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    Heróis da Galáxia: Ratchet e Clank
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Heróis da Galáxia: Ratchet e Clank

    Heróis

    por Francisco Russo

    Não é de hoje que estúdios de todo tipo e lugar tentam adaptar jogos de sucesso dos videogames para o cinema, graças a dois fatores em especial: personagens e ambientações já conhecidos pelo público jovem, alvo prioritário dos candidatos a blockbuster, e a possibilidade de oferecer ao espectador uma boa dose de cenas de ação, tão comuns quando se tem um joystick em mãos. O problema é que, em muitos casos, tais características deixam de lado a construção de uma boa história, que sustente todo este universo cinematográfico. Não é o que acontece com Ratchet e Clank, nova aposta nesta complexa transição.

    Rebatizado com o genérico título de Heróis da Galáxia por aqui, a animação é na verdade um grande mix de referências. Se a edição e até mesmo a nave espacial de Ratchet lembram Guerra nas Estrelas (note como ela é parecida com a X-Wing), o relacionamento entre a dupla do título original e o Capitão Qwark remete a outra animação bem conhecida: Megamente. Assim como no sucesso da DreamWorks, aqui o herói de plantão surge de forma exagerada, valorizando seu lado vaidoso e egocêntrico, como forma de satirizar os clichês em torno do personagem. Característica esta que vem do próprio videogame, vale ressaltar.

    Por mais que não seja necessário conhecer o jogo para compreender e se divertir com o filme, tal inspiração fica nítida em certas cenas. Uma delas é a nave desgovernada, logo no início, que remete à corrida de pods do pequeno Anakin Skywalker em Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma (não por acaso, criticada na época por ser excessivamente videogame). A fotografia em primeira pessoa, como se o espectador a pilotasse, também traz a sensação de que se está diante de um imenso jogo. Outro momento de citação explicita é quando Ratchet pode escolher as armas que usará, durante seu treinamento para se tornar guarda intergaláctico. O vasto arsenal e as peculiaridades de cada modelo são uma mensagem direta aos jogadores de plantão, por mais que soe um tanto quanto excessiva para quem não possui esta informação prévia.

    Já a história, é bastante fiel ao que traz o primeiro jogo da dupla. Inicialmente desprezados, o lombax Ratchet e o robô Clank unem forças para que possam alcançar seus objetivos: se tornar guarda galáctico e impedir os planos maléficos do presidente Drek. Por mais que seja bastante ingênuo e direto, especialmente nos diálogos, a animação oferece personagens carismáticos que prendem a atenção através de gags visuais ora divertidas, ora agitadas. Entretanto, o maior destaque é conceitual: a decisão em não apenas fazer mais um filme de heróis, mas também satirizá-los através do exagero.

    Se o já citado Capitão Qwark é a referência maior neste sentido, há também a risada maléfica do Dr. Nefário, as inusitadas armas usadas pelos vilões e até mesmo as legendas que surgem aqui e ali. É como se o filme, que é uma típica aventura intergaláctica de herói, se autoparodiasse. Tal intenção fica ainda mais explícita na versão nacional de Ratchet e Clank, graças à dublagem bem-humorada e debochada que utiliza termos tipicamente brasileiros, provocando uma imediata identificação com o público local e, para os maiores, ainda oferece um sarcasmo delicioso em certos comentários.

    Por mais que traga uma história até simplória, Heróis da Galáxia: Ratchet e Clank habilmente transforma esta característica em um ponto positivo, justamente pela forma como jamais se leva a sério. Envolvente e divertido, consegue ser fiel ao espírito do jogo sem se ater apenas aos seus fãs, o que o torna acessível a um público bem mais amplo. Destaque para as breves piadas sobre o comportamento dos viciados em smartphones tão logo cumprem um ritual pré-estabelecido, tão habitual ao público-alvo desta animação.

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