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    Garota Exemplar
    Críticas AdoroCinema
    5,0
    Obra-prima
    Garota Exemplar

    Casamento dos sonhos

    por Lucas Salgado

    Cumprir expectativas não é algo fácil. Seja com relação a algo que se espera muito, como um livro, um filme etc, ou com relação a um tipo de conduta, uma forma de viver a vida. Garota Exemplar não só atinge a expectativa de que esperava por mais um grande trabalho de David Fincher, como ainda traça uma discussão muito interessante sobre a vida adulta, com um casal que é levado pela vida ou pela conveniência a se transformar num tipo de gente que antes detestavam: o marido frio e a mulher controladora.

    Adaptação de livro homônimo de Gillian Flynn, que também assume o papel de roteirista, o longa conta a história de Nick e Amy Dunne. Após um casamento dos sonhos, eles se veem obrigados a deixar a vida em Nova York para mudarem para Missouri após a notícia de que a mãe de Nick está com câncer. No dia em que comemoram o aniversário de casamento, o sujeito retorna para casa para encontrar o lugar revirado. Ele não consegue encontrar a esposa e logo chama a polícia.

    A partir daí, temos uma verdadeira comoção local, com direito a coletiva de imprensa, central de voluntários e tudo mais. Eles lutam para encontrar Amy, mas ao mesmo tempo Nick se sente desconfortável naquele ambiente. Com o tempo, a forma como ele age e novas evidências fazem com que ele se torne o principal suspeito pelo crime.

    Não dá para entrar em maiores detalhes sem estragar a história, que é repleta de reviravoltas. Fincher realiza mais um trabalho primoroso de direção, atuando com os parceiros de sempre. A montagem de Kirk Baxter é primorosa. A forma como a história vai sendo contada, mesclando cenas atuais, flashbacks e sequências que são fruto da imaginação, é extraordinária. Mesmo diante de cenas que retratam o passado do casal, temos sempre a sensação de que a narrativa está seguindo em frente. Nada é gratuito.

    Cabe destacar também o trabalho de design de som e trilha sonora, esta última de responsabilidade de Trent ReznorAtticus Ross. Nick e Amy dividem o foco da produção. Nas cenas do presente, temos o foco no homem, que é objeto de investigação. Nestes momentos, o longa quase que abandona a trilha sonora, focando sua atenção apenas no som ambiente. Já os flashbacks mostram o ponto de vista de Amy, através de uma narração que retrata o que ela escreve em seu diário. Estas cenas contam com uma trilha muito presente, num ritmo muito cadenciado e de certa forma fantasioso.

    Ben Affleck interpreta Nick e o faz de forma marcante. O ator está realmente em uma nova fase de sua carreira e se mostra a pessoa perfeita para o papel. Seu jeito pouco expressivo cai como uma luva num homem que não sabe como lidar com uma situação. Ele também se sai bem nos momentos românticos e nas cenas de suspense, numa performance que não irá surpreender caso seja reconhecida em premiações.

    Quem também rouba a cena é Rosamund Pike. A atriz tem sua atuação mais marcante na carreira, interpretando uma Amy realmente exemplar. A jornada da personagem, que vai se transformando naquilo que menos gostava, é incrível e a atriz protagoniza cenas ameaçadoras e sexy.

    O elenco conta ainda com atuações marcantes de Tyler Perry (sério), Neil Patrick HarrisCarrie CoonKim DickensPatrick FugitMissi Pyle. É bem interessante ver Perry atuando sem vestido ou sem seus próprios roteiros, num papel mais sério e menos preguiçoso. Também é curioso ver Patrick Harris nesta fase pós-How I Met Your Mother, investindo em um personagem complexo e que ao mesmo tempo consegue ser ameaçador e patético.

