um jogador em piloto de corrida.

    O diretor Neill Blomkamp ficou conhecido pelo seu trabalho em filmes de ficção científica, despontando com Distrito 9 (2009) e depois fazendo Elysium (2013) e Chappie (2015). Desta forma, Gran Turismo é uma virada interessante na carreira de Blomkamp como uma história real, mas ainda segue uma narrativa diferencial por se tratar de uma adaptação de videogame onde a trama conversa sobre simulação e realidade. São nas cenas de ação que o filme encontra seu caminho, com uma direção que mistura bem o gameplay dos jogos com o realismo das pistas de corrida, fazendo o público ficar imerso e sentir toda a adrenalina de pilotar esses carros. Inclusive, uma experiência que remete diretamente às sensações do protagonista – tanto que, em alguns momentos, temos essa alternância de perspectiva, como um carro de corrida se formando digitalmente enquanto Jann está participando de uma partida no simulador.

    Missão improvável do protagonista tem tudo para emocionar e divertir os fãs

    Sony Pictures

    Gran Turismo – De Jogador a Corredor funciona mesmo quando o roteiro escrito por Jason HallZach Baylin deixa um pouco a autopromoção de lado para focar no desenvolvimento de Jann Mardenborough. Ele é um personagem perfeito para esse tipo de narrativa, carregando a responsabilidade de provar para a sociedade que os jogadores de videogame podem se tornar pilotos profissionais. Archie Madekwe encaixa muito bem no papel e passa para o público todo o peso da missão – nada simples – que ele carrega como protagonista, assim como sua obstinação em superar os obstáculos e questionamentos apresentados.

    O mais interessante é que ele não é apenas desacreditado por rivais e nomes importantes do automobilismo, mas em sua própria casa com seu pai, Steve Mardenborough (Djimon Hounsou), que não entende esse sonho de seu filho como uma profissão de verdade. Mas quem realmente rouba a cena na produção é David Harbour por causa de todo seu carisma ao interpretar Jack Salter, treinador de Jann Mardenborough que desenvolve uma relação próxima a ele - e a dinâmica entre os dois carrega boa parte das mais de duas horas de produção. Esses elementos enriquecem sua jornada e o vínculo emocional com o público, especialmente quando o filme caminha para a corrida profissional das 24 Horas de Le Mans na parte final, onde Neill Blomkamp realmente mostra sua habilidade para os amantes da velocidade.

    Como Gran Turismo é inspirado em uma história real, é natural que mudanças, simplificações e liberdades criativas sejam tomadas para a adaptação. O problema é que ele, muitas vezes, parece estar mais preocupado em falar sobre como estamos presenciando uma missão praticamente impossível, do que mostrar todas as complexidades envolvidas nela. É importante também mencionar que, antes mesmo da produção chegar aos cinemas brasileiros, ela recebeu muitas críticas por mudar cronologicamente um acidente fatal causado por Jann Mardenborough na vida real para que ele servisse como evento motivacional do personagem no filme – o que mostra uma abordagem meio tendenciosa dos acontecimentos.

    No final das contas, Gran Turismo – De Jogador a Corredor esbarra em todos os clichês que estamos tão acostumados em filmes esportivos, mas consegue divertir e emocionar na jornada de superação inusitada do protagonista em deixar de ser um jogador para se tornar um piloto profissional. O filme de Neill Blomkamp, sem dúvidas, vai conquistar os fãs da popular franquia de videogame e também amantes da velocidade, com cenas empolgantes que fazem o público sentir na pela a adrenalina nas pistas de corrida.

     

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