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    Gonzaga - De Pai pra Filho
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Gonzaga - De Pai pra Filho

    Arretada de bom

    por Roberto Cunha

    O cineasta Breno Silveira conquistou o Brasil com o sucesso de 2 Filhos de Francisco, apresentou também em 2012 À Beira do Caminho, com canções de Roberto Carlos, e chega agora com outro filme com a música brasileira servindo de pano de fundo, no caso, as cantadas por Gonzagão e Gonzaguinha. Antes que você começe a pensar que o cara é um "tarado" pela MPB, perde tempo não, tenha certeza logo porque é fato consumado. E mais uma vez ele faz dela, a composição, um elemento para ajudar a contar a história.

    Para entender rapidamente, o filme surgiu da audição de uma pilha de fitas cassete (os mais jovens nem devem saber o que diabos é isso) que registraram as conversas de pai e filho, numa espécie de acerto de contas com o passado. Cheinho de momentos marcantes na carreira de ambos, o longa vai contando, tintim por tintim, esse enredo de duas vidas norteadas pela música, mas desafinadas pela distância. Estão lá o primeiro amor, a luta contra o preconceito, a paixão adulta, o jeitão tinhoso de ser, o sonho de ter um filho "doutor", o pesadelo vivido para viabilizar essa obsessão e, acima de tudo, o desejo de ter um pai.

    Além de muito som pra cabra da peste nenhum botar defeito, a produção também tem imagens lindas, excelente trabalho de reconstituição de época e um elenco de desconhecidos de tirar o chapéu, de cangaço. Destaque para Júlio Andrade no papel de Gonzaguinha já na fase adulta e Adélio Lima (fase adulta) e Chambinho do Acordeon (fase jovem) como Gonzagão. Este último, ainda mais por não ser ator e ter dado conta do fole, quer dizer, recado.

    Nesse mesmo quesito, porém, pode estar um dos possíveis pontos fracos da obra. Os muitos atores para interpretar diferentes fases dos dois protagonistas (três para cada) podem causar certa confusão e fazer com que o público não se envolva tanto. Por conta disso, as muitas idas e vindas do roteiro, se não complicam, também não ajudam tanto nessa tarefa de manter o espectador ali no cabresto, ligado. É detalhe? Pode ser. Para uns pode fazer diferença, mas nada que justifique passar longe da sala escura e ver que essas vidas, assim, às claras, foi carregada de amor, cada um do seu jeito.

    Apesar de ser um filme de ficção, o roteiro de Silveira e Patricia Andrade mistura imagens reais, resgatando o forte impacto de algumas cenas emocionantes, como o encontro de pai e filho nos palcos da vida. Faz também você viajar pelas muitas músicas de Gonzagão, algumas de Gonzaguinha e sentir um breve nó na garganta. Ou seja, não assistir Gonzaga - De Pai pra Filho é tapar os ouvidos para uma grande (e dolorosa) história musical de dois caras talentosos que precisavam se entender, mostrada numa produção arretada de bom e, o melhor, não precisa ser fã.

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