    Fincher mais uma vez se sai bem ao retratar personagens racionais e frios, como em Seven - Os Sete Crimes CapitaisZodíacoA Rede SocialMillennium - Os Homens Que Não Amavam as MulheresHouse of Cards. Para isso, conta mais uma vez com a ajuda do diretor de fotografia Jeff Cronenweth que investe em cores frias para as cenas com Nick e em tons um pouco mais quentes nos momentos de flashback de Amy. Tudo muito envolvente e inteligente. Mais um filmaço do diretor.

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    Comentários

    • Thais Silva Depieri
      O mais surpreendente é realmente o final, perfeita crítica ao casamento dos sonhos.
    • yoyo quiteria
      Mario, parabens! Coisa rara encontrarmos um comentario que pode ser lido neste espaço! Vc tem razao - o opinao publica , como se pode notar aqui, eh puro lixo. Um festival de inutilidades proprias de boçais. Mas, como esta opiniao de nada vale, deixem que a cachorrada ladre...
    • Cido Marques
      É mesmo né? engraçado que a faca não tinha sangue, vai ver que o sangue esqueceu de aparecer.
    • Gerson Santos
      sao 3 horas da manha ja perdi meu tempo assistindo..
    • Anderson Ibanez
      filme maior xarope o final não merece nem 1 estrela.
    • Monique Inocencio
      Lua de fel é um clássico sensacional
    • Amanda de Oliveira
      Martins M., adorei o seu ponto de vista bem analítico, porém, acredito que a ideia dela era mais ter o seu ego satisfeito, que realmente manter a relação, pois além do casamento dos atores principais é possível perceber que os pais da Amy são manipuladores e sempre se aproveitaram do sucesso da filha. O casamento entre Amy e Nick foi mais uma relação de conveniência - ela para se libertar da Amy exemplar que os pais criaram, e ele para se envolver com uma mulher bonita, talentosa e rica. E assim durante a trama percebemos a Amy colocando pra fora os seus instintos e sendo manipuladora o tempo todo, tal qual seus pais, porém de uma forma totalmente doentia.
    • Cido Marques
      Que ela enganou toda a mídia não me surpreende, tem gente que acredita até hoje na facada do Bolsonaro.
    • Patricia de Sampa
      Garanto que 90% dos espectadores de filmes de suspense querem ver como os filmes acabam. Ficam extremamente frustrados com esses finais em aberto. A gente quer ver um filme para se entreter e não para ficar o resto da noite tentando adivinhar o final.
    • Patricia de Sampa
      Aflfleck não está ruim: está péssimo. Completamente inexpressivo.
    • Patricia de Sampa
      Mas, como o roteirista é o autor do livro, deveria ter a competência de adaptar sua obra para o cinema, de maneira que não ficassem falhas. Ou, então, que colocassem como roteirista alguém tarimbado para esse fim. Escrever um livro e escrever um roteiro para cinema são coisas totalmente diferentes. Não é porque alguém é bom numa coisa necessariamente será bom na outra!
    • Patricia de Sampa
      Eu também achei muito chato. Principalmente no começo, os diálogos entre os dois namorados são de uma intelectualidade tão falsa e pomposa que dá, ou sono ou vontade de desligar a TV (eu assisti pela Netflix em 2019).
    • Patricia de Sampa
      Como não?!?
    • Patricia de Sampa
      Débil mental é esse Francisco Carneiro da Cunha, dando esse Spoiler do tamanho de um boi!!! Lucas Salgado fez apenas o que todo bom crítico de cinema faz quando se trata de um filme de suspense: trata apenas da parte técnica, pois só isso é possível fazer. Palmas para o Lucas e vaia para o Chicão!!!
    • Mario Luiz Benatti
