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    Namoro ou Liberdade
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Namoro ou Liberdade

    Vida de solteiro

    por Francisco Russo

    A história de Namoro ou Liberdade poderia ser situada em vários países ocidentais. Afinal de contas, a aflição da passagem da solteirice para o relacionamento sério é um fenômeno quase universal, que varia mais pelas características culturais de cada local do que propriamente pela diferença nos sentimentos. Desta forma, não é difícil reconhecer algumas passagens do filme, seja em sua própria história ou na de conhecidos. Entretanto, não basta à esta comédia romântica moderna apenas abordar este assunto: ela precisa carregar no politicamente incorreto, especialmente no âmbito sexual, já que é isto que vende atualmente. Nada contra, piadas do tipo podem ser muito engraçadas quando bem feitas. O problema é que, no filme, elas acabam trazendo ainda mais imaturidade aos personagens principais ao invés de fazer o espectador rir.

    O filme gira em torno de Jason (Zac Efron, deixando de lado a pose de bom menino), Mikey (Michael B. Jordan) e Daniel (Miles Teller, o melhor do trio), todos na faixa dos 20 e poucos anos. Se Jason e Daniel trabalham juntos e se orgulham de serem garanhões profissionais, daqueles que saem para a noite sem jamais voltar sozinho para casa, Mikey passa por uma fase nova: traído pela esposa, ele voltou a ser solteiro a contragosto. Não demora muito para que os três firmem um pacto: solteiros para sempre! O problema? Mikey quer voltar para a esposa, Daniel começa a sentir algo a mais por uma amiga e até mesmo Jason, o mais "radical" do grupo, está cada vez mais ligado a Ellie (Imogen Poots). Em meio aos sentimentos, o que fazer para manter a amizade?

    A resposta a esta pergunta é bem simples: adaptar-se à nova situação e seguir em frente. Entretanto, em meio às diversas piadas de cunho sexual e algumas escatológicas, fica cada vez mais nítido o medo sentido tanto por Daniel quanto por Jason. Sim, pois a resistência em avançar o sinal em um possível relacionamento nada mais é do que o receio de assumir um compromisso e todas as suas consequências, positivas e negativas. A permanência no estado da solteirice torna-se um mero porto seguro, que aos poucos revela sua fragilidade. Afinal de contas, em algum instante, é normal sentir vontade de ter alguém ao seu lado para dividir os momentos mais intensos e também os mais banais da própria vida.

    Por esta abordagem, Namoro ou Liberdade é um filme que desperta um certo interesse. O problema é justamente o contexto americanóide, repleto de grosserias desnecessárias inseridas justamente para agradar ao público que vibra com comédias adultas. O elenco, por sua vez, também não ajuda. Michael B. Jordan está longe do bom desempenho de Fruitvale Station, Zac Efron mais uma vez demonstra o quanto é inexpressivo e Imogen Poots nada mais é do que um rosto bonito em cena. Miles Teller é que consegue algum destaque, graças ao ar gaiato de seu personagem e a química que possui com Mackenzie Davis - é o único casal que, de fato, convence.

    Por algumas semelhanças na proposta, é possível dizer que Namoro ou Liberdade seja uma espécie de E Aí... Comeu? americano. Afinal de contas, assim como o filme brasileiro, a história acompanha homens que se orgulham de ser pegadores e contam suas táticas de forma escancarada, sem pensar nos sentimentos alheios. A diferença é que o filme brasileiro é mais sacana e bem mais engraçado, enquanto que aqui as piadas não funcionam tão bem. Regular apenas.

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