      Gostei muito do filme, bem desenvolvido, com um ritmo que não se deixa cansar pelos acontecimentos e revelações, e pela trilha sonora muito bem colocada. Obviamente, há pontos a se questionar nas investigações dentro da história, mas, como na vida real, nada é perfeito.Apenas o final em aberto deixa-nos frustrado, com uma sensação de interrupção ou que faltou alguma coisa.No entanto, o que chamou muito minha atenção, e que fez parte do enredo, foi uma amostra de como a população é levada a mudar de opinião – facilmente – conforme as mídias noticiam, principalmente quando usam do sensacionalismo, manipulando as informações de acordo com aquilo que mais vai comover as pessoas – e dar mais audiência –, direcionando-as às suposições do senso comum e popular, sem se basearem nos fatos. Ou seja, é o poder da mídia em enaltecer ou destruir qualquer caráter pessoal, sem qualquer pudor.Se é Fake ou Fato, muitas vezes nós nunca saberemos! E isto estou afirmando para o nosso mundo real, aqui e agora, com tantas notícias que nos chegam, quer sejam de acontecimentos sociais, políticos ou policiais, sem que ninguém, ou pouquíssimas pessoas, saberão da verdade.E, por outro lado, há também o povo, as pessoas, que pouco se esforçam para entender ou, no mínimo, avaliar e conhecer todo o contexto do que lhe é chegado como notícia. É mais fácil se deixar influenciar pelos formadores de opinião, que assim fazem a cabeça de multidões, muitas vezes atendendo interesses escusos.A vida não é fácil. É para se pensar.
    • Luciano Fernandes de Oliveira
      Podem me chamar de louco, mas no final provavelmente também iria querer continuar com ela! Louca? Sim claro, mas a força de vontade dela é absurda. Fora que na real, o relacionamento deles agora é 100% diferente. Ele conhece ela exatamente como ela realmente é, assim como ela conhece ele.Ter uma pessoa ao seu lado que seria capaz de qualquer coisa (literalmente), é algo quase impossível de se achar. Além de tudo é uma mulher culta, bonita, dedicada, inteligente, etc.Claro que esse relacionamento não seria seguro, mas é aquilo, tem gente que acha interessante criar um tigre em casa mesmo sabendo dos riscos. Afinal eles são criaturas lindas e perfeitas.E para o povo que vai falar que na real eu gosto é de ser dominado, nunca entendeu que dominar um gato doméstico nunca vai se comparar a conseguir dominar um animal verdadeiramente selvagem.Para o povo que está falando que o filme é meio lento (sim, ele realmente é), mas não chega a ser irritante. E sobre as falhas e lacunas jurídicas, na boa vocês não tem ideia de como funciona a justiça e investigações no dia a dia. Sim tinha um monte de furos, mas nenhum investigador ou corporação (polícia, FBI, etc.) iria querer se expor ainda mais com o erro grotesco que eles foram expostos (mesmo com todas as falhas). Isso sim foi realista, e não com um outro desenrolar mentiroso estilo CSI Miami.
    • Daniela
      Eu gostei. No começo achei entediante e o personagem Nick um chato de galocha, mas quando as verdades começaram vir à tona, o filme me conquistou. Ainda mais porque a trama me lembrou o inesquecível Lua de Fel, filme dos anos 90, que assisti no começo da minha adolescência e jamais esqueci.
    • Van M
      Péssimo. Filme se perde, ficamos apreensivos por um desfecho digno, mas o que acontece é uma mesmice sem qualquer significado. Perdi meu tempo!
    • Thiago Vinicius
      o filho nao é de outro, é dele mesmo... lembra que no inicio ele conta que foi na clinica de fertilidade, fez lá o deposito, e a amy saiu sem fazer nada? e ai, a clinica falou que se eles nao recebessem uma ligação dos dois confirmando se iria ser usado ou nao, eles iriam descartar? então, ela enganou ele, manteve o esperma dele na clinica e depois utilizou, tudo como mais um motivo pra ela manipular ele e manter ela por perto
    • Porto Amado Embalagens F
      Lamentável! Péssimo final! Isso é abusar do espectador! Irritante, deixa o espectador indignado, com a perda de tempo! Idiota, é o que se pode dizer, do produtor!
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